domingo, 13 de outubro de 2024

Conjuntura

 

Eu vou continuar o artigo anterior, mas me sinto intimado a tratar um pouco de conjuntura, porque algumas decisões de Haddad e Lula têm extrema sincronização com o que venho falando aqui e gostaria de tecer alguns comentários.

A questão da luta contra a fome persiste; não vi nenhuma repercussão da questão da luta contra os sem-teto; e agora o problema da taxação dos ricos é recolocada de uma forma que nunca vi durar tanto.

Mas segundo os artigos que eu fiz anteriormente, sem um pacto social e político entre as classes produtivas, média e operária, as dificuldades para bancá-lo serão totais e aliás elas já se expõem nestes esforços de Lula e Haddad para emplacá-la.

É que tudo se resume na ordem política, mas a base social, o pacto social não se realizou. Para isto um programa fundado numa concepção moderna de esquerda é requerido.

Mas ele não existe, em meio à política pragmática.

Se, no futuro, a taxação é aceita, correrá risco de retrocesso permanentemente e inarredavelmente, porque sempre foi assim. E se a inevitabilidade se der, para voltar à pauta demorará uma década, como sempre.

Os fundamentos de uma política de esquerda moderna estão, ainda, faltando.

O princípio “revolucionário” da vontade resiste como um fóssil nas fileiras da esquerda. A ausência de mais fundamentos compromete o processo todo e torna-o suficientemente fraco para ser combatido, em futuro próximo, por esta direita aí, à espreita.

No momento em que uma reforma contundente balançar, pelos motivos supraditos, a direita fará o escarcéu de sempre, vai mentir como sempre, alegando o “perigo comunista” e tudo vai por água abaixo.

 

 

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