sábado, 20 de novembro de 2021

Marighella II

 

Quando Marighella e Lamarca morreram a luta armada foi dizimada facilmente.Os quadros mais experientes deste grupo que intentou derrubar a ditadura pelas armas,eram estes dois.

Não quer dizer que a luta armada e a luta dos comunistas brasileiros no século passado tenha sido estritamente profissional e bem fundamentada.

Quando eu era militante não sabia que em 1903 Lênin criara uma verdadeira faculdade de revolucionáiros,na qual se ensinava desde a teoria até como fazer bombas.Em principio este seria o começo certo,mas na prática,pelo menos aqui,as coisas se desenvolveram muito improvisadamente,a partir da adesão/imposição(pela III internacional) de Prestes em 1930/35.

Razão porque erros graves cometidos suscitaram repetidas autocriticas ,que resultaram no descrédito do movimento e na sua diluição completa.

Apesar de ser um personagem extraordinário, a ser lembrado e cantado como um mito,Marighella faz parte desta debacle.Talvez ele tenha lugar como uma lembrança de quanto ainda é importante lutar para superar os imensos problemas derivados da miséria em nosso país e em nosso mundo.Ele é no Brasil,o que é Guevara para o mundo.

Mas há que separar este mito,que se sustenta pelo seu auto-sacrificio(cristão?),das circuntâncias que lhe permitiram se formar.É muito importante para o futuro das esquerdas e da luta social que não se caia no argumento simples e fácil de que s e Marighella era assim ,seu projeto estava certo.

O movimento social e o comunista em particular orginam-se do cristianismo e desde os dois primeiros séculos da era cristã este diáologo e rompimento entre as lutas do cristianismo e as lutas sociais s e fazem presentes.

Agora há um diálogo,uma simbiose emocional entre a luta social e uma figura desta luta,numa clara cópia da hagiografia cristã.

Mas o movimento social não é igual à religião.Não basta simplesmente seguir os valores e os simbolos ,mas é preciso pensar,estudar,compreender a realidade que se quer mudar.A emocionalidade vem depois,mas não deve ocupar o espaço do pensamento permanente na busca da utopia.Ainda não vi o filme,mas vou vê-lo com estes paradigmas.

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