Minha ética.
Eu
não sou covarde e não tenho medo de debater com ninguém desde o meu tempo de
estudante.Contudo,ao longo da vida,percebi claramente alguns problemas
atinentes ao direito incontrastável de manifestação do pensamento,que,no meu
caso,são acrescidos de outros,em face da minha postura ,que não
é,reconheço,muito comum.
Não
quero me repetir ,mas decidi ser pesquisador ,investigador, e escrever, porque
nenhuma instância superior,em que busquei formação para tal ,apresentou lisura
na medição e perscrutação das minhas habilidades.
Então
fiz como Lutero diante da Igreja Católica:não há mediação legítima entre mim e
Deus,entre mim e a minha realização,a minha obra.É claro que só isto não é
suficiente para produzir algo válido,mas o esforço continuado, e isto eu tenho
a vida toda.
E
este esforço,além das minhas vocações,se alia à minha liberdade,a qual só se
completa pelo ato de escrever e produzir.É um erro recorrente pensar que o
simples ato de manifestação do pensamento se mantém inscrito no território do
senso-comum,sem serventia maior que a que conduz o eleitor às urnas.
O
desforço inevitavelmente produz algo mais e quando se aduz elementos e mediações
intelectuais e científicas o conhecimento nasce naturalmente e tem importância
acadêmica,eventualmente.
Tanto
a direita como a esquerda ,como tenho dito frequentemente e não vou me cansar de
repetir,estabelecem uma barreira intransponível entre este senso-comum, a
experiência cotidiana do cidadão comum e
o trabalho intelectual,quando a
diferença é só o desforço,como a
motivação do “ muro” o poder.
Não
há diferença entre elitismo vermelho e branco e vice-versa ao
contrário(dialeticamente):ambos são esquemas de poder que pensam abarcar o
mundo.Ao pífio “ la história es nuestra” de Allende(se fosse dele, não estava
naquela situação)corresponde o tradicionalismo cristão católico e
evangélico,que pensa se identificar com a nação.
Estes
vitupérios que vêm dos Estados Unidos ( e de outros lugares)dando conta de que
Darwin estava errado,Einstein também e que o mundo todo está errado;de que o
problema do Brasil é o analfabetismo funcional, têm uma função de desqualificar
o povo para dirigir os destinos do país,muito conveniente para quem
defende há anos a hegemonia pura e
simples dos Estados Unidos,o que é a
intenção deste governo.
Da
mesma forma que não reconheço a universidade como mediação formadora,não
reconheço esta direita,financiada por interesses cínicos escusos,como superior a ela e muito menos
como profissionalmente afirmativa,produtiva.Se alguns ,como Marx, não servem
para nada,esta direita distorce a
realidade de modo destrutivo e irresponsável,porque ela só tem nome enquanto
espiroqueteia o fantasma do comunismo e de Marx.Do mesmo modo que Marx critica
o capitalismo e obtém um nome duvidoso,já que a sua teoria não se comprova,esta
direita só tem mérito na medida em que a ameaça comunista se apresenta de
formas igualmente fantasmagóricas e falsas(como todo fantasma,um delírio de
mentes psicóticas).
Quando
o Muro caiu em 90,os Estados Unidos inventaram o perigo japonês.Agora é o
Chinês,bem como o mexicano, e macaqueando a sede esta catrefa brasileira põe no
lugar de Marx,a ideologia de gênero,Paulo Freire e a Venezuela.
Stalin
costumava dizer que “ a filosofia propõe e a política dispõe”,mas para ele
Filosofia era só o materialismo dialético,que nunca existiu.Para diluir este
dogmatismo tão letal quanto o da direita(no lugar da metafísica marxista , a
metafísica tomista)Kant,o indefectível,é recomendado:a experiência dos povos
inclui a filosofia ,mas ela pode influir nas questões políticas se os povos
assim o decidirem,mas para que a liberdade seja um traço de continuidade a
partir dela para a vida prática,o pensamento tem que ser livre,puro,não
condicionado por interesses políticos corporativos.
Eu
já citei Nietzsche a respeito disto:” os alemães pararam de pensar,agora tudo é
política e o pensamento se submete a ela”.Após a unificação alemã Nietzsche
notou esta tendência e vaticinou cataclismos próximos futuros.
O
Brasil,que em um artigo de muitos anos atrás ,disse ser o país mais parecido
com a Alemanha nazista, está precisamente nesta situação.Todo o pensamento de
esquerda ou de direita serve a propósitos mesquinhos de pequenos grupos.Não há
traço de união entre Nelson Rodrigues ,Gustavo Corção,Gustavo Barroso e estes
jumentos atuais.
Eu
não costumo e não defendo o uso destes termos agressivos,mas neste caso,tenho
que usar,porque isto me tem sido lançado aqui,de forma covarde(aí sim) e
indireta.A consequência lógica da falta de argumento e fundamento e desta
dependência da politica,da direita hodierna,é a técnica de repressão,de agressão,de
ameaça,que se sobrepõe ao debate civilizado.
O
que Nietzsche quer dizer é que um país civilizado é aquele que pensa sem
preocupação quanto à sua conveniência.É uma confirmação(inconsciente talvez)do
anti-relativismo moral de Kant,para quem a ação incondicionada,isto é,realizada
pelo senso de dever,e não pelos frutos a se
colher,é a base da atividade humana consciente e civilizada.
Ao
loteamento de esquerda,temos agora o de direita,que destrói do mesmo jeito, e
uma medida desta destruição,além do espiroqueteio,é carimbar as pessoas disto
ou daquilo antes de começar o debate.Isto é a mesma coisa do conceito de “
desconfiança organizada”de Stalin:o debate já é
feito condicionado antecipadamente(contra Kant)e nem começa se o modelo
tirânico de plantão não permite.
Por
isto eu sou o único essencial no Brasil de hoje:a liberdade de pensamento.Quem
tem que ser reconhecido sou eu não eu reconhecer os outros.Mas também não sou
eu,é o meu esforço de pensamento.Quem quiser discutir comigo,estou aqui,o
Brasil está aqui.
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