segunda-feira, 30 de novembro de 2020
quinta-feira, 26 de novembro de 2020
A lista de João Saldanha
Pouco antes de morrer ,no ano de 1896,o ano mirabilis de Diego Maradona,João Saldanha elaborou uma lista ,sem ordem,dos cinco maiores jogadores de futebol da História,no calor das discussões sobre quem era o melhor,Pelé ou Maradona:Pelé ,Garrincha,Puskas,Di Stefano e Maradona.
Quando eu era professor nas faculdades particulares costumava usar os jogadores de futebol para mostrar as diferenças de aptidão entre autores,realizadores,criadores de toda ordem.Eu usava também ,e comparava com,os mestres do renascimento:Michelângelo foi aquele que atingiu nas artes plásticas o máximo das possibilidades de seu tempo,enquanto que Leonardo Da Vinci avançou no máximo possível de recursos disponíveis,segundo uma ordem e critérios definidos.Usei muito Picasso,para explicar o nivel de universalização profissional de um realizador.
Os jogadores entravam neste contexto aí pedagógico explicativo,notadamente quando eu lecionava na zona oeste,mas não só.
Até mesmo para explicar a soberania popular eu usava o exemplo das torcidas,que funcionavam como o povo,que exigia dos seus representantes,o clube e os times ,que realizassem os “ fins” de governo:ganhar títulos.
Dentro desta premissa eu fazia uma ordem de qualificação que punha estes cinco jogadores assim,por ordem decrescente:Pelé,Di Stefano,Puskas,Garrincha e Maradona.
O principal critério é não julgar o jogador por Copa do Mundo:é no dia a dia do futebol que se apura a qualidade essencial do jogador.Copa do mundo é sazonal,eventual.No inicio eu achava que porque Garrincha havia ganho duas Copas deveria ficar logo atrás de Pelé,mas Di Stefano e Puskas integraram o clube considerado o maior da história ,o Real Madrid,muito justamente,por ganhar cinco titulos seguidos do campeonato europeu e o campeonato mundial.
Maradona ganhou uma Copa,mas Garrincha duas.Isto o coloca acima do argentino,que infelizmente morreu ontem.
quarta-feira, 25 de novembro de 2020
O caso Boulos em São Paulo
A ascensão legítima de Boulos em São Paulo marca a ascensão do Psol e da esquerda no Brasil,depois deste ,espero,interregno de ultra-direita no Brasil.
Depois das eleições municipais todo tipo de análise se vê:umas apontam para o crescimento do centro;outras para a esquerda e a referida subida do Psol em estado-chave parece confirmar esta útima asserção.
Todos sabem que sempre defendi uma postura de centro esquerda aqui.Continuo sendo de esquerda,mas prefiro uma esquerda mais moderada ,que pulverize esta polarização,que,a meu ver,não traz beneficio nenhum para o país.
E digo isto porque eu não vejo o Psol muita coisa diferente daquilo que eu via quando era mais jovem e militava no antigo Partido Comunista Brasileiro.
A minha esperança ,há alguns atrás,é que repercutisse nas novas gerações todo o esforço de auto-reforma do socialismo e do comunismo,diante do stalinismo,da invasão da Tchecoeslováquia,etc,etc.,mas o contato com os novos me provou ser tudo agora como uma maquiagem,que esconde os mesmos propósitos ou descaso com a democracia.
Eu não faria como o historiador Marco Antonio Villa que perguntou a Boulos,em meio a este segundo turno de São Paulo,sobre a Venezuela.
Uma vez na eleição da Prefeitura do Rio ,no final dos anos 80,alguém perguntou ao nosso candidato João Saldanha ,na UERJ,sobre a questão dos indios,ao que o comentarista respondeu do seu modo sui generis:”Ora,indio no Rio de Janeiro,faça-me o favor!!!”,ao que o auditório prorrompeu em risada.
O entrevistador deve se ater aos temas próprios da eleição,mas após o que fez o PT e diante da esquerda ,como ele é,fica difcil confiar numa pessoa radical de esquerda.Dificil de acreditar no que ela diz.
Por isto um esquerda mais centrista,mais fundada em principios ,valores e ideias ,mais preocupada com o Brasil,com a sua explicação e solução,seria o ideal.Mas quando o centro é Marina e Ciro,o que fazer?
sábado, 21 de novembro de 2020
O dia de Zumbi devia ser nacional
Este dia da consciência negra não devia ser só estadual,mas nacional.Algumas cidades fora do Rio de Janeiro já aceitaram este dia ,mas deveria ser o Brasil inteiro.E mais,deveria ser em várias partes do Ocidente.
Contudo ,muito embora seja absolutamente necessário ressaltar o caráter de crime contra a raça negra,porque este existiu realmente,ele não é sozinho,porque há outros grandes crimes a ser reparados,na historia da humanidade:contra os judeus,contra os pobres,homoafetivos e diferentes ,não encaixados.
Defendo a permanência deste dia,mas preferia um outro herói,não sei qual e também a existência de duas datas,desta de 20 de novembro e a mantença da de 13 de maio de 1888,porque assim como eu já expliquei,o impacto seria maior ,o problema negro não seria só o do negro universal ,mas o do negro brasileiro.E repararia em erro histórico do movimento negro brasileiro que é o de considerar que a lei áurea foi mera concessão das elites,quando a pressão dos escravos,através dos quilombos e outras ações,forçou esta decisão histórica,embora atrasada.
Em momento nenhum eu questiono a existência deste racismo negro,mas tenho demonstrado uma preocupação que demonstra que eu ainda tenho um pé na concepção materialista da história:o problema racial reside na questão social,mas , e eu aí divirjo do materialismo histórico e do movimento negro,possui algumas diferenças com o problema de classes ,tendo inclusive características precisas,que devem ser analisadas pelo movimento negro,que se preocupa mais com o negro universalmente(sem que isto seja ruim) não vendo a necessidade de estudar o problema negro brasileiro,coisa que é essencial para a sua ascemsão definitiva ao seu lugar devido.
Mas voltando ao problema da questão social não é só o problema do negro:a discriminação se dá quanto ao pobre,ao excluido por diversas razões.
Em outro lugar eu digo que não aceito o conceito oposto de branquitude.Ainda que seja verdade que as coisas no Brasil possuem critérios que favorecem os brancos,tal abstração inclui nela todos os brancos ,o que não é verdade.
No processo da luta politica estas generalizações ajudam ao seu incremento,mas ao arrepio da verdade e da complexidade do problema social.
Apesar de me colocar ao lado do movimento negro(muito dividido)temo que estas abstrações fomentem uma guerra,que eu absolutamente não quero.
O paradigma da luta de classes interfere nas questões raciais,mas o fato politico legitimo do negro querer se libertar por si mesmo não autoriza a exclusão dos outros e muito menos a desconsideração tática de que ganhar a maioria para a emancipação real do negro, para facilitar e apressar esta libertação.Todos,mesmo não negros, são chamados para acabar com estas injustiças sobre os negros e outros grupos sociais.
sexta-feira, 20 de novembro de 2020
Garrincha III
O paradigma nacional
A figura do jogador de futebol e particularmente de Garrincha,a partir de 38,se tornou um paradigma nacional,de comportamento médio(como sempre)nacional.
Ademir Marques de Menezes,contou certa vez que teve que visitar no hospital um menino com câncer terminal,pouco antes da final de 50,a qual o menino não asssistiu.Ademir ficou se perguntando:”Será que eu sou Deus?”
O jogador de futebol,no Brasil, se tornou uma figura tutelar,quase um deus efetivamente.O menino brasileiro se tornou igual ao homem grego,que se formava éticamente na relação com os deuses.
O jogador se tornou portador de valores,características(caráter),formadoras da nacionalidade.Eu não comungo da visão de Olavo de Carvalho de que os jogadores são falsos heróis,mas ,como seres humanos que são,carregam dentro de si o bem e o mal,o acerto e o erro ,e às vezes ,nem sempre predomina o melhor do jogador.
As classes mais favorecidas do Brasil,inclusive que se dizem de esquerda, ressaltam o lado inútil do futebol ou mesmo distorcido.Mas ,tirando a religião, não há mais nada que atinja mais o povo do que o futebol,e ele é republicano,laico e popular.E no passado só o futebol permitiu a ascensão de pessoas pobres,que sem ele,não teriam visibilidade ou chance de atingir o espaço das classes altas.
O surgimento de Garrincha reuniu em si todos estes valores de ascensão dos pobres e reação das classes altas.Estas últimas ressaltam as dificuldades pessoais de Garrincha para impedir esta ascensão e os menos favorecidos se identificam com Garrincha,de maneira acrítica.Mas o meio termo é que equilibra as coisas.
Se não assiste razão à classes altas atacar os pobres através de Garrincha,não há razão nos pobres em elevá-lo sem revelar os seus erros também.
Olhem,eu não posso ser acusado ao dizer estas coisas,de preconceituoso contra as classes menos favorecidas,porque eu já fiz um artigo revelando características criticáveis num intelectual de alto nível como Karl Marx.Se lerem este meu artigo,que está no meu blog A Ponte,verão lá os erros e algumas irresponsabilidades que ele cometeu e que o marxismo tem que mostrar também.A vida é assim.
Garrincha é uma ótima pessoa ,de boa indole,mas comete erros.Os pobres ao não expor também estas limitações,supostamente para evitar que esta crítica caia sobre eles ,perdem um elemento decisivo da luta pela sua emancipação:credibilidade,que é essencial na luta por justiça.
Eu me lembro de minha mãezinha,que era cafuza como Garrincha,ao lembrar de seus feitos futebolisticos,notadamente em 1962,quando nasci:os olhos dela brilhavam.Foi o ano do começo da ascensão dos mais pobres.
minha mãe adorava o Garrincha