quarta-feira, 3 de novembro de 2021

O novo e único internacionalismo

 

Ao longo da História sempre foram feitas propostas de internacionalismo.A bem verdade ,com o cristianismo e a sua comunidade universal o problema do internacionalismo se coloca e se mantém até hoje.È um elemento,inlcusive,da Utopia e se pode explicar a história da humanidade por este conceito universalista.

A preocupação “ internacionalista” seguiu a humanidade cristã do fim do império romano(que era uma forma de internacionalismo)até ao advento do estado nação.

No entanto,mesmo com a construção do estado nação se procurou uni-las num conceito de universalismo cristão,o qual não foi mais possível de manter:a nação ,por razões práticas e ideológicas exigiu mais e mais prioridade para si.Quando o cardeal Richelieu ,católico,esqueceu a comunidade universal para defender a França somente a nação venceu.

As razões de estado ocuparam cada vez mais lugar.No fundo a reforma protestante,de Lutero,já punha em xeque o universalismo cristão católico,mas progressivamente a nação abriu espaço no universalismo,que deixou de ser só cristão,mas humano,geral ,republicano.

Uma das mediações que opunham,no passado,a monarquia à república era o tipo de humanidade que se pretendia edificar.Com exceções,as monarquias mantinham a utopia cristã,mas com o passar do tempo e especificamente com a revolução francesa e os direitos do homem do cidadão, ganhou esta visão geral a-religiosa que nós vemos predominar hoje na ONU.

Contudo há uma dissidência nesta hegemonia republicana geral:o marxismo que ignorou a realidade nacional,opondo a ela a do internacionalismo proletário,que repete um pouco(sem admitir)a visão cristã de outrora.

Nos dias atuais a esquerda não consegue sair deste impasse,de considerar a nação como um instrumento burguês de dominação de classe.

Todos os desmentidos da história não servem para convencê-la de que a nação vai ter que ser considerada e a visão de classes de Marx superada.

E o que é pior: este não reconhecimento cria distorções que prejudicam ela própria,com contradições que já lhe causaram inúmeros estragos e que são responsáveis pelo estado em que se encontra.

A progressive internacional tece loas à onu e à democracia,mas inclui a Venezuela e Evo Morales,cujos governos reproduzem estratégias da esquerda identificada com o socialismo real.O que Maduro fez e faz no seu páis é mutatis mutandi o que Stalin fez na Ucrânia,Mao na China e Pol Pot no Cambodja:para garantir apoio de uma parte da população culpa a classe média.Dependendo da força desta última a reação contém diversos graus de violência:Stalin matou de fome a Ucrânia;Maduro matou de fome a classe média;Mao matou,torturou e prendeu artistas tradicionais e Pol Pot praticou o que vinha sendo preparado:um democidio geral,que devia ter o mesmo clamor dos genocidios étnicos ou raciais.

No Brasil nós tivemos um exemplo pálido ,mas de se considerar,por perigoso ,numa escala histórica geral: o rolezinho opôs as classes menos favorecidas à classe média e eu nunca tinha visto tanta manifestação de preconceito contra profissões de classe média como no Governo da senhora Dilma,principalmente quando ela largou de mão o problema profissional dos médicos brasileiros,para cuidar do dos médicos cubanos.

Em minha rede as médicas brasileiras foram chamadas de barbies,de se comportarem como garotas de programa,enfim,fiquei chocado.

E para reiterar(até a esquerda entender)já mostrei que a história desmentiu Marx,quando este disse:”proletário não tem pátria”.Não ficou claro que tem,na Polônia,na Hungria e em outros lugares?A China,dita comunista,não vive exaltando o seu país,acima de tudo?Nós não vimos exaltação deste tipo nos países do leste?Em Cuba?

Então não me venham repetir o que Stalin disse,seguindo Marx,que a nação é um conceito burguês.Algumas leis nacionais são feitas pela classe operária e é por aí que a luta continua.

O internacionalismo representado pela ONU inclui as nações e é ele que serve de local no qual se vai construir a utopia.

A única coisa que falta(ab initio)é construir uma cidadania universal,que não necessariamente dilui a das nações,mas que vai ser importante no futuro.

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