Vendo algumas afirmações de Pedro Bial sobre a luta cultural no Brasil de hoje, relembro alguns conceitos sobre o tema,ao longo de tantas postagens que fiz.
Uma das condições de qualquer nação se dizer moderna e contemporânea é ter superado a intersecção herdada do passado entre o estado e a religião.
Mesmo Montesquieu percebera no passado que a tendência inelutável da história era o republicanismo.Ele chamou a Inglaterra de “ falsa monarquia” ou “ monarquia republicana”,fato que sempre me intrigou desde que vi este conceito em Paulo Bonavides...
Um
dos elementos incontrastáveis deste republicanismo,que é fonte do
progresso das nações centrais,é esta separação entre o estado,a
cidadania ,e a religião.
Não é um ataque à religião,mas a
colocação de cada conceito em seu devido lugar:a religião é uma
questão privada e a cidadania é que orienta as questões de ordem
coletiva de uma nação.
Exatamente por isto ,por esta distinção bem compreendida pela cidadania,é que o progresso se faz presente nas sociedades modernas,porque a agenda social não é perturbada com questões particulares ,como acontece no Brasil.
Quando a Alemanha se unificou,bem como a Itália,este problema foi resolvido nem sempre de maneira democrática,mas foi.Em Portugal só se consolidou com a Revolução dos Cravos e neste seu caminho tortuoso causou enormes desastres:o governo de Sidônio Paes quis desmoralizar a religião católica e acabou recebendo em troca o misticismo das aparições da Virgem,que uniram o campesinato e impediram o seu massacre.E o pior:gerou o salazarismo pouco tempo depois.
No Brasil esta mistura infernal entre o pensamento religioso e republicano não desata nunca,porque o brasileiro confunde o público com o privado ,em favor deste último e não se forma uma agenda coletiva,de progresso ,homogênea, capaz de impulsionar os governos para o lado certo,ou seja,aquilo que a soberania quer,a cidadania quer.
O que a cidadania quer é o que ela precisa:retorno do governo de suas demandas,mas estas são aquelas que melhoram a condição geral dela.
O religioso tem que entender que ele tem todo o direito de praticar a sua fé.Mas quando sai de seu culto,de seu ritual,ele deve pensar fundamentalmente no coletivo,compreendendo que se o coletivo estiver bem e com as suas demandas atendidas ele mesmo estará.
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