A decisão de Marina Silva,na
última semana,suscitou e suscita até agora muitas discussões,em grande parte
influenciadas por posicionamentos políticos prévios,que comprometem a boa
compreensão do gesto.Vamos tentar aqui fazer uma análise verdadeira,sem pré-concepção
ou interesse.
Em primeiro lugar Marina teve na
última eleição 20 milhões de votos.Ela não tem porque deixar se esvair todo
este apoio,em nome da construção de um partido.Desde o fim da última campanha
Marina vem sofrendo dificuldades em montar um partido,porque todo mundo sabe
que quando alguém tenta levar adiante este projeto,só aparecem pessoas
interessadas em conchavos.
A atitude atual de construir um
partido,a partir de um programa bem fechado,encontra resistências no próprio
povo barsileiro,quiçá uma boa parte integrando aquelas manifestações de
rua,acostumado a se relacionar com o poder e os partidos de uma forma
distorcida,que nós sabemos qual é.
Assim sendo,e em segundo lugar,o
esforço de juntar o seu cabedal de votos com um programa tem um significado
educativo,para além da concordância ou discordância em relação ao programa.
O fato é que ,já há bastante
tempo,existe a necessidade de mudar a estrutura partidária brasileira e este
projeto de reforma política,que não sai do papel(nem com as manifestações),o
prova.Os protestos o provam.
Até o momento,a consequencia mais prática desta necessidade se dá,"
por cima",quero dizer, a partir da estrutura arcaica,política e
ideológica,do povo brasileiro.Tudo se resolverá,supostamente,pelo complexo
salvacionista,a eleição presidencial.
Neste sentido,os esforços de
Marina ficam um tanto quanto dependentes deste modelo arcaico,segundo o qual é
o presidente que resolve,quando na verdade, é um conjunto de coisas.
Um programa,setores da
sociedade,organizados,que o seguem e o compreendem.Partidos que o compreendem e
o respeitam e um Presidente que não é mais importante do que o programa,do que
a lei ou a nação.
O que se deve esperar de toda
esta movimentação é que o povo,que foi à rua,entenda,tanto quanto entendeu ser
o seu cotidiano tão ou mais importante do que os eventos esportivos,que
ele,como soberania popular, é tão ou mais importante do que o Presidente da República,que,como
qualquer político,não faz nada sozinho,mas com o povo e o expressando.
Neste sentido a análise dos
próximos passos tem que ter como base a mudança real de paradigma no Brasil,no
que tange à política,pois senão toda esta força que veio das ruas,e que
influencia a atitude da candidata, vai se esvair ou se perverter na
violência,que substitui aparentemente os protestos.
Penso que a violência continua e
corre o risco de continuar porque ficou um vazio entre o povo e os políticos e a campnaha presidencial sozinha não o pode
preencher.
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