Continuando a análise
das  posições  do 
movimento negro quanto  ao
engajamento  abolicionista de Castro  Alves(e 
de  outros)devo dizer  que  eu
não  sou 
propriamente  contra  a escolha 
do dia  20  Novembro 
como a  da “  consciência 
negra”,mas  acho  que 
deve ser  mantida  a 
outra,13  de  maio,como 
uma  porta de  entrada 
para  a discussão permanente  do 
abolicionismo  brasileiro  e 
suas  conseqüências  sempre 
presentes  no Brasil.
Na  minha 
opinião , vale  ter  uma 
postura  positiva  idêntica 
à luta  de  Zumbi 
contra a escravidão,mas a  outra  data 
não  é propriamente  concessão 
das  “  classes 
altas”,mas  resulta  também 
da  luta dos escravos(principalmente
nos quilombos)para  obter  um reconhecimento  quanto ao 
papel  colonizador  dos negros,no 
Brasil.Mais  do  que 
colonizadores  eles  são 
construtores  permanentes  do país,e 
como  eu já disse  em 
outro artigo,o estado é construído 
pelos trabalhadores o qual 
deve   devolver  ,diante 
desta  contribuição,em  benesses,para 
eles.Isto  desde  o Brasil 
colônia,passando  pelo  13 
maio e  chegando aos dias  de 
hoje,desde  que  a 
escravidão foi instituída.
Este  virar as 
costas  ao  13 
redunda  em  não 
analisar  constantemente  as 
causas  dos  problemas 
que  os  negros enfrentam  no 
Brasil ,substituindo  esta  necessidade 
de estudo  por  uma atitude 
rebelde  que se  esvai no 
puro individualismo.
Quero dizer,
muitos  imaginam  que 
vestir-se  bem,fazer  arte,é suficiente  para afirmar 
o  poder  do 
trabalhador  negro,mas  é preciso mais.É preciso isto  e 
mais,isto e  compreensão  da  realidade,das  causas do problema,para  superá-lo.
Tenho
impressão  que esta  postura 
pela metade é o  que  está por 
trás  da  desqualificação que  vem 
ocorrendo quanto à 
legitimidade  e honestidade do
abolicionismo de  algumas  figuras 
históricas.
A  postura 
de  Castro  Alves não é a 
mesma  da  Princesa 
Isabel e dos latifundiários  brasileiros,que  os “ 
libertaram”,mas os excluíram 
da  sociedade  brasileira,para  mantê-los,nos 
campos,como mão-de-obra  barata.Castro  Alves,embora 
envolvido,como poeta que  era,emocionalmente,tinha  concepções 
afeitas  ao abolicionismo
republicano  da  época.
Não  me venham 
dizer  que ele  desejava 
que os  escravos permanecessem  em 
condições  semelhantes  às  da  escravidão depois de livres.Quem  lê 
o  “ABC de  Castro 
Alves “de Jorge  Amado,percebe  claramente 
o  grau  de  humanidade
que  o 
poeta 
demonstrava,sentindo-se 
igual  aos negros  que ajudava    a
libertar,não  concedia.
O  movimento 
negro brasileiro  corre  o risco sério de ,com estas atitudes,  se 
isolar  mais e mais  numa 
postura  egocêntrica de  só 
legitimar  a  conquista por seus  próprios meios esquecendo que  as 
classes  não  existem por si  e  as
raças também  e  que 
depois da  libertação  real 
já  existe  uma 
sociedade com  a qual  se 
deve  conviver.
Se  não for 
assim,da  mesma  forma 
que  como a  Abolição 
foi feita , as conseqüências foram funestas,a  libertação real  poderá 
criar  ressentimentos  intransponíveis,ressentimentos que  são a 
matriz  psicológica  das  guerras.
 
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