sexta-feira, 9 de agosto de 2019

A zona oeste

Há muito tempo atrás disse que havia uma articulação entre Bolsonaro e a direita com a freguesia-jacarepaguá e a zona oeste.Houve sempre um interesse em emancipar a barra da tijuca ,em outras épocas, e a dificuldade de se conseguir isto era causada pela baixa infra-estrutura deste bairro e que para resolver este problema era incluir a freguesia-jacarepaguá,que é mais forte economicamente e que pode ajudar no projeto,por isto mesmo.
A zona oeste e principalmente a freguesia,maior colégio eleitoral do Brasil,tem crescido e tem sido o lugar onde as eleições são decididas ,nos últimos 8 anos.Tanto que os candidatos ,nos últimos comícios,vêm encerrar as suas campanhas neste bairro.
Ora,com a eleição de Bolsonaro,morador da barra da tijuca,este projeto ganhou novo alento e isto se prova com o que aconteceu na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro na sexta-feira passada:os vereadores ,ou alguns deles ,propuseram uma separação entre uma suposta zona oeste do sul e outra do norte(por oposição lógica).No primeiro caso estariam a Barra ,o Recreio e a Freguesia e no segundo Campo Grande ,Bangu e Santa Cruz.Os três primeiros sub-bairros seriam a parte “ rica da zona oeste” e os outros, a parte “ pobre”.Esta proposta foi derrotada por um voto apenas e eu vaticino que ele voltará e será provavelmente aprovado,porque isto foi um balão de ensaio para ver as reações subsequentes a esta separação.
Aqui se vê a diferença entre uma postura social(sob que denominação estiver,socialista,social-democrata ou comunista)e a da direita:neste último caso a questão é simples,a solução para enriquecer uma área já mais forte e poderosa economicamente é esquecer pura e simplesmente os que não acompanham o seu ritmo.Assim funcionava a cabeça de Hitler:para melhorar a economia alemã,depois de 1929,bastava abrir espaço,jogando porta-fora,os judeus,que eram produtivos,não sem antes tirar-lhes as posses.
Não é estranho à esquerda defender a responsabilidade individual,como base do progresso.Eu,por meu lado,incluo setores liberais no campo progressista e democrático,mas um dos elementos distintivos do liberalismo democrático e aquele que pende para a direita(e até para o nazismo)é exatamente não ter a perspectiva de diferenciar o indivíduo ,nos seus direitos,e a vida social,nacional e coletiva.
No plano individual é normal defender a si próprio e ,embora não sendo indiferente ao sofrimento dos outros,se situar no seu local público.Isto porque o cidadão não tem como solucionar todos os problemas e,ora,porque ele paga impostos para que o estado o faça.
No plano público,na mediação coletiva da nação,este tipo de raciocinio não é admissível,porque deixar os outros prejudica esta mediação.
Ainda que seja legítimo que um determinado setor da sociedade,mais produtivo e mais forte,queira progredir,não tem sentido não ajudar outros setores,inclusive ligados a esta região.Ora,será que a parte “pobre” da zona oeste,os cidadãos que vêm de lá para trabalhar na barra não são um pouco responsáveis por seu progresso?
É lógico que fazer divisões territoriais é perfeitamente constitucional e factualmente real,mas ,no plano nacional,não pensar no outro é mais que canalhice,é burrice e descaso com a nação,com o estado.
O caso mais semelhante a este é o da fusão do estado do rio com a guanabara,no âmbito da politica do regime militar,que desejava diluir o furor oposicionista da cidade-estado.
Anos depois quis se fazer a desfusão,que eu,particularmente apoiei:num espirito federativo os recursos da guanabara,mais produtiva do que o interior do estado,a beneficiaria,mas hoje,entendo que a desfusão só seria justa se oferecesse vantagesn também para o estado todo.Diante de uma situação imediata de fato,é preciso ter sensibilidade,para dizer o mínimo.
A postura democrática e social diante da zona oeste é desenvolvê-la,criando as condições para ela superar os seus maiores problemas:degradação dos serviços,atuação das milicias,empobrecimento,desde 2001,da população(nunca tinha visto tanta criança abandonada nas ruas da freguesia-jacarepaguá),incremento da vida cultural,que é pequena,incremento das possibilidades educacionais.Eu propus,há muitos anos,a fundação de uma universidade.
Depois,eventualmente fazer a separação,por outros motivos,não egoistas.

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