quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Não sou covarde.

Minha ética.

Eu não sou covarde e não tenho medo de debater com ninguém desde o meu tempo de estudante.Contudo,ao longo da vida,percebi claramente alguns problemas atinentes ao direito incontrastável de manifestação do pensamento,que,no meu caso,são acrescidos de outros,em face da minha postura ,que não é,reconheço,muito comum.
Não quero me repetir ,mas decidi ser pesquisador ,investigador, e escrever, porque nenhuma instância superior,em que busquei formação para tal ,apresentou lisura na medição e perscrutação das minhas habilidades.
Então fiz como Lutero diante da Igreja Católica:não há mediação legítima entre mim e Deus,entre mim e a minha realização,a minha obra.É claro que só isto não é suficiente para produzir algo válido,mas o esforço continuado, e isto eu tenho a vida toda.
E este esforço,além das minhas vocações,se alia à minha liberdade,a qual só se completa pelo ato de escrever e produzir.É um erro recorrente pensar que o simples ato de manifestação do pensamento se mantém inscrito no território do senso-comum,sem serventia maior que a que conduz o eleitor às urnas.
O desforço inevitavelmente produz algo mais e quando se aduz elementos e mediações intelectuais e científicas o conhecimento nasce naturalmente e tem importância acadêmica,eventualmente.
Tanto a direita como a esquerda ,como tenho  dito frequentemente e não vou me cansar de repetir,estabelecem uma barreira intransponível entre este senso-comum, a experiência cotidiana do cidadão comum e  o trabalho intelectual,quando a  diferença é só o desforço,como  a motivação do “ muro” o poder.
Não há diferença entre elitismo vermelho e branco e vice-versa ao contrário(dialeticamente):ambos são esquemas de poder que pensam abarcar o mundo.Ao pífio “ la história es nuestra” de Allende(se fosse dele, não estava naquela situação)corresponde o tradicionalismo cristão católico e evangélico,que pensa se identificar com a nação.
Estes vitupérios que vêm dos Estados Unidos ( e de outros lugares)dando conta de que Darwin estava errado,Einstein também e que o mundo todo está errado;de que o problema do Brasil é o analfabetismo funcional, têm uma função de desqualificar o povo para dirigir os destinos do país,muito conveniente para quem defende  há anos a hegemonia pura e simples dos Estados Unidos,o que é  a intenção deste governo.
Da mesma forma que não reconheço a universidade como mediação formadora,não reconheço esta direita,financiada por interesses cínicos  escusos,como superior a ela e muito menos como profissionalmente afirmativa,produtiva.Se alguns ,como Marx, não servem para nada,esta direita  distorce a realidade de modo destrutivo e irresponsável,porque ela só tem nome enquanto espiroqueteia o fantasma do comunismo e de Marx.Do mesmo modo que Marx critica o capitalismo e obtém um nome duvidoso,já que a sua teoria não se comprova,esta direita só tem mérito na medida em que a ameaça comunista se apresenta de formas igualmente fantasmagóricas e falsas(como todo fantasma,um delírio de mentes psicóticas).
Quando o Muro caiu em 90,os Estados Unidos inventaram o perigo japonês.Agora é o Chinês,bem como o mexicano, e macaqueando a sede esta catrefa brasileira põe no lugar de Marx,a ideologia de gênero,Paulo Freire e a Venezuela.
Stalin costumava dizer que “ a filosofia propõe e a política dispõe”,mas para ele Filosofia era só o materialismo dialético,que nunca existiu.Para diluir este dogmatismo tão letal quanto o da direita(no lugar da metafísica marxista , a metafísica tomista)Kant,o indefectível,é recomendado:a experiência dos povos inclui a filosofia ,mas ela pode influir nas questões políticas se os povos assim o decidirem,mas para que a liberdade seja um traço de continuidade a partir dela para a vida prática,o pensamento tem que ser livre,puro,não condicionado por interesses políticos corporativos.
Eu já citei Nietzsche a respeito disto:” os alemães pararam de pensar,agora tudo é política e o pensamento se submete a ela”.Após a unificação alemã Nietzsche notou esta tendência e vaticinou cataclismos próximos futuros.
O Brasil,que em um artigo de muitos anos atrás ,disse ser o país mais parecido com a Alemanha nazista, está precisamente nesta situação.Todo o pensamento de esquerda ou de direita serve a propósitos mesquinhos de pequenos grupos.Não há traço de união entre Nelson Rodrigues ,Gustavo Corção,Gustavo Barroso e estes jumentos atuais.
Eu não costumo e não defendo o uso destes termos agressivos,mas neste caso,tenho que usar,porque isto me tem sido lançado aqui,de forma covarde(aí sim) e indireta.A consequência lógica da falta de argumento e fundamento e desta dependência da politica,da direita hodierna,é a técnica de repressão,de agressão,de ameaça,que se sobrepõe ao debate civilizado.
O que Nietzsche quer dizer é que um país civilizado é aquele que pensa sem preocupação quanto à sua conveniência.É uma confirmação(inconsciente talvez)do anti-relativismo moral de Kant,para quem a ação incondicionada,isto é,realizada pelo senso de dever,e não pelos frutos a se  colher,é a base da atividade humana consciente e civilizada.
Ao loteamento de esquerda,temos agora o de direita,que destrói do mesmo jeito, e uma medida desta destruição,além do espiroqueteio,é carimbar as pessoas disto ou daquilo antes de começar o debate.Isto é a mesma coisa do conceito de “ desconfiança organizada”de Stalin:o debate já é  feito condicionado antecipadamente(contra Kant)e nem começa se o modelo tirânico de plantão não permite.
Por isto eu sou o único essencial no Brasil de hoje:a liberdade de pensamento.Quem tem que ser reconhecido sou eu não eu reconhecer os outros.Mas também não sou eu,é o meu esforço de pensamento.Quem quiser discutir comigo,estou aqui,o Brasil está aqui.

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