Eu
ia escrever hoje sobre Marx,que não apoiava propriamente um
preconceito contra a burguesia,mas diante destas palavras horrendas
ditas por uma engenheira ,não pude deixar de bater de novo numa
tecla que eu venho batendo há anos:existem outras formas de
preconceito,além dos corriqueiros que precisam ser reconhecidos pela
lei.
Há
alguns anos atrás eu usava uma barba grande à la Karl Marx.Parado
em frente ao Teatro Municipal do Rio de Janeiro,esperando para
atravessar,um motoqueiro passou pelo sinal e me disse “ corta o
cabelo barbudo”.Eu disse para uma bela menina do meu lado:” como
o problema social no Brasil é grave e isto fica claro com isto
aí”.Ao que ela redarguiu:” não ,é só falta de educação”.
Neste
pequeno diálogo há toda uma questão epistemológica( e politica et
pour cause ):o comportamento
individual não é padronizável,de plano.Mesmo que muitos ajam
assim,como este motoqueiro.Pode ser mera coincidência que muitas
pessoas ajam assim e é coincidência porque a disposição delas
pode ser meramente psicológica.Ainda que uma tendência seja
identificada,segundo os costumes,a transmissão dos valores no meio
social,não é mais do que uma atitude individual e psicológica.
Acostumado
que sou em analisar tudo pela mediação da ciência e da
sociologia,talvez tenha exagerado um pouco e a menina do lado possa
ter tido razão.
Contudo,diante
do que tem acontecido na pandemia e com ,especificamente, o que vimos
ontem na televisão,com dois engenheiros civis agredindo um
trabalhador,há que analisar quando a individualidade se torna um
fato social e sócio-psicológico.
Um
fenômeno social individual se torna um fato social quando adquire
semelhança com outros e estes formam uma tendência destacada(mas
interagente) do todo.O fato social se define por este destaque ,se se
considerar a sua relação com o todo,que é a forma de sua
identificação e ,naturalmente a sua efetividade:a tendencia que se
forma influencia e sofre influencia do todo(dialéticamente falando).
O
exemplo por mim dado acima,do motoqueiro,pode ser visto ,dentro deste
crivo,como um fato de má educação de determinados setores sociais
do Brasil,já que não há prova de que este comportamento é do
todo,ou próximo dele.
O
esquema funciona assim:
As
bolinhas são representativas dos elementos constitutivos da
sociedade e as em amarelo expressam acontecimentos determinados como
os que eu falei acima.determinados por sua relação mútua e
constante,que forma uma tendência.
Os
episódios horrendos protagonizados por esta engenheira
civil,demitida hoje,não são atos individuais,mal-educados ,de uma
pessoa,ou de pessoas não inter-relacionadas,como as bolinhas brancas
no quadrado.Eles são determinados por um preconceito de classe ,de
pessoa,que,por sua vez,este último,deriva da divisão de classes e
suas mediações justificadoras.Por isto eu defendo que não se deve
ater ao preconceito racial,contra mulheres ou lgbt,mas incluir este
tipo de preconceito.
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