Nestes meus estudos de marxismo que me levaram a adotar uma atitude politica centrista e reconhecendo o papel da nação,algumas constatações eu fiz.
Uma delas,entre outras,é que o centro é sempre fraquinho.Prepocupado com regras e valores(muito justamente)ele custa a se movimentar e normalmente é superado por figuras de ferrabrazes ,como Lênin,que passam por cima destas hesitações(supostas)e cristalizam o desejo de coletividades que os seguem,no final.
Sem retornar aos temas que tenho discutido aqui,fica claro que a via mais moderada para o socialismo e o comunismo é a que venceu ,porque a precipitação de Lênin fracassou.
Eu acho muito engraçado que até hoje o radical ortodoxo de esquerda teça loas aos sucessos de 1917 sem se referir ao fracasso de 1991...Só pode ser psicose...
No entanto,persiste o problema de que porque esta via sempre custa a lutar e às vezes,não raro,sofre as consequencias de sua ,não digo,inação,mas demora,digamos assim.
Existem elementos que justificam esta situação:a postura voluntarista e revolucionária de Lênin é,no final,mais fácil de fazer.Manipular a democracia ,como ele preconizou na “ Doença Infantil” é um modo de fazer politica revolucionária fácil,principalmente se as circunstâncias ajudam.
Mas a história provou que os objetivos desejados pelo voluntarismo ,pela iniciativa individual e coletiva,não são alcançados,por mais força que se tenha.
O alternativa social-democrática,que veio do tempo de Marx e por inspiração dele ,pretendeu diluir esta iniciativa e esperar o advento da utopia como algo inevitável.Pertence a outro artigo a discussão deste contexto,mas também esta concepção padece de um vicio de origem e não demonstrou sucesso,muito embora,esteja na origem da social-democracia moderna,que,apesar dos pesares,trouxe mais progressos sociais.
O evolucionarismo socialista é tão inócuo,quanto o leninismo que produz as violências e distorções que produziu.
A questão,e é isto que me move como pesquisador destes temas e militante,é que não há como mudar a sociedade sem a sua compreensão,minima que seja.
O nexo teoria e prática continua ,mas eu não estou me referindo à obrigatoriedade de seguir um modelo marxista ou filosófico.Estou dizendo que deve haver uma base ,uma compreensão de como funciona a sociedade para mudá-la.
Seguindo Kant como eu sigo,a filosofia,Marx podem participar do processo prático e cotidiano dos povos,mas não têm um caráter obrigatório e muito menos único,modelar único.Eles se inserem na experiência dos povos.Esta é a forma de associar a pessoa comum com a vanguarda.Não é só a democracia ,mas a prática cotidiana dos povos.
Por mais comum e sem formação que uma pessoa seja tem a prática diuturna no seu local de vida e esta prática pode passar para politicas,no esforço de apresentação de soluções.
O verdadeiro internacionalismo é o da comunidade universal,dos direitos humanos,não proletário somente.Eu vou tratar disto depois,mas o que eu estou falando aqui é para mostrar que o erro da esquerda em geral e da brasileira em particular é não incluir o problema nacional e não fazer um esforço de compreensão das relações entre as classes.
Isto torna o centro sempre fraquinho,principalmente a esquerda que se propóe a fazer a utopia.Se nós repararmos,na história,sempre o elemento de conflito é o que cria mais movimentos e cataclismos,que de um jeito ou de outro fazem as coisas mudarem.
Mas a perspectiva rupturista é hobbesiana,no sentido de que as iniciativas se fazem usando determinados grupos,pessoas,paises e situações.Em vários momentos da história a manipulação do outro é o que impulsiona.
Aqui mesmo no Brasil atual a direita só botou as manguinhas de fora porque a esquerda se complicou.A revolução russa começou a se viabilizar quando Lênin manipulou o desejo de paz dos russos,em meio a uma guerra inconclusiva e sangrenta.
Bismarck conseguiu unificar a Alemanha às expensas da Áustria e da França.
Mas então,não há possibilidade de se fazer mudanças politicas e históricas,a partir de uma base bem fundamentada sem recorrer aos outros?Porque faço esta pergunta?Porque o modo hobbesiano de se construir uma politica é sempre manipulatório,falso e destrutivo. E tudo o que é destrutivo deixa sequelas que prejudicam o futuro e mesmo inviabilizam.
Houve mudanças positivas derivadas das guerras napoleônicas e também da revolução russa,mas anos foram necessários para estabilizar a França,basta ver os comentários de Tocqueville.E a obra da revolução russa se esboroou.
A social-democracia,sempre moderada,desde o século XIX e no século XX,bem como setores democráticos especificos,parecidos ou não com ela,sempre tiveram dificuldades para se projetar e ganhar o povo.
Hoje no Brasil a busca de uma terceira via confirma esta avaliação e as ridículas manifestações de ontem coorroboram esta assertiva.No próximo artigo eu vou aprofundar este meu pensamento.
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