sexta-feira, 23 de agosto de 2019

É a civilização que define o mercado não o contrário

Uma das razões porque digo que a direita e o marxismo são iguais ou semelhantes é que ambos reduzem tudo à economia,ao mercado.
Engels ,uma vez,no Anti-Durinhg,defendeu Marx de economicismo,diante da acusação de um certo Mihailov.Hoje eu concordo com Mihailov:para além da economia e associados a ela estão valores,comportamentos que possuem uma influência sobre a economia,não notada por Marx.Quem primeiro identificou este fato em Marx foi o neo-hegeliano Benedeto Croce,criticando o marxista italiano Antonio Labriola.
Para Croce não haveria(e não há)relação entre ciência e axiologia.Marx,segundo ele,encontra uma justificativa axiológica na ciência econômica,na exploração.Mas Croce afirma que a ciência é uma coisa e a axiologia outra.As categorias econômicas não exploram,mas o homem,as relações sociais e politicas.Se as relaçõe sociais e politcas são ,em certo momento,econômicas poder-se-ia pensar que Marx tem razão,mas o que está dito aqui é que ,como em toda axiologia,há uma hierarquia,em que ela precede e comanda a dialética,a relação entre supsotos termos iguais.
Parafraseando Croce digo que o que faz a junção em Marx é a dialética.Se a economia,como tudo,obedece à dialética ela expressa em si,como ciência, o processo de desenvolvimento histórico em direção ao comunismo.Como não há dialética então a economia é uma coisa ,as decisões dos homens outra.Não é que não haja exploração,injustiças,mas são duas mediações diferentes.
De outro lado a ciência,como a ciência econômica,sendo um saber social,não é dissociado da sociedade,da nação,dos valores e até da psicologia,que,como vemos todos os dias, influenciam-na.
A afirmação de Engels de que a economia só em ultima instância explica a sociedade não adianta nada se não se reconhecer que a sociedade é tudo isto ,é cultura, e que esta toca a economia,não o contrário.
Assim sendo é a sociedade que orienta e define a economia.A civilização a define,não o contrário.
O liberalismo econômico e o marxismo erram ao querer moldar a nação pela economia,quando é o contrário.As soluções da economia começam quando a nação se entende,quando os atores sociais são homogêneos e sabem o que querem.
Por isto tenho um grande respeito pela figura politica e profissional de Itamar Franco que submeteu a questão da inflação a um critério nacional e politico,que,afinal,acabou por diminuí-la.
Aqueles que leram o meu artigo “O que é o Brasil”,se lembram deste esquema abaixo:

Nele eu colocava em circulos e intersecções,resumidamente ,o que penso ser o Brasil.Agora posso complementar e acabar com este diagrama.



Só que desta vez um circulo cobre estes circulos e intersecções e se chama república/nação/sociedade.
A economia é apenas um pequeno pedaço do processo social todo.A harmonização democrática e consensual dos setores da sociedade,representados nos circulos interiores,é que serve de base para a solução dos problemas econômicos.


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