Há
muito tempo atrás disse que havia uma articulação entre Bolsonaro
e a direita com a freguesia-jacarepaguá e a zona oeste.Houve sempre
um interesse em emancipar a barra da tijuca ,em outras épocas, e a
dificuldade de se conseguir isto era causada pela baixa
infra-estrutura deste bairro e que para resolver este problema era
incluir a freguesia-jacarepaguá,que é mais forte economicamente e
que pode ajudar no projeto,por isto mesmo.
A
zona oeste e principalmente a freguesia,maior colégio eleitoral do
Brasil,tem crescido e tem sido o lugar onde as eleições são
decididas ,nos últimos 8 anos.Tanto que os candidatos ,nos últimos
comícios,vêm encerrar as suas campanhas neste bairro.
Ora,com
a eleição de Bolsonaro,morador da barra da tijuca,este projeto
ganhou novo alento e isto se prova com o que aconteceu na Câmara de
Vereadores do Rio de Janeiro na sexta-feira passada:os vereadores ,ou
alguns deles ,propuseram uma separação entre uma suposta zona oeste
do sul e outra do norte(por oposição lógica).No primeiro caso
estariam a Barra ,o Recreio e a Freguesia e no segundo Campo Grande
,Bangu e Santa Cruz.Os três primeiros sub-bairros seriam a parte “
rica da zona oeste” e os outros, a parte “ pobre”.Esta proposta
foi derrotada por um voto apenas e eu vaticino que ele voltará e
será provavelmente aprovado,porque isto foi um balão de ensaio para
ver as reações subsequentes a esta separação.
Aqui
se vê a diferença entre uma postura social(sob que denominação
estiver,socialista,social-democrata ou comunista)e a da direita:neste
último caso a questão é simples,a solução para enriquecer uma
área já mais forte e poderosa economicamente é esquecer pura e
simplesmente os que não acompanham o seu ritmo.Assim funcionava a
cabeça de Hitler:para melhorar a economia alemã,depois de
1929,bastava abrir espaço,jogando porta-fora,os judeus,que eram
produtivos,não sem antes tirar-lhes as posses.
Não
é estranho à esquerda defender a responsabilidade individual,como
base do progresso.Eu,por meu lado,incluo setores liberais no campo
progressista e democrático,mas um dos elementos distintivos do
liberalismo democrático e aquele que pende para a direita(e até
para o nazismo)é exatamente não ter a perspectiva de diferenciar o
indivíduo ,nos seus direitos,e a vida social,nacional e coletiva.
No
plano individual é normal defender a si próprio e ,embora não
sendo indiferente ao sofrimento dos outros,se situar no seu local
público.Isto porque o cidadão não tem como solucionar todos os
problemas e,ora,porque ele paga impostos para que o estado o faça.
No
plano público,na mediação coletiva da nação,este tipo de
raciocinio não é admissível,porque deixar os outros prejudica esta
mediação.
Ainda
que seja legítimo que um determinado setor da sociedade,mais
produtivo e mais forte,queira progredir,não tem sentido não ajudar
outros setores,inclusive ligados a esta região.Ora,será que a parte
“pobre” da zona oeste,os cidadãos que vêm de lá para trabalhar
na barra não são um pouco responsáveis por seu progresso?
É
lógico que fazer divisões territoriais é perfeitamente
constitucional e factualmente real,mas ,no plano nacional,não pensar
no outro é mais que canalhice,é burrice e descaso com a nação,com
o estado.
O
caso mais semelhante a este é o da fusão do estado do rio com a
guanabara,no âmbito da politica do regime militar,que desejava
diluir o furor oposicionista da cidade-estado.
Anos
depois quis se fazer a desfusão,que eu,particularmente apoiei:num
espirito federativo os recursos da guanabara,mais produtiva do que o
interior do estado,a beneficiaria,mas hoje,entendo que a desfusão só
seria justa se oferecesse vantagesn também para o estado todo.Diante
de uma situação imediata de fato,é preciso ter sensibilidade,para
dizer o mínimo.
A
postura democrática e social diante da zona oeste é
desenvolvê-la,criando as condições para ela superar os seus
maiores problemas:degradação dos serviços,atuação das
milicias,empobrecimento,desde 2001,da população(nunca tinha visto
tanta criança abandonada nas ruas da
freguesia-jacarepaguá),incremento da vida cultural,que é
pequena,incremento das possibilidades educacionais.Eu propus,há
muitos anos,a fundação de uma universidade.
Depois,eventualmente
fazer a separação,por outros motivos,não egoistas.
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