É
óbvio que a pura e simples concessão de uma renda mínima não é
suficiente para resolver o problema atual do Brasil,muito menos o
estrutural,mas é um começo.E para que prossiga com sucesso,há que
abandonar qualquer visão financeira ou monetária ,mas pondo na base
a questão social,coletiva ,nacional,a orientar a sua aplicação.
O
ex-ministro Cristóvão Buarque,de posições nacionalistas muito
boas ,escreveu no PPS,que agora é o partido da cidadania,que a renda
mínima só terá os efeitos esperados se contar com esta orientação
nacional,que priorize os setores mais necessitados e mais
básicos,como é´o da educação;que planeje os objetivos a longo
prazo da ajuda;que eduque a população no uso do dinheiro,para
engajá-lo neste processo de crescimento a longo prazo.
Muita
gente,naturalmente da ultra-esquerda,acusa esta ideia ,que vai
tomando corpo e adquirindo inevitabilidade,de “
neo-keynesianismo”,de truque da direita,que quer tomar teses da
social-democracia,vista desde a época de Stálin,como “de
direita”.Mas isto é um exclusivismo radical,” de classe”,que
não tem mais lugar aqui,porque se examinarmos a história,mesmo na
URSS e no socialismo real,muitas das politicas estatais
intervencionistas eram iguais ao espirito do “ keynesianismo”,que
perpassa a nossa época.De modo que defender um purismo
socialista,coletivista, não tem cabimento,muito menos estruturar
este pensamento numa concepção rígida de esquerda e
direita.Esquerda e direita ainda existem,mas elas se tocam
dialeticamente.Ninguém da esquerda radical até hoje entendeu a
dialética...
Como
eu disse em outros artigos nunca vi a direita se preocupar com a
questão social,nunca vi.O único politico que eu vi ter uma pequena
guinada para a esquerda foi Paulo Maluf,no governo de São Paulo,no
inicio dos anos oitenta,tendo inclusive atraído para sua
administração pessoas de origem comunista,como Rodolfo Konder.Um
dos seus secretários ,associado a este tipo de politica morreu
recentemente.
Ademais
não tem sentido dizer que uma pessoa de direita não possa
participar do processo politico e oferecer soluções,supondo que só
a esquerda as tem.Lembro-me de um professor meu e de toda a
esquerda,Roland Corbisier,afirmando “ com fundamentos”,que a
direita não podia pensar,porque não tinha dialética...Mas isto é
puramente anedótico,naturalmente.
Apoiar
a renda mínima,defendida por anos,por uma pessoa insuspeita como
Eduardo Suplicy ,nada tem de apoiar a direita,mas de aprofundar uma
tese que veio da esquerda e que a direita está usando com fins pouco
conhecidos.
Mas
avento hipóteses de explicação:dentro desta visão mercadológica
do governo a postura da direita parece parar na questão pura e
simples do consumo,de garantir a dinâmica da economia e não apontar
para uma possibilitação de novos rumos para a nação.Quer dizer
nós temos que ficar entre as duas colunas de Sansão,evitar o
economicismo ultra capitalita da direita e o economicismo da esquerda
que só se preocupa em desenvolver o capitalismo e a classe operária
,para garantir uma “ hegemonia salvadora”,se é que alguém
saiba o que significa isto.
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