domingo, 19 de maio de 2013

Conhecer sem preocupações



Um dos maiores desserviços de nossa época,pelos quais todos são culpados,ideologia,política,partidos é separar a cultura deste mundo de barbárie,de miséria.
Os arautos da continuidade desta situação repetem o pacto colonial,quando afirmam esta vergonha,pois é justamente nos momentos de sofrimento e miséria que a cultura tem um papel decisivo.
È preciso lembrar que o último colonialismo a cair foi o português e a sua tática foi não abrir escolas em lugar nenhum,não apostar na cultura em lugar nenhum.
A colônia acabou,mas os seus resultados estão ai e isto não é desconhecido ,pelo menos,pelas pessoas de bem.Este artigo é para acusar a falsidade dos poderes do país,que,mesmo sabendo desta realidade,não só não fazem nada como,pior,atacam a cultura.
Lembro-me bem do escândalo que foi quando o Presidente Costa e Silva se orgulhava de não ler mais livros.Hoje ninguém tem coragem de reptir isto,mas de vez em quando,por ato  falho,alguém revela as suas verdadeiras intenções.
Quem não se lembra do Presidente Lula afirmando que as professoras não precisavam de leitura de jornais?Quem não vê que os partidos de esquerda têm absoluta ojeriza dos intelectuais,escolhendo candidatos que nem sabem falar?
Substituiu o pacto colonial,repressivo,o pacto demagógico,que falseia a exploração e cria um outro  tipo de repressão,consentida pelos reprimidos.É normal na História da humanidade haver momentos de conciliação de classe.Nas termas de Caracala ,patricios e plebeus usufruiam das benesses da riqueza.No teatro shakespereano a Rainha e os peixeiros de Londres dividiam a cena.Estes pactos momentosos(porque dava a hora os ricos iam para os palácios e os pobres para a escassez),davam certos resultados,mas este esquema,que é ainda usado nos estádios hoje,nos carnavais,adquiriu proporções delirantes de puro cinismo,principalmente na política.
A política hoje é feita segundo este esquema,mas em vez de se discutir idéias,programas e valores,a população vota nos políticos lhes dando um ótimo emprego e não recebem nada,a não ser a continuidade da sua miséria.Pelo menos nas termas o plebeu podia eventualmente,segurar uma ...patricia e na  época de Shakespeare o peixeiro tinha contato com a cultura...
Não que ele a usasse...Num período como o nosso em que há uma consciência social o momento decisivo é exatamente este, o da possibilidade de obter um retorno dos de cima,da parte de cima do pacto demagógico.E hoje é realmente,dentro de nosso republicanismo,muito mais fácil adquirir conhecimento e cultura para inviabilizar o esquema e os beneficiários.
À república moderna clássica nunca foi estranha  a idéia da associação necessária da cidadania com o conhecimento e a cultura.mas por razões históricas  isto se diluiu.O cidadão repubicano pleno é o que detém cultura e conhecimento.
O embrutecimento do povo é usado como argumento de que ele não deve ter acesso,mas é óbvio que ele se embrutece por não o ter.Os que lideram não o querem.
Nós vemos que as grandes nações do mundo de hoje,as anglo-saxônicas,tiveram o seu desenvolvimento industrial impulsionada por homens semi ou analfabetos.O filme “Lincoln”  que está em cartaz não fala que o presidente americano foi analfabeto até aos 14 anos.Thomas Edison também e ambos aprenderam a ler sozinhos,mas isto acontecia porque a cultura era algo que todos buscavam,estando à disposição de quem quisesse lutar.
O povo brasileiro introjetou a sua exploração ,pela rejeição da cultura(cultura como erudição eu estou dizendo aqui)do conhecimento,acreditando que com ela não é possível obter empregos,já que a miséria é um problema imediato,mas a verdade é que no Brasil vai ser preciso ultrapassar esta barreira.Proponho que o povo brasileiro seja convencido a buscar o conhcimento erudito e a ciência e o conhecimento como expressão de sua liberdade e de seu direito,sem preocupações.Se a nova geração,quer dizer,quem está hoje com 12 anos ,fizer um esforço neste sentido não tenho dúvida de que em 10 ou quinze anos agitações vão irromper neste mundo desolado em que tudo parece estar resolvido.
Não sou contra a cultura popular,musical.A longo prazo ela vai mudar a sociedade,mas o que eu quero é agitar agora,já,como na época das diretas em que achávamos poder mudar o Brasil,fazendo uma ponte com o que acontecia antes de 64.


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