segunda-feira, 11 de setembro de 2023

Os termos fundantes da ditadura militar brasileira

 

Ainda que eu discorde profundamente da luta armada,reconheço que do ponto de vista do direito individual de participação politica,a atitude dos militares em usurpar este direito justifica uma revolta,que,no final,tem a ver com o povo brasileiro,que o perdeu da mesma forma que estes grupos de esquerda.

Não que o povo os apoiasse,mas no fundo a luta era a mesma(se é que a maioria queria lutar).

Essas discussões sobre a definição de ditadura me parecem bizantinas.Havia ,no entanto,um compromisso do Mal Castelo de entregar o poder aos civis e à normalidade democrática logo em 64.Neste momento discute-se se havia ditadura ou não.

Para mim um governante auto-arrogado,sob que justificativa for,é ditatorial se se extende além daquele motivo que o fez tomar o poder.

A defesa de algo legitimo eventualmente justifica a permanência de alguém no poder,mas superada a razão a normalidade retorna obrigatoriamente.

No caso da ditadura militar a pura e simples extensão do mandato do Mal para 66 e depois para 67 é ilegitima,porque bastava ,no caso de 64, impeachment.

Tudo o mais é ditadura para mim.Mas houve um recrudescimento antes do “ segundo golpe” com o AI-5:a usurpação por parte dos militares do direito de participação politica do cidadão,quando a candidatura a suceder o Mal Castelo Branco foi a de um militar :Costa e Silva.

Não importa que Castelo Branco não o quisesse,porque o critério é objetivo:o povo brasileiro foi atingido e algumas pessoas se sentiram no direito de lutar contra esta usurpação dos militares,da soberania popular.

O conceito de usurpação foi trazido de volta ,entre outros,por Roland Corbisier,naquele periodo.Deriva da visão do escritor francês Benjamin Constant(não o nosso)que num livro famoso de Direito Constitucional o cunhou.

No tempo deste autor francês a questão era relativa ao papel de Napoleão,que era visto como usurpador da coroa pelos legitimistas,após se declarar imperador em 1805.Aqui neste artigo eu não vou discutir isto não.Este é um tema para um livro.

Mas ele se encaixa no que os militares fizeram aqui no Brasil.

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