Os
protestos que rolam pelo mundo depois do assassinato do negro Floyd
nos EUA,se fixam num problema real e nefando:o do racismo.É
importantíssimo lutar contra este revérbero da escravidão e
priorizá-lo.Contudo isto não justifica reduzir o problema social,a
questão social, a ele.
O
problema racial é um problema social,histórico e cultural,não
Podendo ser reduzido a uma questão ,apenas ,de cor,de raça.
Se
assim não se pensar perde-se a oportunidade de distinguir as causas
do problema e ,consequentemente,as possibilidades de sua resolução.
Nós
vivemos num mundo eivado de politica,mas a politica,como tudo,não é
sozinha.E numa época extremamente municiada de teorias e métodos de
investigação, a dissociação do ativismo destas mediações
torna,ao longo do tempo,os protestos ,em grande parte,inócuos,porque
não foi a primeira vez que aconteceu isto e não será a última,o
que deveria.
Há
muitos anos ,entrevistado numa radio,por ocasião do dia de Zumbi dos
Palmares,Martinho da Vila ressaltou que o preconceito não se resumia
só na questão do negro,mas no preconceito em relação ao outro,ao
preconceito de pessoa.
É
muito importante ,no meu modo de entender ,protestar com veemência
quando coisas absurdas deste tipo ocorrem,mas eu aprendi com Gramsci
,nos seus cadernos do cárcere que "mesmo nas afeições e nas
emoções é preciso ser racional",porque,como disse,só assim
temos chance de atuar sobre estes problemas efetivamente.
As
emoções são decisivas para separar bem a pessoa de bem do
psicopata,o democrata do nazista,o mal de sua banalização.
Todo
mundo sabe que uma das verdades da vida é que aquele que sente
empatia com o sofrimento( e se dispõe a atuar contra),como quem está
diante de Cristo na cruz ,não se psicopatiza,não se torna um
criminoso,não desdenha o outro, mas se solidariza.
Então
os transportes de emoções que vimos nos últimos dias são
importantíssimos para marcar esta fronteira,mas ela existe para
impulsionar para um direção diferente ou contrária ao que veio
antes.
Ninguém
duvida de que a maior parte das vítmas dos nazistas era de
judeus,mas ciganos,opositores diversos,homoafetivos e outros "
indesejáveis" e " inferiores" foram vítimas também
e não são esquecíveis.
As
estatísticas sociológicas usam de uma matemática aparentemente
benéfica ,social e justa,mas escondem,sob a sua abstração, um
mundo real a ser incluído:"70 % dos negros não conseguem
ascender socialmente.Enquanto que entre os brancos a porcentagem é
de 30%",esquecendo que há brancos que sofrem igualmente.
A
solidariedade ao povo negro é total,mas não se esqueçam da
criança,do pobre,da pessoa em boas condições que ajuda,das pessoas
de bem em geral, e assim até à utopia.
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