sábado, 25 de julho de 2020

A banalização do mal


Quantas vezes eu comparei o Brasil à Alemanha nazista!Agora tudo parece se confirmar!Os brasileiros morrem aos montes à nossa volta e nós não fazemos rigorosamente nada!
Hannah Arendt se referiu a este conceito de “ banalização do mal” quando analisou o jugamento de Eichmann em Jerusalém,em 1960,afirmando que os criminosos nazistas eram pessoas comuns,do cotidiano ,revelando que o “ mal radica na humanidade”(Kant) e que não adianta construir uma imagem monstruosa destes transgressores de todos os tipos,porque eles se assemelham às pessoas de bem.
Isto causou um rebuliço na comunidade judaica,porque ficou parecendo que Hanna Arendt comparava os judeus,israelenses,aos nazistas,mas não foi isto:o que ela disse é o que Kant disse,que a luta pelo bem começava na superação do indiferentismo diante do sofrimento e que isto era uma busca interior,com consequencias coletivas.Acrescentando a dialética poderiamos dizer que estas duas instâncias se interpenetram.
O que se vê hoje no Brasil é que nem chegamos à conclusão subjetiva de que a superação do indiferentismo deve se dar.Nem chegamos a isto.E não se vê nada na linha do horizonte.
O que facilitou as coisas para o nazismo fazer o que fez foi a aceitação tácita,a omissão média do povo alemão(não de todo o povo alemão ) e os efeitos desta pandemia expressam o mesmo problema em relação à média do povo brasileiro(classe média,classe alta,classe operária[é bom esclarecer antes que um radical venha aqui culpar uma classe só]):indiferentismo.
Quanto mais a coisa piora a tendência de indiferentismo cresce e se torna escárnio,que é um dos atributos do sadismo moral.
Há o fenômeno também do escapismo:muitos saem para os bares porque não aguentam mais.Contudo a compreensão de que seu próximo pode morrer por sua causa ,justifica um sacrificio por parte de um povo que cultua na sua maioria um deus-menino que sofreu na cruz e cujo sofrimento devia inspirar esta mobilização frente aos que falecem,depois de tormentos.
O presidente cristaliza este descalabro,de há muito tempo, e adiciona o cinismo à legião de demônios:provoca o povo para que o coloque porta a fora,colocando um governo militar.Isto é,faz politica do mais baixo nível,às custas dos cemitérios.
A História é assim mesmo” é um conceito que eu ouvi a vida inteira como tendo sido criado pelo fascismo,mas que eu ouvi também na esquerda,em diversas modalidades de monstruosidades.Ninguém aprendeu a lição de Auschwitz,porque dizer isto,banalizar estes cataclismos que a historia já devia ter parado de apresentar,é considerar as câmaras de gás e os fornos como coisas normais.Banais.
É bom que o povo brasileiro tire disso uma lição que aumente o seu grau de consciência politica:o politico que ele esperava ser o defensor do seu pais(e não de Cuba),atua contra ele.Realmente é dificil escolher entre tantos politicos com rabo preso e com um passado duvidoso,mas entrever nas tonalidades do espectro politico outras qualidades e necessidades para eleger um representante,por mais que seja difcil fazer tendo que viver e trabalhar,é essencial para evitar no futuro a ascenção de um fascista ou de um totalitário de esquerda.Alguém do centro,com preocupações sociais bem fundadas e com propostas derivativas,era e é melhor para o Brasil.


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