A
polêmica de sexta-feira última entre Lobão e Mano Brown sobre os conteúdos das
canções feitas por determinados grupos,nos faz refletir sobre o que está
acontecendo no Brasil em termos de preconceito.
Costuma-se
pensar que o preconceito só se refere ao racial,ao étnico(anti-semitismo)ou de
sexo;ao contrário,por trás destes preconceitos mais conhecidos existem os
preconceitos contra a pessoa e o de classe.Este último ,aliás,é tido pela teoria
marxista como o causador dos demais.Este tema ,da causa,não abordarei aqui,pelo
menos agora.
O
que quero abordar é que a luta de determinados grupos,especialmente do
movimento negro,que se articulou muito nos últimos anos,tem como paradigma a
questão da luta de classes.Para a tradição de esquerda,com base naquela que
citamos acima,os trabalhadores devem conquistar os seus direitos por eles
mesmos,sem ajuda de ninguém.
Muitos
exemplos desta ética aparecem em todos os lugares e épocas.Se lenbrarmos ,no
filme “ Gandhi”,num certo momento,Gandhi pede que o seu amigo,pastor anglicano ,se
retirasse da luta,porque,segundo ele “ os indianos,agora,deviam saber se eram
capazes de se tonar independentes”.Igualmente ,no filme “ Malcolm X”,o personagem
central diz a uma moça(loura),de forma um tanto agressiva,que os brancos não
podiam fazer nada para ajudar a luta dos negros.
À
parte o direito que os movimentos têm de estabelecer critérios para os seus
partícipes legítimos,é preciso repensar este particularismo.
Em
primeiro lugar já passou o tempo de considerar um dogma a chamada “ luta de
classes”.A História não é como está no “ Manifesto Comunista”.Também a
colaboração de classes é “ motor da História” e ela é mais interessante se se
quiser garantir um desenvolvimento político e social pacifico.Eu,pelo
menos,defendo isto,porque toda a violência sempre prejudicou o mais fraco,aquele
que eu,como militante,sempre quis defender.O dogma de Engels,” a violência é a
parteira da história”é só isto,um dogma,e eu acredito que dizer isto,para um
militante que sempre esteve longe de toda a violência ,tem um significação de
afirmação de masculinidade.Também a criação de violência serve a interesses
escusos,autoritários.
Lobão
citou uma letra que diz”branquinho otário,eu vou tomar o seu lugar” e eu
concordo com ele que tal atitude é fomentar violência,sem necessidade,sem uma
finalidade bem definida.
O
paradigma de luta de classes mudou,mas talvez seja justo que os movimentos
étnicos e raciais busquem os seus caminhos por si mesmos,salvo ,por esta atitude,de correr-se o risco de fomentar violência
contra quem nada tem a ver com a criação
e reprodução do preconceito
racial.Como branco me sinto atingido por uma letra desta ,porque me encontro no
campo democrático.Se,como tal,não posso e não devo participar do movimento
negro,não quero e não admito ser igualado à supremacia branca e nem quero
violência na minha porta.
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