Quero
continuar a analisar a situação destes dois exemplos brasileiros
acrescentando algumas coisas fundamentais sobre o significado deles
para o nosso país.
Um
dos meus temas recorrentes é o princípio kantiano “ o mal radica
na humanidade”,mas existe um outro semelhante ,mas não
igual,provindo de Nietzsche,dando conta de que “ o homem é um ser
errante”,ou seja,o erro faz parte da vida humana.
De
um modo geral esta constatação óbvia define inclusive muitas das
atitudes profissionais que se deve ter:as profissões que tratam
diretamente da vida devem diminuir esta errância num procedimento
coletivo,que evita que uma pessoa só se responsabilize por algo tão
importante.Assim é com a medicina,a cirurgia;com os tribunais,em que
muitos julgam em diversas instâncias e daí por diante.
O
ser humano não tem meios de acertar sempre.A certeza absoluta
paralisa o tempo,já põe a verdade antes de sua procura e a verdade
não é univoca nem monolitica.
Eu
aplico este princípio de Nietzsche à Garrincha.Muita gente(aí
pelas radios)só se refere aos acertos de Garrincha e isto parece ser
um princípio de vida.Eu mesmo comungo dele:deve-se buscar acertar
mais do que errar mas é impossível não errar.
Contudo,
a consideração do erro,como do mal, é a condição de acertar mais
e de ser bom.O não considerá-lo é incidir nele e perder a
oportunidade de aprender.
A
educação é tão importante que até da derrota se tira um
aprendizado.Eu já me referi a isto com relação a Maquiavel,que
escreveu o “Principe” porque não pode ele próprio fazer a
unificação italiana,que é o que ele desejava,para ficar na
História.Mas há outros de aconselhadores.Os aconselhadores
comumente são derrotados ,que ,buscando as razões de seus
respectivos fracassos,apontam caminhos e obtêem imortalidade.Como é
o caso de Clausewitz,derrotado por Napoleão e que escreveu um livro
clássico sobre a guerra.
Quando
digo que Garrincha tinha momentos de fracasso e errância é
exatamente para tirar consclusões importantes como eu tirei no
artigo anterior.Mas agora o que quero ressaltar é que a ocultação
do erro serve a propósitos de idealização,quiçá úteis para
ganhos econômicos e propagandísticos(ibope radiofônico).Ou talvez
para aplacar descompensação emocional cotidiana das pessoas:se
identificar com um absolutamente vitorioso Garrincha cria para si
próprio uma auto-ilusão,capaz de eventualmente aumentar a
auto-estima.
Garrincha
errava sim,cometia destatinos profssionais e é preciso destacar
issto para que ele não sirva de um modelo distorcido do povo
brasileiro,que,como qualquer povo,para mudar,deve olhar para si mesmo
e sua errância essencial.
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