sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

Esclarecimentos sobre a minha concepção de nação

Tenho sempre que voltar aos mesmos temas que reitero porque fica sempre alguma coisa sem compreensão de quem me lê.
Os que acompanham o processo de impeachment de Trump têm percebido que este presidente tem tudo para se salvar ,na medida em que se coloca ao lado do americano médio,que se sente esquecido pelas visões internacionalistas da esquerda.Aliás foi isto o que garantiu a eleição de Trump e eu já analisei o fato na época do pleito.
Mas agora as consequencias deste posicionamento de Trump criam outros problemas de compreensão quanto ao problema nacional e a minha visão.
Para mim é um falso problema colocar internacionalismo e nacional (não exaltação nacionalista)contrapostos.O internacionalismo dos comunistas e marxistas é que confundiu isto tudo.
Por causa da posição de Trump os imigrantes ficaram de fora ,excluídos,notadamente os latinos,que fizeram,inclusive uma marcha.
Porque não pode haver um entendimento mundial para que os povos mais ricos ajudem os mais pobres a sair da miséria e prover os seus nacionais da maneira certa?Existem muitas e muitas justificativas para não fazer,mas é tudo falso.
O modo como agem as grandes potências,eu já disse,regula com o seu passado colonial,imperialista.Muito embora não exista mais um imperialismo,como dominação militar ou civil sobre as colônias,a obra da colonialismo continua aí.
Joaquim Nabuco disse que a escravidão tinha acabado,mas que sua “ obra” continuaria por muito tempo.O mesmo se diz do colonialismo.
Florestan Fernandes explicou como funcionava o pacto colonial:a metrópole domina a colônia através de uma elite(chamada na américa latina de elite “ criolla”,” creóle).Isto acontece porque esta elite,além de dominar mais eficazmente a colônia serve de mercado para os produtos altamente valorizados da metrópole.Nós todos sabemos:a metrópole extrai as matérias-primas da colônia,leva para ela própria ,produz bens de qualidade,que são consumidos pela elite citada,capaz de comprá-los.Mas o povo autóctone não tem condições de fazê-lo,pois os seus salários são baixos,propositalmente baixos,para explorar a mão-obra destes lugares e ganhar com esta super-exploração.
O café brasileiro ainda vive no meio deste esqueminha.Repito:ainda que não haja mais imperialismo,a sua “ obra” continua aí.O mesmo se diz do futebol.
Todas estas crises envolvendo Alemanha e Grécia,Siria e Europa,pirataria no chifre da Àfrica, são a continuidade desta “ obra”.
As elites autóctones permanecem lá ,usufruindo do esqueminha.Quando ocorre algum tipo de descontinuidade,por qualquer motivo,este esquema se revela.Vejamos na Siria:quando o velho Assad foi substitutido pelo filho,certas alianças entre as elites locais e a Europa se esboroaram,enfraquecendo o governo.Isso permitiu a criação de uma oposição ,legitima,que sem conseguir o poder ,enfraqueceu todo o sistema politico,originando uma guerrra civil,a qual abriu um vácuo,ocupado por aproveitadores(Estado Islâmico).Até aí tudo nos conformes.Mas porquê as potências européias não invadiram a Siria para proteger a população indefesa?Porque os Estados Unidos não foram lá?Apesar de ser certo que a ONU deveria ter entrado,porque ninguém deu força a esta ideia óbvia?Porque os interesses dos EUA,da Europa,não permitiram.Não era possível no entender destes interesses se opor à Rússia,aliada da Siria.E a Rússia faz a aliança com esta ditadura para justamente não permitir que estes interesses hegemônicos,desde o neo-colonialismo,prosperem sozinhos,tranquilamente.
Se não fosse assim,no entanto,as potências entrariam e colocariam lá elites semelhantes para dar continuidade à inana.Algo parecido ocorreu na Libia.
Trump ,no seu furor nacionalista é um hipócrita porque ele sabe que os EUA e o G-7 precisam eventualmente desta mão-de-obra barata,a “ obra” do imperialismo prosseguindo.Se no passado esta mão-de-obra ficava no seu lugar ,hoje ela migra de acordo com as conveniências da metrópole.
Trump obteve dividendos eleitorais ,obteve ganhos mercadológicos,dinamismo econômico,mas ele sabe e todo mundo sabe que sem proposta não vai prescindir a longo do prazo do retorno destes trabalhadores de fora.A não ser que as nações se emancipem e se tornem auto-suficientes o problema vai continuar.E Trump só enxerga a ponta do nariz,não mais do que isto.
Quando aconteceu o 11 de setembro muita gente propõs um plano Marshal para o Orienvte de modo a acabar com a miséria destes países e terminar o ressentimento deles contra a metrópole.Eu e Maria da Conceição Tavares rimos muito disto aí:em primeiro lugar o oriente muçulmano apenas é quase quatro vezes maior que a Europa Ocidental;em segundo isto daria mais hegemonia às potências centrais,o que não seria aceito por ninguém,muito justamente.
O que tem que ocorrer,e eu acho que isto é o inicio de uma constituição jurídica de uma comunidade universal e politica de fato é a superação da “ obra” do pacto colonial,emancipando de fato as nações todas,individualmente e/ou por regiões,contando para isso com a ajuda de todos,dos mais ricos para os mais pobres.Os interesses reincidentes da colonialismo,no entanto,permanecem.

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