domingo, 5 de maio de 2013

Sobre o movimento negro



A polêmica de sexta-feira última entre Lobão e Mano Brown sobre os conteúdos das canções feitas por determinados grupos,nos faz refletir sobre o que está acontecendo no Brasil em termos de preconceito.
Costuma-se pensar que o preconceito só se refere ao racial,ao étnico(anti-semitismo)ou de sexo;ao contrário,por trás destes preconceitos mais conhecidos existem os preconceitos contra a pessoa e o de classe.Este último ,aliás,é tido pela teoria marxista como o causador dos demais.Este tema ,da causa,não abordarei aqui,pelo menos agora.
O que quero abordar é que a luta de determinados grupos,especialmente do movimento negro,que se articulou muito nos últimos anos,tem como paradigma a questão da luta de classes.Para a tradição de esquerda,com base naquela que citamos acima,os trabalhadores devem conquistar os seus direitos por eles mesmos,sem ajuda de ninguém.
Muitos exemplos desta ética aparecem em todos os lugares e épocas.Se lenbrarmos ,no filme “ Gandhi”,num certo momento,Gandhi pede que o seu amigo,pastor anglicano ,se retirasse da luta,porque,segundo ele “ os indianos,agora,deviam saber se eram capazes de se tonar independentes”.Igualmente ,no filme “ Malcolm X”,o personagem central diz a uma moça(loura),de forma um tanto agressiva,que os brancos não podiam fazer nada para ajudar a luta dos negros.
À parte o direito que os movimentos têm de estabelecer critérios para os seus partícipes legítimos,é preciso repensar este particularismo.
Em primeiro lugar já passou o tempo de considerar um dogma a chamada “ luta de classes”.A História não é como está no “ Manifesto Comunista”.Também a colaboração de classes é “ motor da História” e ela é mais interessante se se quiser garantir um desenvolvimento político e social pacifico.Eu,pelo menos,defendo isto,porque toda a violência sempre prejudicou o mais fraco,aquele que eu,como militante,sempre quis defender.O dogma de Engels,” a violência é a parteira da história”é só isto,um dogma,e eu acredito que dizer isto,para um militante que sempre esteve longe de toda a violência ,tem um significação de afirmação de masculinidade.Também a criação de violência serve a interesses escusos,autoritários.
Lobão citou uma letra que diz”branquinho otário,eu vou tomar o seu lugar” e eu concordo com ele que tal atitude é fomentar violência,sem necessidade,sem uma finalidade bem definida.
O paradigma de luta de classes mudou,mas talvez seja justo que os movimentos étnicos e raciais busquem os seus caminhos por si mesmos,salvo ,por esta atitude,de correr-se o risco de fomentar violência contra quem nada tem a ver com a criação  e  reprodução do preconceito racial.Como branco me sinto atingido por uma letra desta ,porque me encontro no campo democrático.Se,como tal,não posso e não devo participar do movimento negro,não quero e não admito ser igualado à supremacia branca e nem quero violência na minha porta.





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