terça-feira, 7 de julho de 2020

Sou engenheiro,melhor que você

Eu ia escrever hoje sobre Marx,que não apoiava propriamente um preconceito contra a burguesia,mas diante destas palavras horrendas ditas por uma engenheira ,não pude deixar de bater de novo numa tecla que eu venho batendo há anos:existem outras formas de preconceito,além dos corriqueiros que precisam ser reconhecidos pela lei.
Há alguns anos atrás eu usava uma barba grande à la Karl Marx.Parado em frente ao Teatro Municipal do Rio de Janeiro,esperando para atravessar,um motoqueiro passou pelo sinal e me disse “ corta o cabelo barbudo”.Eu disse para uma bela menina do meu lado:” como o problema social no Brasil é grave e isto fica claro com isto aí”.Ao que ela redarguiu:” não ,é só falta de educação”.
Neste pequeno diálogo há toda uma questão epistemológica( e politica et pour cause ):o comportamento individual não é padronizável,de plano.Mesmo que muitos ajam assim,como este motoqueiro.Pode ser mera coincidência que muitas pessoas ajam assim e é coincidência porque a disposição delas pode ser meramente psicológica.Ainda que uma tendência seja identificada,segundo os costumes,a transmissão dos valores no meio social,não é mais do que uma atitude individual e psicológica.
Acostumado que sou em analisar tudo pela mediação da ciência e da sociologia,talvez tenha exagerado um pouco e a menina do lado possa ter tido razão.
Contudo,diante do que tem acontecido na pandemia e com ,especificamente, o que vimos ontem na televisão,com dois engenheiros civis agredindo um trabalhador,há que analisar quando a individualidade se torna um fato social e sócio-psicológico.
Um fenômeno social individual se torna um fato social quando adquire semelhança com outros e estes formam uma tendência destacada(mas interagente) do todo.O fato social se define por este destaque ,se se considerar a sua relação com o todo,que é a forma de sua identificação e ,naturalmente a sua efetividade:a tendencia que se forma influencia e sofre influencia do todo(dialéticamente falando).
O exemplo por mim dado acima,do motoqueiro,pode ser visto ,dentro deste crivo,como um fato de má educação de determinados setores sociais do Brasil,já que não há prova de que este comportamento é do todo,ou próximo dele.
O esquema funciona assim:
As bolinhas são representativas dos elementos constitutivos da sociedade e as em amarelo expressam acontecimentos determinados como os que eu falei acima.determinados por sua relação mútua e constante,que forma uma tendência.
Os episódios horrendos protagonizados por esta engenheira civil,demitida hoje,não são atos individuais,mal-educados ,de uma pessoa,ou de pessoas não inter-relacionadas,como as bolinhas brancas no quadrado.Eles são determinados por um preconceito de classe ,de pessoa,que,por sua vez,este último,deriva da divisão de classes e suas mediações justificadoras.Por isto eu defendo que não se deve ater ao preconceito racial,contra mulheres ou lgbt,mas incluir este tipo de preconceito.


Nenhum comentário:

Postar um comentário