quarta-feira, 14 de outubro de 2020

Quando Napoleão invadiu a Rússia

 

Mais elementos da discussão nacional

Quando Napoleão invadiu a Rússia ele esperava que houvesse neste país pessoas desejosas de mais liberdade ,da liberdade que ele oferecia.

Até hoje se vê muita gente que não entende o que significou realmente Napoleão Bonaparte.A maioria não passa daquilo que aprendeu no segundo grau(se isto existe ainda):ascensão do capitalismo.

Foi um historiador russo Yavgueni Tarlé,não exatamente um marxista ortodoxo,que me levou para o caminho certo:Napoleão representava uma alternativa de liberdade para povos que eram dominados por aristocracias iguais ou semelhantes àquela que havia sido quase toda decapitada na França.

O regime revolucionário francês se tornou cada vez mais um perigo para a Europa conservadora,exatamente por isto.Quando Napoleão ascendeu ao poder,fez tudo para consolidar a Revolução,ou seja,torná-la só nacional e não constituir uma ameaça geral.Só que não conseguiu e todo o seu périplo histórico se explica por esta base:tentativa de consolidação e pressão da Europa,até que esta obtém a vitória.

Mas esta vitória só ocorreu porque as nações entraram em ação para mostrar a Napoleão a impossibilidade de sua conquista.Enquanto tudo se resumiu em batalhas Napoleão prosseguiu,mas quando entraram nações inteiras,a partir da pensinsula ibérica,tudo degringolou ,para atingir o ápice na invasão da Rússia.

O objetivo deste artigo não é ,no entanto,senão tratar da questão nacional mais uma vez ,mostrando o quão antiga ela é e como estes problemas antigos persistem.

Napoleão esperava que sua visão internacionalista de progresso(“uma carreira aberta ao talento”)mobilizasse os servos oprimidos para apoiá-lo,mas estes preferiram o seu paizinho czar.Ou preferiram ficar com a Rússia?Provavelmente as duas escolhas foram feitas na época dos grandes incêndios que inviabilizaram a dominação francesa,mas a questão nacional ,em qualquer circunstância ,é básica e fundamental porque a referida dominação tomaria dos russos,em qualquer classe ou estamento,o direito de influenciar,por sua vontade,a sociedade em que nasceram e viviam.

Por mais que os franceses garantissem as novas liberdades ,toda esta história pregressa do povo russo impediria que estas liberdades o colocassem no mesmo patamar civilizatório da europa ocidental.

O povo russo incendiou Moscou por ordem de seu “ pai” também porque as promessas de liberdade são falsas e porque a condição de mudança está no seu entorno e não transferindo para outros países.

Muita gente de esquerda hoje lamenta o fim da URSS e do sistema do socialismo real,porque isto facilitaria a chegada do socialismo e depois do comunismo.

Vi muita gente pensar inclusive em emigrar para estes países,no que seria uma forma de realização da utopia(mas que é delirio infantil e psicótico somente).

O problema nacional é a mediação resolutória do internacionalismo,porque este pode se diluir ou não se efetivar,mas a nação fica.Assim como não existe a humanidade,mas as pessoas,a nação fica.E a nação,berço da experiência continuada dos povos,pode ser objeto de toda atribuiçãod e valores e conceitos,mas ele própria permanece.


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