Nós todos aprendemos na universidade que a sociologia começa
,como ciência,na obra de Auguste Comte,” Curso de Filosofia Positiva”,em que o
autor se refere à “ troca simbólica”,à comunicação de significados,pelo menos
entre duas pessoas ,sendo este o núcleo de toda
associação,que vai se complexificando.
Quando esta troca não acontece,existe algum tipo de
perversão,de objetalização
A relação de massas inteiras com o futebol é complexa e apresenta
todo tipo de associação,de troca simbólica, e há momentos de perversão e
objetalização.Contudo o que predomina é uma troca legitima de sentimentos,de
emoções,de desejos que nos informam dos nossos direitos e deveres.
Conforme Norbert Elias,o futebol é uma guerra em miniatura e
sem sangue(felizmente[mas nem sempre])e ocupa,neste sentido,um papel que reúne todas estas virtudes,mas notadamente a de
educar o homem para a luta.
Neste sentido o futebol(como o esporte em geral)é algo
positivo,uma paixão alegre,no dizer de Spinoza,que precisamos cultivar de
maneira inarredável.
Não poderia ser outra a atitude dos povos e das massas,quando
não é possível,por uma tragédia realizar-se uma partida.Seria uma
perversão(fascista)das massas se não houvesse esta imensa homenagem,cujo começo
se deu na Colômbia,país que percebeu antes do Brasil,a dimensão do drama.
Era necessário fazer a “ troca simbólica”,com os mortos,que
já não era pura ciência,mas algo mais,um significado amoroso,de retribuição ao
jogador,que tanto ajuda,em retribuição a uma categoria profissional que tanta
alegria traz aos povos.
Seria uma objetalização deixar passar o episódio,esquecer as
suas conseqüências ,as famílias desamparadas,os colegas trabalhadores e assim
por diante.Nesta hora, a Colômbia transformou a ciência na vida e se tornou um
povo irmão do Brasil,na medida em que nos mostrou o verdadeiro peso do
acontecimento.O Brasil é amigo de todos os povos,mas agora todos os povos terão
que perceber uma diferenciação evidente da relação Brasil/Colômbia.
Se eu fosse dirigente dos dois países eu instituiria o “ dia
da amizade Brasil/Colômbia” e o comemoraria uma ano lá e um ano cá,para
solidificar a irmanação mutua destes
dois países.O que a Colômbia fez na quarta-feira,dia do jogo que não houve,é um
dos fatos mais marcantes da história da humanidade e o país podia bem merecer o
prêmio Nobel da Paz do ano que vem.
Existem e existirão
pessoas que farão troça de tudo isto,de todas estas homenagens,afirmando que
ninguém age assim diante da pobreza,dos
miseráveis,nas ruas,mas os povos o fazem sim,quando os governos recebendo a
tributação,derivada do trabalho das pessoas comuns ,que estavam nos estádios,a
desviam .O fruto do trabalho dá para tirar crianças e idosos da rua e da
miserabilidade,mas vai para o bolso destes dirigentes, e o povo ,ao protestar ,em
2013,o fez contra esta inversão de valores.
A linda atitude da Colômbia enche de esperança o cotidiano de
luta dos povos.
Agora
ficamos à mercê do luto e da melancolia.O luto nos faz seguir em frente e a
melancolia nos lembra que no meio do
caminho tem um fim,um limite
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