sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Mais considerações sobre a previdência

Aqui neste artigo eu pretendo aprofundar ,como havia prometido, a minha visão do estado previdenciário.
A solução possível para o problema social ,que ocupou e ocupa a humanidade desde o século XVIII,é o Welfare State.A sua origem é muito antiga:Babeuf tinha falado na necessidade de intervenção do estado para reduzir a miséria ,no interior mesmo da Revolução Francesa em curso.Rodbertus ,no seu socialismo de estado ,já falara na necessidade de sua intervenção para aplacar os efeitos da exploração da mais-valia.
Isto sem citar a contribuição de Bismark,que montou o primeiro sistema previdenciário,para diminuir o furor revolucionário da classe operária,na Alemanha da segunda metade do século XIX.
Como qualquer fato ao longo da história o welfare state não é algo criado repentinamente e nem é posse intelectual de ninguém,pertencendo à experiência e luta dos povos.
Ele se tornou inevitável na crise de 1929 ,mas já se falava de diversos modos na intervenção inelutável do estado,por volta do ano de 1910.
Tanto a direita quanto a esquerda discutiram o estado e lhe propuseram funções.Georges Sorel em sua “ Reflexões sobre Violência” preconizou o seu uso para impor mudanças sociais,idéia que prosperou muito no socialismo real e principalmente nas concepções de Mao Tsé Tung.
Mas a direita também bebeu desta fonte ,com outros objetivos e finalidades naturalmente.O fato é,no entanto,que a crise de 29,impõs a sua participação definitiva.
Desde então ,à direita e à esquerda, a previdência tem sido usada para finalidades e objetivos diferentes.Nós podemos,no entanto,dizer que a esquerda entende a previdência como um elemento aglutinador social,culturalmente encarregado de fomentar o solidarismo e a preocupação com a miséria.A direita ,no seu lado,entende que a sociedade,para ser solidária ,deve ser produtiva e a forma de torná-la é ajudar o capital a crescer:ora o mercado é fomentado;ora o capital mesmo é usado.
Ambas as posturas,a meu ver ,estão erradas:na esquerda o solidarismo se transforma em assistencialismo politico.Quer dizer os sindicatos,os partidos, ajudam as pessoas,atingidas por problemas sociais variados,que lhe dão apoio politico.É o vanguardismo de esquerda,uma forma de elitismo vermelho.O sub-produto mais comum desta atitude é travar a razão emancipatória,o processo de crescimento real da sociedade.Mas não só isso:cria um desinteresse de crescimento individual e o protegido pela previdência se torna um dependente do estado(como acontecia no socialismo real).No fundo ,no fundo, isto tem a ver também com a continuação do processo de exploração tipico do capitalismo autárquico(dependente do estado)brasileiro(mas não dele somente),o que iguala a esquerda com a direita,guardadas as devidas proporções.
A direita ,quando sai um pouco deste esqueminha,por razões imediatas e imediatistas(politicas[como agora])joga tudo para o mercado:melhorar o consumo ajuda a dinamizar o mercado,que favorece a arrecadação,que pode facilitar o investimento.Junto com isto a privatização,inclusive de empresas do estado,para fazer caixa.Não só a direita age assim,pois o governo “ social-democrata” de Fernando Henrique fez o mesmo que Collor e agora Bolsonaro.
Eu reitero:as duas posturas estão erradas.A direita e a esquerda jogam tudo numa mediação econômica,quando o que soluciona é a vinculação do trato econômico aos objetivos e necessidades da sociedade,da civilização.
De que adianta ter capital para investir se não se investe em educação?Porque falo em educação?O consumo brasileiro geral é baixo,porque o brasileiro ganha pouco e ganha pouco porque não tem oportunidades educacionais e não ascende a bons empregos,com bons salários.O investimento que as privatizações e o mercado aquecido proporcionam não duram uma década em seus parcos efeitos,porque o investimento tem que ser feito nos fundamentos nacionais e não na ajuda imediata a empresas ,instituições,agronegócio etc.Daqui a dez anos volta tudo.
De que adianta fomentar o solidarismo se as pessoas continuam na miséria?Se não progridem individual e coletivamente?O socialismo da miséria nunca foi a teoria de Marx.Há uma confusão permanente entre as concepções de Marx e o cristianismo,o que não tem nada a ver.
Eu vou continuar tratar disto no próximo artigo.

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