Quando
houve a auto-critica universal dos comunistas em 56,entre eles stalinistas,um
fenômeno bastante interessante e complexo também apareceu:o stalinista que
finge ter feito a auto-critica.
Vamos
percorrer a história das auto-criticas do comunismo no século XX:em 56,Kruschev
que havia participado de forma destacada da repressão à Ucrânia na
coletivização forçada,teve(digo teve ) que fazer esta enorme e histórica
auto-critica,porque senão s eu governo e a urss não se sustentariam.
Em todos os
momentos,e como prática que se tornou obrigatória nos partidos comunistas,a
auto-crítica,o reconhecimento dos erros,adquiriu dois significados
principais:de anátema e de justificação para exatamente ter o contrário daquilo
que se espera de uma autocritica,a mudança.O que houve foi o fenômeno da
relativização:o sujeito comete um erro crasso ,faz uma auto-crítica e fica no
mesmo lugar.Prestes é um dos exemplos mais claros disto aí:disse que a
revolução comunista estava em curso 20 dias antes dela ser derrotada.No dia
seguinte à derrota reconheceu que estava errado...Num lugar sério,num partido
sério,ele seria apeado do poder imediatamente,mas os seguidores o seguiriam,por
isso tal retirada levou uns vinte anos.
Marcuse
identificou no anátema algo semelhante
ao que ocorria na inquisição:uma forma de obrigar a pessoa a confessar seus
erros(e crimes) e se modificar segundo os critérios do coletivo,de submissão ao
coletivo.
A igreja
católica usou de um truque ,um erro sutil programado,que foi depois sempre
usado pelos ditadores ,tiranos e totalitários de todas as épocas:na figura do
pecado ela introduz subliminarmente o crime,crimes menores,manipulando o seu
peso;e no pecado mesmo,de outro lado, exagera certos
comportamentos(masturbação),quase igualando-o ao crime.Desta forma ela
manipula(Ou eles manipulam considerando seus seguidores supra-ditos)as
pessoas,a partir de coletivos e ideologias mal-formadas e com vicios de origem.
Platão já
tinha identificado isto na
“República”:”se todos são igualados alguém ,sub-repticiamente, manipula
e controla esta coletividade,onde ninguém se mexe.Só os “de cima”.
O artigo do
Prof.: Ivonaldo,que me foi trazido aqui eletronicamente pela revista “A Terra é Redonda”,é cheio
destas características acima relacionadas:circunlóquios e cabriolés que visam
“readaptar” ,como sempre,uma corrente de pensamento cujo valor e peso já não
têm tanto significado e não tinha antes:só passou a ter por causa da vinculação
entre Lênin e Marx,que como já
demonstrei,não é verdadeira,visto que Marx nunca apoiou a Revolução na Rússia.
A
considerar as afirmações de Issac Deutscher no seu “O Profeta Armado”,de que
Vera Zasulitch convenceu Lênin de que era possivel aplicar Marx à Rússia,ela
mentiu,porque recebeu em 1881 uma
resposta categórica do pensador negando este caminho.(Deutscher,Isaac-
“O profeta Armado”-p.130)
Desde então
e com o cânon soviético sendo o mais importante modelo a orientar os revolucionários,mesmo depois da
imensa derrota,nenhum comunista ou stalinista aceita admiti-la,por razões de
convicção,mas de ordem igualmente pessoal e existencial:se admitirem admitirão
o fracasso de suas vidas,daquilo porque empenharam as suas vidas.
Contudo,todo
movimento se renova e se o revolucionário em geral(auto-proclamado) tem apego à
vida e não só a si mesmo(como é o caso dos intlectuais marxistas);se tem apego
ao futuro como diz frequentemente,mudar
não seria algo tão penoso.
Contudo o
medo a ser esquecido ,o medo de olhar para trás e não ver nada supera a luta ,a
necessidade de continuidade da luta.E também a
egocentria e vaidade pessoais exigem exaltação.
O artigo
deste professor tem parágrafos importantes a serem contestados e pretendo fazer
isto num quase livro,que já estou aprontando aqui ,mas envio este pequeno
artigo,escolhendo um parágrafo só,por ele ser elucidativo da minha posição
atual e por comprovar o que eu disse acima.
Diante da
necessidade de reconhecer os erros e crimes de Stalin(não se sabe bem o
quê,erros às vezes vêm no lugar dos crimes...)mas contunuando no mesmo caminho(porque
se admitir os erros e crimes a pessoa desaparece para sempre)há que dar voltas
intelectuais para manter as coisas do jeito que estão ou estavam.
A afirmação
do Sr. Ivonaldo de que o cientificismo começa com a II internacional se encaixa
nisto aí.Por causa de Rosa Luxemburgo e seu texto sobre a acumulação do capital
se fez uma conexão até certo ponto verdadeira entre a II internacional e Stalin
e a sua visão do colapso geral do capitalismo,que fundamentou a ação do
Instituto Marx-Engels-Lenin e depois Stalin,sob
a batuta de Evgueni Varga,da “ Crise Geral do Capitalismo”.
Contudo
como observa Oskar Negt,no volume 2 da parte III de sua História
do Marxismo Rosa Luxemburg não é uma ruptura com Marx,ela é uma
renovação da ortodoxia,que começa evidentemente com Marx.Marx não analisou a
questão dos mercados externos,que vieram com o colonialismo no final do
séc.XIX.(Oskar Negt- “Rosa Luxemburg e a renovação do Marxismo”-in
Hobsbawn,História do Marxismo,parte III,II Internacional-Paz e Terra-1984)
Quando Rosa
foi resenhar o capital,notou que ele estava defasado e tentou mostrar o óbvio:o
capitalismo se renovou porque buscou novos mercados.Aquilo que aconteceria no
âmbito mesmo do capitalismo,a sua explosão,prevista por Marx,foi adiado pela
conquista dos mercados externos ,mas quando isto acabasse o capitalismo entraria em crise definitiva.
Por este
motivo a estratégia anti-imperialista da URSS consagrava a ajuda ao processo d
e descolonização da África.Certa vez Lênin disse “ a vitória do socialismo
passa pela África”.Lênin estava dentro desta concepção e deste caminho também
,porque ele vinha desde Marx.A partir do esquerma só e sta conclusão era
possivel.
Então não
há uma ruptura propriamente e existe uma linha que vai de Marx até Stalin.
Mas não é
por isto que eu ressalto tais fatos :o truque stalinista a que eu me refiro é para salvar o principio
revolucionário ,supostamente estabelecido por ele e isentá-lo de culpa na
eclosão do stalinismo.O truque é este.
Mas não se
pode separar um do outro,porque toda a estrutura que permitiu o stalinismo foi ele quem
criou.Um não pode ser separado do outro e Lênin é a base.
Como eu já
mostrei em alguns dos meus artigos Marx
nunca apoiou a Revolução e se Lênin a fez em nome ele errou,não é marxista.
A única
parte do marxismo que não é cientificista ou ideologicamente cientificista,é a
II internacional,que associou ao marxismo,no qual falta uma filosofia,à Kant.
Korsch e os
irmãos Bauer principalmente,mas Bernstein também(Kautsky menos)mostraram o
valor autonômo das idéias e como elas deviam ser levadas em consideração no
processo revolucionário.
Neste
momento os vácuos proprios que levaram ás distorções na concepção marxista da
superestrtutura,empobrecida como mero reflexo da base material, causaram a
impressão de que o comunismo viria como mera consequencia objetiva do
desenvolvimento do capitalismo.
Bernstein
cometeu este erro ao dizer que “o
movimento é tudo” e Gramsci em certa ocasião contestou esta afirmação,afirmando
que num determinado momento a decisão revolucionária teria que se fazer
presente ,por mais simples que seja.
Mas a
partir da II internacional e de Gramsci fica claro ,com a sua primeira
antinomia, que o processo revolucionário
como entendiam Lênin e Marx não
ocorreria mais,pelo menos no ocidente e como eu já expus num outro artigo
recente meu ,no final da vida Engels reconhecia que aquele modelo
revolucionário d e barricadas não existia mais.
Tanto em
Bernstein como em Gramsci,a questão da autonomia crescente da
superestrutura,que se ligava a paises ocidentais complexos,adquire um papel
decisivo na superação do principio revolucionário,como Marx e Engels
desejavam.Este último até a parte final da vida.
Confundindo-se
esta questão de superestrutura,ou seja,não reconhecendo a sua autonomia,o Sr.
Ivonaldo mantém o marxismo intacto o que não é verdade e o que não é possivel.
Mas é um
truque jogar a culpa na II internacional
pela eclosão do stalinismo,quando a culpa é de Lenin e dos bolcheviques que
fizeram uma revolução fora de lugar.
Quando a
base subjetiva não existe ,bem como a objetiva,não há como construir comunismo
e aí o poder dominante,hegemônico,se impõe pela força.Mesmo que sejam os
utopistas,os operários.O trabalhador oprime também.
O incauto
que não conhece esta discussão associa Stalin ao evolucionismo socialista da
segunda internacional,mas o processo revolucionário continua,mesmo na
estratégia de reformas.
As
revoluções são engandoras,porque as vezes elas não mudam nada.Mao Tsé Tung
disse isto no final da vida ,que não tinha mudado nada,só o entorno imediato
dele.
Como diz
Ellen Wood e no rastro do marxismo ocidental da II internacional e a partir de
Gramsci,a transformação revolucionária se
dá na sociedade civil e pela democracia,considerando as classe média e operária,considerando a nação,como fizeram
até certo ponto os italianos do PCI.(Wood,Ellen -” A democracia contra o
capitalismo”)
Ma o
cientificismo está em Marx,na sua concepção dialética puramente
hegeliana,monistica,que é ressaltada por Plekhanov e continuada por Rosa
Luxemburg e que reflete-se em Stalin.
Ao usar
Kant e a democracia a Internacional e os
autores citados rompem com esta metafísica de Marx,com esta visão explosiva e
rupturista,que o Sr. Ivonaldo pretende manter sem conseguir.
P.S.:
este
artigos que têm chegado aqui na minha internet são feitos a partir dos
conceitos e verdades que eu tenho escrito nos meus blogs,os quais têm sido
lidos por vocês da Revista.
O truque é
simples,mas desonesto:o que tenho dito aqui é conhecido,mas chegou a hora de
fazer alarde dos erros e vicios de origem do marxismo,pela esquerda ,como
eu faço aqui.Com estes artigos vocês pretendem dizer que quem trouxe estes
temas foram vocês mas fui eu ,tem sido eu e eu exijo ser reconhecido.
Não vou
deixar que vocês vendam para o público esta inverdade.Por dever de honestidade
que o crítico de esquerda sou eu.
Jacob
Boehme,Mestre Eckhart e as relações com Hegel e Marx fui eu que trouxe não
aquele professor que apareceu aí.É claro que existem pessoas que abordaram esta
questão,em algum lugar mas a chegada destes artigos aqui têm este propósito de
dizer que eu me acho original mas não sou e que estou tirando algo de
alguém,que tem doutorado.Mentira:eu saí na frente.
O Brasil
não é uma arena em que a esquerda e a direita se digladiam o tempo todo
não.Existem os outros modelos,uma terceira ia e uma democracia,um estado de
direito.
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