sábado, 13 de junho de 2020

A diferença entre a minha concepção de nação e a de Bolsonaro

Mais um artigo para o beócio de esquerda ler.

Eu repito:não sou nacionalista.Nacionalismo é exaltação e toda exaltação ou é para esconder algo que não se tem ou algo ruimApenas defendo a unidade cultural e de cidadania de cada país.A mediação da cidadania,que é a decisória de cada unidade cultural e regional é que é importante e como sou pacifista e leitor da história entendo que fica mais fácil e mais pacifico que grupos sociais se entendam mais do que se digladiem.Não é que a luta de classes tenha deixado de existir,mas ela é um aspecto do problema complexo da relação entre as classes.A escolha consciente é a relação de classes, não a ruptura.
Mas mesmo assim,mesmo me repetindo, sempre recebo acusações abstrusas de que falar em nação é o mesmo que Bolsonaro faz.
Aqui vai uma explicação para quem não passa da orelha de livro de Karl Marx e não tem conhecimento histórico:a mentalidade de Bolsonaro se define pelo nacionalismo de direita,que ele identifica com a religião cristã em geral.
A idade mental dele é a da época de Torquemada,é a mentalidade de Torquemada, que elevou os serviços da Inquisição a um nível jamais visto de destruição ao identificar a nação espanhola com o cristianismo ,repelindo quem não estava dentro deste critério.A identidade racial do sangue não começou com Hitler e os nazistas,mas precisamente neste momento e não só na Espanha ,mas em Portugal.
A idéia conectada com isto,de limpeza racial,ou seja, de ir destituindo pessoas de suas características culturais e supostamente raciais em favor do cristianismo católico se desenvolveu aí.Os judeus form progressivamente " desjuidaizados" e só aqueles que já não tinham ligações com seus antepassados em quatro gerações(critério idêntico ao que os nazistas usaram depois),podiam ascender a cargos na Espanha e principalmente Portugal,obtendo neste último país,licenças raciais para tanto,documentos que ainda existem arquivados nas bibliotecas lusitanas.
Portanto,entenda esquerdista radical:não tem nada a ver falar em nação  identificar-se com Bolsonaro,que como neo-fascista, se imbrica com esta tradição toda.
Eu sou republicano radical e ser republicano é uma condição prévia essencial para ser de esquerda em geral:não existe socialista ou comunista ou social democrata que defenda uma sociedade hierarquizada.Eles são herdeiros do republicanismo moderno,fenômeno subjacente à reforma protestante,que dissolveu programáticamente a ordem hierárquica católica medieval e fundou uma associação de cidadãos inseridos numa nação,num lugar em que se obedece à doutrina,à igreja,mas não à uma pessoa(o Papa).É o nascimento da Cives (Cidade)moderna,por oposição à cidade antiga.É este o significado do termo eid genossen " companheiros(genossen) iguais(eid)",do qual deriva a palavra " huguenote",na França.Com o tempo este republicanismo ainda fortemente ligado à religião vai se laicizando .
Fico impressionado que professores de universidade ,com doutorado, não compreendam estas diferenças  e venham me provocar com as afirmações mais absurdas.Mas espero ter esclarecido em definitivo.Não aguento mais falar isto.

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