domingo, 11 de dezembro de 2016

Escola sem partido



A função profissional de ensinar transcende às ideologias.Quando se ensina uma criança a ler o que se busca é isso mesmo,que ela se alfabetize.Quando ensina a um advogado,o que se procura é que ele se torne um técnico.
Como aprendi com a sociologia do conhecimento de Michel Lowy,as ideologias são inevitáveis,ninguém está livre de sua influência,mas ela não permeia tudo,tendo uma conexão relativa com tudo o que existe.
Não há de forma alguma condição de alguém afirmar que tudo é ideologia.esta postura me parece  própria do voluntarismo stalinista,uma perversão do marxismo,que achava ,no final das contas,que tudo se podia conseguir com a vontade, a qualquer custo,discurso meramente falsificador de algo subliminar e mais deletério:a força.
Contudo,em contextos de hiper-exploração ou de flagrante injustiça,não há como o professor,se tiver ética,deixar de prevenir os seus alunos,como parte do seu trabalho.
Eu como professor de universidades particulares procurava dizer a verdade para os alunos:que muitas universidades não eram tidas como boas escolas e portanto os alunos de direito que eu ensinava,não eram procurados,sofrendo,pois,preconceito.
Nunca deixei de mostrar as fragilidades dos cursos em que eu lecionei.Nunca dourei a pílula para me beneficiar.Nunca disse que a escola era excelente para que eu fosse considerado assim também.O esforço para superar as dificuldades era o mote das minhas atividades.
No plano do ensino básico esta questão é muito mais complexa.Interferir ideológicamente no pessoal que ainda vai ser adulto impõe outras considerações,mas a base destas é a relação equilibrada entre ideologia e sociedade.
Como professor eu não me furtaria a mostrar a exploração,como fez Paulo freire,mas não induziria o partidismo e nem formas ocultadoras do mesmo,porque isto implicaria em retirar mais do que a comida da boca do superexplorado:implicaria em suprimir o seu direito democrático de  escolha.
É assim que eu vejo a questão.

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