A greve dos profesores,que já
vai para dois meses tem também um significado histórico,nestes 3 meses
históricos no Brasil,desde as manifestações.Ela se junta,no esforço do povo
brasileiro para melhorar a educação,ao fato de ,pela primeira vez em muitos anos,o
Brasil não ter entre as cem primeiras universidades do mundo,nenhuma que
represente o nosso país,pois a Universidade de São Paulo ficou em 158 lugar no
ranking.
A razão pela qual a greve dos
professores é diferenciadora de outras é porque existe uma clara reinvindicação
de qualidade no interior do movimento.Não é só por uma justa e sempre
necessária(num país com inflação,embora o governo negue...)reinvindicação de
salário.As propostas do Sepe consagram uma preocupação com a formação permanente
dos professores,um compromisso que os governos precisam assumir sempre,mas não o
fazem,como é o caso agora com a resposta que o Prefeito dá aos mestres.
A presença deste conceito esdrúxulo
de polivalência demonstra a incompreensão(ou será intencional incompreensão?)do
poder público quanto à questão decisiva da educação.Eu mesmo,como professor,já
passei por uma situação semelhante,numa univercidade do Rio de Janeiro,que
entrando no período mais forte da crise,que continua até hoje,trouxe este
conceito para enxugar a folha de pagamento da instituição,ao arrepio da
qualidade e do bom-senso universal,que sabe ser impossível para um
professor,por exemplo,de filosofia,como eu era(e sou),lecionar ,em 50
minutos,sociologia geral e jurídica,direito civil,introdução ao direito,ciências políticas
e direito constitucional.
Na época eu me perguntava porque
o MEC não intervinha neste descalabro.Era necessário intervir e evitar este
verdadeiro estupro ao processo pedagógico,que eu não tenho pejo em dizer,faria
corar qualquer pessoa,em qualquer época,desde as cavernas.
Mas o principal era garantir uma
univercidade,fornecedora de empregos,sem pagar salários,às custas da pressão
sobre os professores,principalmente aqueles que ,como eu, sabiam não ser possível
ministrar estas aulas,sendo forçados a sair,que é o que vai acontecer com
muitos no município.
Não me venha o prefeito dizer
que não é obrigatória a polivalência;aos poucos,os que aceitarem ,por desespero,
este descalabro metodológico,terão mais chances de substituir os que não
aceitarem,sendo a polivalência,daqui por diante, uma maneira de fazer esta
cooptação,porque os salários vão se degradar e a polivalência vai ser usada
para não onerar os cofres publicos,mas vender a idéia de que é melhor continuar
com ela.Eu conheço este truque.É para diminuir despesas às custas do lado
considerado mais fraco,pelo menos pelos políticos:o professor.
A USP foi degradada,bem como as
universidades em geral no Brasil,porque não produzem nenhum conhecimento
novo,novas pesquisas.A escola em geral e a universidade ,juntas, são reféns hoje
destes truques dos poderes públicos,da política, e no afã de manter os seus empregos
muitos professores aceitam estas condições e o processo se reproduz
indefinidamente.
Só vai mudar esta situação
quando as questões éticas e de fundamento da atividade pedagógica forem fortes
o suficiente para serem discutidas na sociedade,de modo a forçar os políticos a
deixar de lado estes truques.
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