segunda-feira, 23 de agosto de 2021

Mas há perigos em Biden


artigo dedicado às mulheres afegãs

Eu fiz recentemente alguns elogios a Biden e os mantenho.Mas tenho que fazer necessários ajustes à minha avaliação anterior.

A minha apreensão dos democratas é sempre positiva ,levando em conta o partido republicano.Mas eu disse sempre que ,ao longo da história o sistema partidário americano funciona assim:nos tempos de paz os democratas são chamados.O presidente Delano Roosevelt não foi exceção.Ele ficou dois mandatos na segunda guerra por razões muito especiais.E os democratas,mesmo nos tempos de paz são secundados por um vice sempre conservador.

O próprio Roosevelt teve Truman que era ligado a interesses mafiosos...Kennedy que também os tinha ,possuia um vice igualmente conservador.

Este esquema só mudou com Clinton,depois do fim da guerra fria(supostamente) por causa dos impulsos humanitários que este fim propiciou.Aparentemente não havia mais porque colocar um democrata com preocupações sociais e um conservador capaz de se igualar aos republicanos dos tempos de guerra.

A minha visão de Biden desde que se tornou vice de Obama parecia confirmar esta análise e a sua eleição,tão comemorada por setores radicais do movimento social também indicava este caminho.

E desde o inicio do governo,as medidas sociais de ajuda em meio à pandemia e até uma certa inflexão de direita pareceiam confirmá-lo.Esta inflexão eu explicava como tática de Biden para esvaziar a direita ,que tinha feito aquele furdunço antes da posse.

Mas tudo desandou com esta decisão iniqua de deixar os afegãos à própria sorte depois de 20 anos.

Vinte anos lutando contra o terrorismo para deixar ele voltar.Este é o escândalo que salta aos olhos e certamente há razões de todos os lados para justificar.Biden afirma que não há como formar um país,mas há setores democráticos afegãos que o querem e precisam de ajuda;Biden afirma que não há como lutar se os afegãos não o querem,mas hoje mesmo os jornais mostram que o exército afegão lutou até ao final pela democracia;Biden e o exército americano dizem que não se podia imaginar que o colapso fosse tão rápido,mas hoje o Wall Street Journal revela que os Estados Unidos foram avisados desde o inicio do ano desta realidade,não possbilidade,mas realidade.

Isso tudo me lembra as mentiras ditas desde o inicio das intervenções dos EUA no pós-segunda guerra,no sudeste asiático,de Truman(democrata com jeito de republicano),Eisenhoweer e Kennedy e Lindon Johnson,chegando a Nixon.

Os famosos “Pentagon Papers” revelaram que de Truman em diante era possível evitar a guerra com o Vietnam,que vivia pedindo ajuda aos Estados Unidos para se libertar do jugo francês.

Neste papéis fica claro que a guerra na Àsia foi fomentada pelo que o Presidente Eisenhower chamou de complexo industrial-militar, americano,antes de deixar o governo para Kennedy,em 1960.

E agora “valores” idênticos são usados para deixar o Afeganistão e as mulheres daquele país à própria sorte.

Ora vamos raciocinar:não quer dizer que um país deva impor democracia e liberdade a outro povo.Cada povo tem suas características e deve ser ajudado para construir a sua se quiser.Os afegãos o querem e o talebã não é a única força representativa do país e ademais é uma força ditatorial .

Os países da comunidade internacional signatários da carta da ONU podem manter seus regimes mas são comprometidos com certos direitos humanos universais e esta busca é o que movia a sociedade afegã.

Não há justificativa para que os Estados Unidos deixem o povo afegão(e as mulheres) neste abandono.Tudo bem ,se os Estados Unidos não querem mais ser a policia do mundo,ótimo,mas as tropas internacionais, da comunidade internacional ,da ONU,deveriam ficar e ajudar o povo afegão(e as mulheres).

Cometeu-se o mesmo desatino no tempo da guerra civil Síria,em que a ausência dos Estados Unidos facilitou o “ trabalho” do terror.

No passado ,os desatinos intervencionistas de Nixon,no sudeste asiático, permitiram a dominação improvável em condições normais ,do Khmer Vermelho com as consequencias sabidas.

O espraiamento da guerra no Cambodja ,no entanto,favoreceu aos cartéis da guerra e a continuidade do terror talebã também ocupa o mesmo papel histórico.

Há muitos anos assiti a um filme com Tom Hanks representando um lobista do congresso americano que atua no Afeganistão para afastar os soviéticos,mas na hora em que isto é obtido ,ninguém mais se preocupa em ajudar o país ,por um valor financeiro bem menor para abrir escolas ou hospitais.

É a mesma coisa que eu disse com relação à Cuba dias atrás:politicos americanos constróem carreiras financeiramente bem sucedidas às custas de outros países,mas quando estes países resolvem os seus problemas a razão de ser destes oportunistas acaba e quando podem prolongar a situação que os beneficie,a continuidade é o que ocorre.

Penso que no problema afegão está valendo este principio de oportunismo tipico de carreiras associadas aos cartéis da guerra.

Infelizmente foi um democrata que mais parece republicano que o fez.


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