terça-feira, 21 de março de 2023

Um truque stalinista muito do vagabundo artigo dedicado ao espirito de honestidade da revistinha a terra é redonda

 

Quando houve a auto-critica universal dos comunistas em 56,entre eles stalinistas,um fenômeno bastante interessante e complexo também apareceu:o stalinista que finge ter feito a auto-critica.

Vamos percorrer a história das auto-criticas do comunismo no século XX:em 56,Kruschev que havia participado de forma destacada da repressão à Ucrânia na coletivização forçada,teve(digo teve ) que fazer esta enorme e histórica auto-critica,porque senão s eu governo e a urss não se sustentariam.

Em todos os momentos,e como prática que se tornou obrigatória nos partidos comunistas,a auto-crítica,o reconhecimento dos erros,adquiriu dois significados principais:de anátema e de justificação para exatamente ter o contrário daquilo que se espera de uma autocritica,a mudança.O que houve foi o fenômeno da relativização:o sujeito comete um erro crasso ,faz uma auto-crítica e fica no mesmo lugar.Prestes é um dos exemplos mais claros disto aí:disse que a revolução comunista estava em curso 20 dias antes dela ser derrotada.No dia seguinte à derrota reconheceu que estava errado...Num lugar sério,num partido sério,ele seria apeado do poder imediatamente,mas os seguidores o seguiriam,por isso tal retirada levou uns vinte anos.

Marcuse identificou no anátema  algo semelhante ao que ocorria na inquisição:uma forma de obrigar a pessoa a confessar seus erros(e crimes) e se modificar segundo os critérios do coletivo,de submissão ao coletivo.

A igreja católica usou de um truque ,um erro sutil programado,que foi depois sempre usado pelos ditadores ,tiranos e totalitários de todas as épocas:na figura do pecado ela introduz subliminarmente o crime,crimes menores,manipulando o seu peso;e no pecado mesmo,de outro lado, exagera certos comportamentos(masturbação),quase igualando-o ao crime.Desta forma ela manipula(Ou eles manipulam considerando seus seguidores supra-ditos)as pessoas,a partir de coletivos e ideologias mal-formadas e com vicios de origem.

Platão já tinha identificado isto na  “República”:”se todos são igualados alguém ,sub-repticiamente, manipula e controla esta coletividade,onde ninguém se mexe.Só os “de cima”.

O artigo do Prof.: Ivonaldo,que me foi trazido aqui eletronicamente  pela revista “A Terra é Redonda”,é cheio destas características acima relacionadas:circunlóquios e cabriolés que visam “readaptar” ,como sempre,uma corrente de pensamento cujo valor e peso já não têm tanto significado e não tinha antes:só passou a ter por causa da vinculação entre Lênin e Marx,que  como já demonstrei,não é verdadeira,visto que Marx nunca apoiou a Revolução na Rússia.

A considerar as afirmações de Issac Deutscher no seu “O Profeta Armado”,de que Vera Zasulitch convenceu Lênin de que era possivel aplicar Marx à Rússia,ela mentiu,porque recebeu em 1881 uma  resposta categórica do pensador negando este caminho.(Deutscher,Isaac- “O profeta Armado”-p.130)

Desde então e com o cânon soviético sendo o mais importante modelo  a orientar os revolucionários,mesmo depois da imensa derrota,nenhum comunista ou stalinista aceita admiti-la,por razões de convicção,mas de ordem igualmente pessoal e existencial:se admitirem admitirão o fracasso de suas vidas,daquilo porque empenharam as suas vidas.

Contudo,todo movimento se renova e se o revolucionário em geral(auto-proclamado) tem apego à vida e não só a si mesmo(como é o caso dos intlectuais marxistas);se tem apego ao futuro como diz  frequentemente,mudar não seria algo tão penoso.

Contudo o medo a ser esquecido ,o medo de olhar para trás e não ver nada supera a luta ,a necessidade de continuidade da luta.E também a  egocentria e vaidade pessoais exigem exaltação.

O artigo deste professor tem parágrafos importantes a serem contestados e pretendo fazer isto num quase livro,que já estou aprontando aqui ,mas envio este pequeno artigo,escolhendo um parágrafo só,por ele ser elucidativo da minha posição atual e por comprovar o que eu disse acima.

Diante da necessidade de reconhecer os erros e crimes de Stalin(não se sabe bem o quê,erros às vezes vêm no lugar dos crimes...)mas contunuando no mesmo caminho(porque se admitir os erros e crimes a pessoa desaparece para sempre)há que dar voltas intelectuais para manter as coisas do jeito que estão ou estavam.

A afirmação do Sr. Ivonaldo de que o cientificismo começa com a II internacional se encaixa nisto aí.Por causa de Rosa Luxemburgo e seu texto sobre a acumulação do capital se fez uma conexão até certo ponto verdadeira entre a II internacional e Stalin e a sua visão do colapso geral do capitalismo,que fundamentou a ação do Instituto Marx-Engels-Lenin e depois Stalin,sob  a batuta de Evgueni Varga,da “ Crise Geral do Capitalismo”.

Contudo como observa Oskar Negt,no volume 2 da parte III de  sua História  do Marxismo Rosa Luxemburg não é uma ruptura com Marx,ela é uma renovação da ortodoxia,que começa evidentemente com Marx.Marx não analisou a questão dos mercados externos,que vieram com o colonialismo no final do séc.XIX.(Oskar Negt- “Rosa Luxemburg e a renovação do Marxismo”-in Hobsbawn,História do Marxismo,parte III,II Internacional-Paz e Terra-1984)

Quando Rosa foi resenhar o capital,notou que ele estava defasado e tentou mostrar o óbvio:o capitalismo se renovou porque buscou novos mercados.Aquilo que aconteceria no âmbito mesmo do capitalismo,a sua explosão,prevista por Marx,foi adiado pela conquista dos mercados externos ,mas quando isto acabasse  o capitalismo entraria em crise definitiva.

Por este motivo a estratégia anti-imperialista da URSS consagrava a ajuda ao processo d e descolonização da África.Certa vez Lênin disse “ a vitória do socialismo passa pela África”.Lênin estava dentro desta concepção e deste caminho também ,porque ele vinha desde Marx.A partir do esquerma só e sta conclusão era possivel.

Então não há uma ruptura propriamente e existe uma linha que vai de Marx até Stalin.

Mas não é por isto que eu ressalto tais fatos :o truque stalinista a que eu me  refiro é para salvar o principio revolucionário ,supostamente estabelecido por ele e isentá-lo de culpa na eclosão do stalinismo.O truque é este.

Mas não se pode separar um do outro,porque toda a estrutura  que permitiu o stalinismo foi ele quem criou.Um não pode ser separado do outro e Lênin é a base.

Como eu já mostrei em alguns dos meus artigos  Marx nunca apoiou a Revolução e se Lênin a fez em nome ele errou,não é marxista.

A única parte do marxismo que não é cientificista ou ideologicamente cientificista,é a II internacional,que associou ao marxismo,no qual falta uma filosofia,à Kant.

Korsch e os irmãos Bauer principalmente,mas Bernstein também(Kautsky menos)mostraram o valor autonômo das idéias e como elas deviam ser levadas em consideração no processo revolucionário.

Neste momento os vácuos proprios que levaram ás distorções na concepção marxista da superestrtutura,empobrecida como mero reflexo da base material, causaram a impressão de que o comunismo viria como mera consequencia objetiva do desenvolvimento do capitalismo.

Bernstein cometeu este erro  ao dizer que “o movimento é tudo” e Gramsci em certa ocasião contestou esta afirmação,afirmando que num determinado momento a decisão revolucionária teria que se fazer presente ,por mais simples que seja.

Mas a partir da II internacional e de Gramsci fica claro ,com a sua primeira antinomia, que o processo  revolucionário como entendiam  Lênin e Marx não ocorreria mais,pelo menos no ocidente e como eu já expus num outro artigo recente meu ,no final da vida Engels reconhecia que aquele modelo revolucionário d e barricadas não existia mais.

Tanto em Bernstein como em Gramsci,a questão da autonomia crescente da superestrutura,que se ligava a paises ocidentais complexos,adquire um papel decisivo na superação do principio revolucionário,como Marx e Engels desejavam.Este último até a parte final da vida.

Confundindo-se esta questão de superestrutura,ou seja,não reconhecendo a sua autonomia,o Sr. Ivonaldo mantém o marxismo intacto o que não é verdade  e o que não é possivel.

Mas é um truque jogar a  culpa na II internacional pela eclosão do stalinismo,quando a culpa é de Lenin e dos bolcheviques que fizeram uma revolução fora de lugar.

Quando a base subjetiva não existe ,bem como a objetiva,não há como construir comunismo e aí o poder dominante,hegemônico,se impõe pela força.Mesmo que sejam os utopistas,os operários.O trabalhador oprime também.

O incauto que não conhece esta discussão associa Stalin ao evolucionismo socialista da segunda internacional,mas o processo revolucionário continua,mesmo na estratégia de reformas.

As revoluções são engandoras,porque as vezes elas não mudam nada.Mao Tsé Tung disse isto no final da vida ,que não tinha mudado nada,só o entorno imediato dele.

Como diz Ellen Wood e no rastro do marxismo ocidental da II internacional e a partir de Gramsci,a transformação revolucionária se  dá na sociedade civil e pela democracia,considerando as classe média  e operária,considerando a nação,como fizeram até certo ponto os italianos do PCI.(Wood,Ellen -” A democracia contra o capitalismo”)

Ma o cientificismo está em Marx,na sua concepção dialética puramente hegeliana,monistica,que é ressaltada por Plekhanov e continuada por Rosa Luxemburg e que reflete-se em Stalin.

Ao usar Kant e a democracia a Internacional e  os autores citados rompem com esta metafísica de Marx,com esta visão explosiva e rupturista,que o Sr. Ivonaldo pretende manter sem conseguir.

P.S.:

este artigos que têm chegado aqui na minha internet são feitos a partir dos conceitos e verdades que eu tenho escrito nos meus blogs,os quais têm sido lidos por vocês da Revista.

O truque é simples,mas desonesto:o que tenho dito aqui é conhecido,mas chegou a hora de fazer alarde dos erros e vicios de origem do marxismo,pela esquerda ,como eu faço aqui.Com estes artigos vocês pretendem dizer que quem trouxe estes temas foram vocês mas fui eu ,tem sido eu e eu exijo ser reconhecido.

Não vou deixar que vocês vendam para o público esta inverdade.Por dever de honestidade que o crítico de esquerda sou eu.

Jacob Boehme,Mestre Eckhart e as relações com Hegel e Marx fui eu que trouxe não aquele professor que apareceu aí.É claro que existem pessoas que abordaram esta questão,em algum lugar mas a chegada destes artigos aqui têm este propósito de dizer que eu me acho original mas não sou e que estou tirando algo de alguém,que tem doutorado.Mentira:eu saí na frente.

O Brasil não é uma arena em que a esquerda e a direita se digladiam o tempo todo não.Existem os outros modelos,uma terceira ia e uma democracia,um estado de direito.

 

 

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