quinta-feira, 4 de junho de 2020

Viva a igualdade racial! e abaixo o preconceito de classe e de pessoa

Os protestos que rolam pelo mundo depois do assassinato do negro Floyd nos EUA,se fixam num problema real e nefando:o do racismo.É importantíssimo lutar contra este revérbero da escravidão e priorizá-lo.Contudo isto não justifica reduzir o problema social,a questão social, a ele.
O problema racial é um problema social,histórico e cultural,não Podendo ser reduzido a uma questão ,apenas ,de cor,de raça.
Se assim não se pensar perde-se a oportunidade de distinguir as causas do problema e ,consequentemente,as possibilidades de sua resolução.
Nós vivemos num mundo eivado de politica,mas a politica,como tudo,não é sozinha.E numa época extremamente municiada de teorias e métodos de investigação, a dissociação do ativismo destas mediações torna,ao longo do tempo,os protestos ,em grande parte,inócuos,porque não foi a primeira vez que aconteceu isto e não será a última,o que deveria.
Há muitos anos ,entrevistado numa radio,por ocasião do dia de Zumbi dos Palmares,Martinho da Vila ressaltou que o preconceito não se resumia só na questão do negro,mas no preconceito em relação ao outro,ao preconceito de pessoa.
É muito importante ,no meu modo de entender ,protestar com veemência quando coisas absurdas deste tipo ocorrem,mas eu aprendi com Gramsci ,nos seus cadernos do cárcere que "mesmo nas afeições e nas emoções é preciso ser racional",porque,como disse,só assim temos chance de atuar sobre estes problemas efetivamente.
As emoções são decisivas para separar bem a pessoa de bem do psicopata,o democrata do nazista,o mal de sua banalização.
Todo mundo sabe que uma das verdades da vida é que aquele que sente empatia com o sofrimento( e se dispõe a atuar contra),como quem está diante de Cristo na cruz ,não se psicopatiza,não se torna um criminoso,não desdenha o outro, mas se solidariza.
Então os transportes de emoções que vimos nos últimos dias são importantíssimos para marcar esta fronteira,mas ela existe para impulsionar para um direção diferente ou contrária ao que veio antes.
Ninguém duvida de que a maior parte das vítmas dos nazistas era de judeus,mas ciganos,opositores diversos,homoafetivos e outros " indesejáveis" e " inferiores" foram vítimas também e não são esquecíveis.
As estatísticas sociológicas usam de uma matemática aparentemente benéfica ,social e justa,mas escondem,sob a sua abstração, um mundo real a ser incluído:"70 % dos negros não conseguem ascender socialmente.Enquanto que entre os brancos a porcentagem é de 30%",esquecendo que há brancos que sofrem igualmente.
A solidariedade ao povo negro é total,mas não se esqueçam da criança,do pobre,da pessoa em boas condições que ajuda,das pessoas de bem em geral, e assim até à utopia.


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