domingo, 19 de julho de 2020

O programa de renda minima universal II


É óbvio que a pura e simples concessão de uma renda mínima não é suficiente para resolver o problema atual do Brasil,muito menos o estrutural,mas é um começo.E para que prossiga com sucesso,há que abandonar qualquer visão financeira ou monetária ,mas pondo na base a questão social,coletiva ,nacional,a orientar a sua aplicação.
O ex-ministro Cristóvão Buarque,de posições nacionalistas muito boas ,escreveu no PPS,que agora é o partido da cidadania,que a renda mínima só terá os efeitos esperados se contar com esta orientação nacional,que priorize os setores mais necessitados e mais básicos,como é´o da educação;que planeje os objetivos a longo prazo da ajuda;que eduque a população no uso do dinheiro,para engajá-lo neste processo de crescimento a longo prazo.
Muita gente,naturalmente da ultra-esquerda,acusa esta ideia ,que vai tomando corpo e adquirindo inevitabilidade,de “ neo-keynesianismo”,de truque da direita,que quer tomar teses da social-democracia,vista desde a época de Stálin,como “de direita”.Mas isto é um exclusivismo radical,” de classe”,que não tem mais lugar aqui,porque se examinarmos a história,mesmo na URSS e no socialismo real,muitas das politicas estatais intervencionistas eram iguais ao espirito do “ keynesianismo”,que perpassa a nossa época.De modo que defender um purismo socialista,coletivista, não tem cabimento,muito menos estruturar este pensamento numa concepção rígida de esquerda e direita.Esquerda e direita ainda existem,mas elas se tocam dialeticamente.Ninguém da esquerda radical até hoje entendeu a dialética...
Como eu disse em outros artigos nunca vi a direita se preocupar com a questão social,nunca vi.O único politico que eu vi ter uma pequena guinada para a esquerda foi Paulo Maluf,no governo de São Paulo,no inicio dos anos oitenta,tendo inclusive atraído para sua administração pessoas de origem comunista,como Rodolfo Konder.Um dos seus secretários ,associado a este tipo de politica morreu recentemente.
Ademais não tem sentido dizer que uma pessoa de direita não possa participar do processo politico e oferecer soluções,supondo que só a esquerda as tem.Lembro-me de um professor meu e de toda a esquerda,Roland Corbisier,afirmando “ com fundamentos”,que a direita não podia pensar,porque não tinha dialética...Mas isto é puramente anedótico,naturalmente.
Apoiar a renda mínima,defendida por anos,por uma pessoa insuspeita como Eduardo Suplicy ,nada tem de apoiar a direita,mas de aprofundar uma tese que veio da esquerda e que a direita está usando com fins pouco conhecidos.
Mas avento hipóteses de explicação:dentro desta visão mercadológica do governo a postura da direita parece parar na questão pura e simples do consumo,de garantir a dinâmica da economia e não apontar para uma possibilitação de novos rumos para a nação.Quer dizer nós temos que ficar entre as duas colunas de Sansão,evitar o economicismo ultra capitalita da direita e o economicismo da esquerda que só se preocupa em desenvolver o capitalismo e a classe operária ,para garantir uma “ hegemonia salvadora”,se é que alguém saiba o que significa isto.

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