terça-feira, 11 de agosto de 2015

A miséria do intelectual



Quando eu vejo a  figura de  Umberto  Eco   xingar  internautas que postam  na internet , de imbecis,isto não me atinge evidentemente,mas me enseja algumas reflexões  sobre o papel  dos intelectuais e  de quem os segue.

 

Em  primeiro  lugar,de modo  geral,os  intelectuais  têm uma  tendência  a  serem desta época aí de  cima,século VII depois de  Cristo,naturalmente.Umberto Eco ainda mais.
Eles ,em segundo lugar,não gostam da  internet,porque  como eu mesmo disse  em outro artigo,a  internet  não pode  ser controlada.Qualquer criança que saiba algoritmo  foge  do controle.
A internet será o primeiro  “ mare liberum” da História.Isto significa que ninguém,nem os intelectuais , poderão impedir a  livre manifestação do pensamento,com a  possibilidade imediata e real de publicação.Por  consequência quem se  dispuser a  escrever na internet terá  plena e absoluta liberdade,frente aos poderes  deste mundo e  também ,diante  da tutela  dos intelectuais,esta pessoa  comum dará de  ombros.
Acho que é  isto o que incomoda  muitos intelectuais  como Umberto Eco,que posam de  magnânimos ,interessados  no progresso da humanidade,mas querem reconhecimento e exclusivismo quanto à  autoridade intelectual que exercem,quero dizer,a falácia  e mítica  idéia  de  todos os tempos,pela  qual o que é verdade é o que o intelectual  diz.
Somente  alguns incautos,também na internet,podem acreditar que numa sociedade  em que  a hegemonia está  na mão de interesses  econômicos,que  dominam o estado,o intelectual detém uma autoridade derivada da  verdade,que  ele consegue  com estudo constante.
O intelectual,diferentemente  do cientista,sempre  é  influenciado pelos esquemas de poder em que  ele trabalha.Ele  é  tão trabalhador  quanto os  homens  comuns  que lutam para manifestar livremente as suas idéias.
É uma  falácia  dizer que o conhecimento  é propriedade de quem está na universidade ou em outros  institutos.O  cientista  das ciências naturais  só tem reconhecimento se a  realidade  prova  a sua  hipótese ,mas o intelectual  não precisa a provar  nada,bastando que seu discurso encaixe num determinado interesse.
Contudo,tenho mostrado nas minhas postagens , que mesmo o conhecimento social transcende  as figuras  pessoais,possuindo a possibilidade de um rigor,a exigir  dos pesquisadores,ética, para encontrar  verdades e provas de  suas hipóteses.
Se nós olharmos a  História, nunca  houve uma fonte só  de  produção de conhecimentos ,no caso a universidade,mas em não raros momentos,foi de  fora,de esforçados(como eu,que tenho orgulho disso)que  vieram inovações  que ajudaram e ajudam a humanidade,enquanto que dentro dos muros  das escolas só se  reproduz  poder.
Qual é o interesse  de um intelectual dizer o óbvio?Que na vida existem pessoas  inteligentes  e imbecis.A internet,como a  vida , reproduz isto,será  que ele  não sabe?isto  já é uma imbecilidade.
E se  ele acha isto porque  entrar na internet para dizer?Ele  tem a intenção de proibir a  manifestação do pensamento  por  ele ser(no entender dele)imbecil?Quando se começa a  punir  o imbecil  termina-se  punindo todo mundo.
Se não é  isso,talvez seja inveja  por não saber usar a internet.Talvez ele se sinta superior  e não  a use,mas a pergunta continua:porque  não vai tratar de  sua  carreira?De reproduzir  poder dentro da universidade.
Da pintura  acadêmica na França surgiram idéias que resultaram ,no final do século XIX,no impressionismo e na arte moderna.Quem pode  dizer que não será assim com a internet?
A internet é  o primeiro em que a  norma ,introjetada na subjetividade dispensa  a lei,a  tutela do estado e o que se faz  e o que se produz  nela  é fruto do contato livre entre as pessoas buscando outras verdades  que não aquelas ditas por um ou outro intelectual.
Além do quê eu acho uma covardia o sujeito dizer isto e não nominar.Para mim esta  entrada é   inveja,porque,no final da  vida,a  pessoa  vê  que perdeu tempo com bobagens e  que  ,depois dele,o mundo será muito melhor,com muitas outras possibilidades.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário