Eu normalmente não trato especificamente de
pessoas,somente quando tal decisão implica em produzir um
conhecimento ou valores importantes para a sociedade.
Quando eu terminei a minha especialização em 1994,na
UERJ,me preparei para entrar no mestrado e aí,no topo de meu esforço
pessoal de formação,percebi as diferenças com o meu passado.Não
que o meu o passado fosse isento de problemas:a luta pela minha
formação esbarrou em manipulação,influência da
politica,injustiça pura e simples e até assédio,crime de assédio.
Ao entrar no mestrado,ao longo da vida,vi cada falcatrua
inenarrável e todas as minhas tentativas de encontrar um lugar sério
resultaram infrutíferas porque em todos presenciei as mesmas coisas.
Neste momento eu pensei que tinha caido do planeta Marte
ou que continuava lá.A minha formação republicana ,desde antes de
entrar na universidade, sabia pefeitamente que ia encontrar problemas
deste tipo,mas o que achou foi uma completa devastação,que só se
amplia.
Foi aí que a figura de Olavo de Carvalho apareceu.As
mesmas pessoas,as mesmas curriolas que ele criticava eram as que me
causaram horror naquele periodo.Quer dizer não posso negar que o
prof. tenha sido um confortador pessoal meu.Eu me senti de volta ao
planeta Terra.E não posso deixar de concordar com ele no que tange
às críticas.
Eu esperava que a direita crescesse logo no final do
século passado e que se identificasse com um certo
republicanismo,mas ela se desvirtuou e enveredou por isto que estamos
vendo hoje:a volta do regime militar.
Muita gente,pelo youtube,pelas redes em geral,faz
análises sobre a personalidade do professor Olavo de Carvalho:muitos
citam Freud,outros,como aquele general ,o chamam de desequilibrado ou
“ Trotski da esquerda”,mas eu,que fui,como ele,comunista de
carteirinha entendo o fulcro dos seus problemas psicológicos,que são
o daquelas pessoas que mudam de visão diante do comunismo.
Aqueles que querem ter uma noção do que é esta
passagem leiam o romance “Os demônios” de Dostoievski,ele mesmo
um ex-radical e que viveu esta problemática na pele.
Entre outros temas da rica bagagem artística de
Dostoievski,está a questão da dificuldade que é sair do movimento
radical,mais especificamente da revolução.
Eu já tratei deste tema no meu primeiro livro sobre
marxismo “A Ponte”,mas aqui eu aprofundo,com a passagem do tempo.
O insight que eu tive desta questão se deu há muitos
anos atrás ao assistir à entrevista do general Leônidas Pires
Gonçalves na Tv Senado,na qual ele explica que conseguiu obter
informações de militantes oferecendo vantagens e não praticando
torturas.É ele quem diz “ fica dificil sair”(do movimento)A
pessoa que quer sair acaba dando cma língua nos dentes,porque seus
antigos companheiros não permitem.Fui pesquisar isto e notei e
expliquei que muitos militantes que entraram na luta armada o fizeram
por confiar na politica e na honestidade de propósitos das
organizações.Ao entrar nelas ou viram que não era nada disso ou
verificaram qu enão era justa a politica e resolveram mudar.
Na democracia,propalada também pelas organizações de
esquerda, isto é perfeitamente admissível e normal,só que não.Por
vários motivos ,totalmente injustos,a pessoa não consegue sair:ora
a necessidade de manter a coesão do grupo;ora manter a força do
grupo;ora o perigo,não previsto,de delação,tudo é usado como
motivo,não raro,de justiçamento,indo para as picas a “democracia
interna”.
E o pior é que mesmo nos periodos de democracia,se você
participa de algum grupo radical,nunca mais sai do movimento.Eu já
citei uma cena do filme “ Memórias do Cárcere” em que um
personagem diz a Graciliano que ele ia sair marcado da prisão.” se
houver”,diz o personagem,”uma simples greve de barbeiros,você
vai ser preso”.Na Alemanha nazista ,logo em 1933,muita gente que
nada tinha a ver com a polarização esquerda e direita foi fichada
pelo novo governo,para “averiguações futuras”,ou seja,para
aporrinhações intermináveis.Este é o resultado do conceito
,emitido por Lênin de que comunista tinha que ser comunista “ a
vida inteira” conforme citado por Éder da Silveira em sua tese
sobre Jover Teles.Dizia Lênin “não tem esta de ser companheiro de
viagem não”.
É uma lei quebrantável somente,eu acho,com a
morte,que é a “ sorte” de muitos envolvidos neste caldo de
cultura perverso.
Desde que me tornei centrista,a direita me ataca e a
esquerda me chama de traidor.
No passado muita gente que fez esta mudança em sua vida
teve que radicalizar para escapar desta verdadeira
perseguição:Lacerda se tornou católico e radicalizou o seu
anti-comunismo(muito embora a sua estrutura mental tivesse ficado
muito afeita ao comunismo[na tentativa de golpes]).
O mesmo acontece com o professor Olavo de Carvalho,só
que ele radicalizou na sede de sangue,no seu desejo de açular os
militares a fazer coisa idêntica à 64 ,um massacre dos radicais.
Mas será isto porque ele é perseguido mesmo ou porque
não consegue resolver em si mesmo as suas culpas por ter sido ,no
passado,stalinista,com atos criminosos,como ele próprio confessa no
youtube?
Eu especificamente,que tive uma experiência semelhante
à dele,não introjetei culpa nenhuma,porque entrei no movimento já
na época do compromisso pela desestalinização,que não
veio,mas,como disse,sou aporrinhado,para não dizer perseguido.
E ele,quer fazer como o Presidente Suharto na
Indonesia,como o Brigadeiro Joao Paulo Burnier,como Rafael Videla na
Argentina e eliminar os radicais,os comunistas,para se redimir?
A minha resposta é que ele não consegue resolver esta
“entorce” de si mesmo,esta atrocidade que fez consigo mesmo e só
consegue imaginar a “ libertação” com a volta dos militares que
é o que ele,como o Presidente(e como o vice) ,quer obter.
Agora ele diz que não vai se importar com a
politica:não precisa mais,pois já obteve a agitação necessária
para a via do golpe,já cumpriu a sua tarefa.Toda esta bagunça no
governo,como eu já expliquei ,é de caso pensado e com agitação
dos estudantes,o confronto e um eventual impeachment abrirão espaço
para o que esta direita e o seu guru,sempre desejaram.
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