terça-feira, 10 de agosto de 2021

Jean Wyllis

 

Algumas observações de Jean Willys feitas no dia 9 de agosto na folha de São Pauulo parecem se reportar a coisas que eu disse aqui.Muito embora eu não saiba se foram ditas para mim,que o assunto que eu tratei é o mesmo,isto é verdade.

E também eu me sinto no direito de responder ou de comentar as figuras públicas,porque (eu vou explicar de novo):eu sou cidadão trabalhador ,eu voto e pago impostos e tenho o direito de fazê-lo.Ponto.

Sei que muitos politicos(não sei se Jean Wyllis)entendem que é certo não se comunicar com pessoas anônimas como eu,para não conceder um nome,coisa,que segundo eles,seria injusto com outros pessoas.Tal conceito é parcialmente verdade,porque é um direito do cidadão anônimo se habilitar a participar do jeito que quiser na politica,no nivel que possua,havendo eventualmente razão para o politico reconhecer esta fala como digna de visibilidade.E o meu nível é bem alto.

Mas ,como eu já expliquei inúmeras vezes,eu não forço nada,reinvindico mas não obrigo evidentemente ,confiando que este reconhecimento deve vir por desejo livre da pessoa.Pelo menos liberdade se constitui numa relação com comigo.Se eu influenciasse pessoas eu teria reconhecimento,mas o meu caminho é um pouco crítico demais e eu não quero envolver ninguém nos meus problemas,que estão crescendo quanto mais crítico eu sou e como serei mais ainda,já viu...

Então,entrando no assunto propriamente, eu quero dizer o seguinte:em momento nenhum eu disse que não deveria haver discurso de confrontação contra as acusações que os pastores dziem contra o movimento lgbtqa+.Se eu estivesse aí no lugar do movimento eu me sentiria no direito pleno de contestar.

Mas ,Jean Wyllis,como ensina Gramsci,uma coisa é o momento individual,de grupo,outra é o movimento de massa ,a significação dele no âmbito social.Gramsci afirma que quando você se mantém no plano individual ou o junta com o coletivo,padece de “ egoismo-passional” vendo só o seu lado,o que não é admissivel,porque o movimento lgbtqa+(um dia eu aprendo)é um movimento social,que encontra a sua explicação no plano social e as suas possibilidades politicas de crescimento neste plano.

Certamente eu sei que as minhas teses aqui de associação dos movimentos lgbtqa+,feminista,ecológico e negro com a questão social não são aceitos por eles integralmente e penso que também por Jean Wyllis,mas o problema homoafetivo e de sexualidade é social também não é isso?Perpassa por ele o elemento complicador da miséria.

Nos comentários de Jean Wyllis ele põe outras mediações,como a da raça e a de classe,coisa de que eu trato aqui frequentemente.

Na ocasião em que tratei da classe disse que a visão de luta classes era limitada e que era uma datação na obra de Marx:a sociologia ensina que tanto quanto a luta classes,a colaboração entre as mesmas provocava também desenvolvimento e progresso,de uma modo mais pacifico.

A História já provou que confrontar a religião só a foratalece,até porque sem um bom motivo não é justo atacar o direito de crença.É ignorância da história ignorar isto aí.

Mas isto acontece por causa da defasagem de alguns políticos da esquerda quanto às mudanças ocorridas nos últimos 50 anos na teoria social.O paradigma ultrapassado rupturista das classes ainda embasa a atividade destes politicos,num país atrasado como sempre.Eu vou desenhar:


Observe bem Jean Wyllis(et al).O circulo em geral é a sociedade e os dois setores destacados são sociedade também ,mas qualificados por conceitos e valores confrontados.Pela visão rupturista da luta de classes a luta se resolverá por esta confrontação,mas se olharmos bem esta só resultará em progresso se a sociedade como um todo aceitar o direito de homoafetividade,coisa que quem é contra provavelmente não o será.Como o movimento homoafetivo não vai matar os seus oponentes,só um processo educacional,conjuminado com a média ética da sociedade,no tempo ,poderá diluir esta triste situação.

Ao invés de confrontar ,a busca desta média ética ,num contexto de não-rupturismo de classes,oferece idêntica condição de deslinde do problema e de quebra,solucionará esta terrível estatística de matanças de homoafetivos,algo que o lgbtqa+ ainda não conseguiu equacionar.Só existe esta matança porque a média ética está silenciosa.Há que fazê-la gritar.

O paradigma tradicional de luta de classes não serve para a questão étnica ou racial e muito menos para a luta homoafetiva e se a questão é a prova politica da capacidade homoafetiva de lutar,de ter coragem de lutar ,tal estratégia não vai contra esta exigência muito justa,porque a luta social,de massa e homoafetiva ,de caráter emocional,de caráter íntimo e privado,de busca da felicidade se dá no cotidiano.A prova se dá em todos os momentos da vida.O fato de a média ética aceitar o critério homoafetivo de felicidade é prova de coragem e da justeza da luta.

O paradigma de confrontação assim entendido é uma extensão do patriarcado,da guerra como entidade fálica,masculina,que deixa de lado a feminilidade e a homoafetividade.

Eu sempre tive como certo que a distinção nesta questão da coragem se dá na oposição entre Aquiles e Odisseus ou Ulysses.A coragem fálica se revela no uso da espada de Aquiles como instrumento de destruição ,confrontado pela inteligência de Ulysses,que introduz o Cavalo de Tróia na cidade.

Napoleão dizia que a maior qualidade do soldado não é a coragem,mas a capacidade de trabalho e eu digo que a coragem deriva desta aptidão.

Olha,eu não sei se estas afirmações de Jean Wyllis sobre Cuba me têm como referência,mas casam direitinho.

Mas se estes paradigmas de luta continuam, no fundo os mesmos valores que levaram à revolução cubana e à sua atual derrota predominam no Brasil.Não tem saída a luta é social democrática.Num sentido novo,mas é.

A pura confrontação ,egoista,pessoal,passional,levou à divisão do Brasil;o reiterado erro da esquerda em insistir num internacionalismo ultrapassado favoreceu a direita;e o governo desastroso de Dona Dilma pôs este jumento no poder.2016 foi a repetição de 1968:a esquerda radical precipitou as coisas,deu pretexto aos militares para fechar o regime e exilar a todos,deixando o povo brasileiro sob pressão.

Só que alguns exilados viveram bem no exterior,como agora,em que viajam pela Europa,visitam monumentos de Karl Marx,enquanto que pessoas como eu já encontram imensas difculdades de expressão,correndo o risco de não ter dinheiro para se exilar eventualmente.

Uma vez Frei Betto disse que,para o cristão o antídoto do medo não é a coragem,mas a fé.Para o cidadão é o trabalho consciente na democracia.

A vanguarda de esquerda é diferente da vanguarda de direita:ela se constitui para solucionar a questão social.Neste sentido ela põe,de inicio,as condições e exigências de sua auto-dissolução.Como diz Trotsky e mutantis mutandi ,se a busca é por uma sociedade igualitária,sem classes ,se faz uma revolução não para manter a hegemonia de uma classe sobre outra(como aconteceu no socialismo real),mas para acabar com todas as classes e...com a sua vanguarda .Do jeito que os próceres do movimento lgbtqa+ agem (e de outros movimentos também )tem-se a impressão(não digo que o seja)de que eles se beneficiam individualmente da continuidade do problema,no que seria uma simbiose perversa e cinica.

Para muitos homoafetivos( e eu já disse isto para amigos meus)o ódio da repressão heterossexual não elimina o desejo do fallus,porque o militante age da mesma forma que o opressor.Um tipo de sindrome de estocolmo erótica.

P.S:Folha de São Paulo retorna com a revista de história!Deixa eu publicar um artigo aí.



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