sábado, 5 de outubro de 2013

Truques do Prefeito

A greve dos profesores,que já vai para dois meses tem também um significado histórico,nestes 3 meses históricos no Brasil,desde as manifestações.Ela se junta,no esforço do povo brasileiro para melhorar a educação,ao fato de ,pela primeira vez em muitos anos,o Brasil não ter entre as cem primeiras universidades do mundo,nenhuma que represente o nosso país,pois a Universidade de São Paulo ficou em 158 lugar no ranking.
A razão pela qual a greve dos professores é diferenciadora de outras é porque existe uma clara reinvindicação de qualidade no interior do movimento.Não é só por uma justa e sempre necessária(num país com inflação,embora o governo negue...)reinvindicação de salário.As propostas do Sepe consagram uma preocupação com a formação permanente dos professores,um compromisso que os governos precisam assumir sempre,mas não o fazem,como é o caso agora com a resposta que o Prefeito dá aos mestres.
A presença deste conceito esdrúxulo de polivalência demonstra a incompreensão(ou será intencional incompreensão?)do poder público quanto à questão decisiva da educação.Eu mesmo,como professor,já passei por uma situação semelhante,numa univercidade do Rio de Janeiro,que entrando no período mais forte da crise,que continua até hoje,trouxe este conceito para enxugar a folha de pagamento da instituição,ao arrepio da qualidade e do bom-senso universal,que sabe ser impossível para um professor,por exemplo,de filosofia,como eu era(e sou),lecionar ,em 50 minutos,sociologia geral e jurídica,direito civil,introdução ao direito,ciências políticas e direito constitucional.
Na época eu me perguntava porque o MEC não intervinha neste descalabro.Era necessário intervir e evitar este verdadeiro estupro ao processo pedagógico,que eu não tenho pejo em dizer,faria corar qualquer  pessoa,em qualquer época,desde as cavernas.
Mas o principal era garantir uma univercidade,fornecedora de empregos,sem pagar salários,às custas da pressão sobre os professores,principalmente aqueles que ,como eu, sabiam não ser possível ministrar estas aulas,sendo forçados a sair,que é o que vai acontecer com muitos no município.
Não me venha o prefeito dizer que não é obrigatória a polivalência;aos poucos,os que aceitarem ,por desespero, este descalabro metodológico,terão mais chances de substituir os que não aceitarem,sendo a polivalência,daqui por diante, uma maneira de fazer esta cooptação,porque os salários vão se degradar e a polivalência vai ser usada para não onerar os cofres publicos,mas vender a idéia de que é melhor continuar com ela.Eu conheço este truque.É para diminuir despesas às custas do lado considerado mais fraco,pelo menos pelos políticos:o professor.
A USP foi degradada,bem como as universidades em geral no Brasil,porque não produzem nenhum conhecimento novo,novas pesquisas.A escola em geral e a universidade ,juntas, são reféns hoje destes truques dos poderes públicos,da política, e no afã de manter os seus empregos muitos professores aceitam estas condições e o processo se reproduz indefinidamente.
Só vai mudar esta situação quando as questões éticas e de fundamento da atividade pedagógica forem fortes o suficiente para serem discutidas na sociedade,de modo a forçar os políticos a deixar de lado estes truques.
 

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