Aqui no Brasil houve uma
alegria incontida quando Barack Obama foi eleito.Parecia que o
mundo ia mudar de vez e os erros do antecessor seriam esquecidos para
sempre.
Este tipo de visão também esteve
presente em relação à figura por exemplo de John Kennedy.Muita gente na
esquerda tende a pensar que os presidentes democratas são como líderes
social-democratas,europeus,mas eles são antes e acima de tudo estadunidenses.
O democrata por excelência é
alguém que tem uma preocupação social,sim,mas de ordem interna.A visão
universal não está sempre à frente da interna.
Os Estados Unidos,depois da
Guerra de Secessão, se tornaram cada vez mais modelo para o mundo.Nunca houve
uma neutralidade absoluta.Com o crescimento econômico espetacular,no final do
século XIX,os Estados Unidos já construíram um imperialismo,sobre a
América Central,chamada de "big stick",criado por um democrata,Theodore
Roosevelt.Um democrata,MckKinley,já havia começado este processo em 1895,com a
Guerra Hispano-Americana.
Então,de modo geral, o americano
médio entende o seu país,não o mundo e quem está do " lado de fora"
tem que ter isto como pressuposto se quiser entender esta potência.E mais ,a
norma é que os republicanos governem,principalmente porque aboliram a
escravidão e ganharam a Guerra de Secessão e também porque quanto mais o país
cresce,mais as políticas de intervenção nos outros países e de autoproteção
crescem.
Desde Theodore Rossevelt,os
democratas dão uma no cravo outra na ferradura.Quer dizer, eles começam com
preocupações humanas e sociais internas,com repercussão internacional para
depois ,no final,demonstrar força,legitimando a sua administração diante do povo
americano médio,senão os republicanos voltam.
Theodore Roosevelt foi o grande
inimigo interno dos monopólios,mas fez,como dissemos,o "big stick",consolidando a
sua sucessão própria.
O presidente Wilson inverteu um
pouco esta situação por causa do cataclismo da 1 Guerra.Ele econseguiu ampliar o
imperialismo americano,substituindo o britânico,por retirar da antiga metrópole
os investimentos que fizera nos anos anteriores.Da mesma forma fazendo a
intervenção americana "salavadora","em nome da democracia"
nos campos da europa,em 1918,diante de um continente incapaz de se
governar.Freud ,na época,chamou esta atitude de Wilson,de "dependência da
mãe",por parte do Presidente.
Mas no final do seu mandato
,Wilson lançou as bases da comunidade universal moderna,com os seus "sete
pontos"e o princípio da autodeterminação dos povos,que os Estados Unidos
passaram por cima várias vezes depois dele.
Com a exceção de Franklin
Delano Roosevelt,que enfrentou dois cataclismos,a Depressão e a Segunda
Guerra,construindo com sua posição uma imagem humanista universal,todos os
outros,Kennedy,Carter,Clinton,Obama reproduziram esta dualidade.
E mesmo no caso de Delano
Roosevelt,esta dualidade está presente na figura de um vicepresidente de direita
como Truman,o que acontece também com Kennedy,Lindon Johnson.Ambos os
vices eram ligados ,inclusive,com interesses mafiosos...Basta pensar que
Johnson ampliou a Guerra do Vietnã.
Carter falava deDireitos
Humanos,mas foi ele quem fomentou a Guerra do Afeganistão e só perdeu a
reeleição por causa do fracasso do resgate dos reféns americanos na embaixada do Irã.
Os fatos recentes em torno de
Obama não devem surpreender os que conhecem História.
Para o mundo é sempre melhor que
predomine no governo dos Estados Unidos uma preocupação social e
humana,geralmente identificada com os democratas,pois isto diminui a pressão
agressiva no mundo.
Eu não nego a justeza das críticas
feitas recenetemente a Obama,mas é preciso observar que em volta de um
Presidente assim existem pressões contra as quais ele nem sempre pode se
opor.No entanto a responsabilidade é dele inexoravelmente.
O complexo industrial-militar
ainda está pressionando;os compromissos com o G8 pressionam.As pressões
internas e externas são imensas.
Mao-Tsé-Tung e Brejnev preferiam
negociar com os republicanos porque estes não se paralisavam diante de
considerações sociais,vendo apenas as necessidades das grandes potências(contra
as pessoas comuns).
O mesmo acontece hoje.Tudo bem
que não é admissível a espionagem,mas isso não é novo.Eu me pergunto se toda
esta história do espião que se asila na Rússia não é armação da
direita,repetindo os conceitos de Mao e Brejnev..
Está certo que esta posição na
Siria é vacilante,mas há que ver que Obama está fazendo tudo para não invadir ,o que
em se tratando de Estados Unidos é inacreditável...
Em contraponto a isto há que se
ver que Obama diminuiu a tensão no mundo,que procurou extender a previdência a
todos os cidadãos,iniciando as bases de uma previdência pública também
inacreditável.Que tem apoiado alternativas energéticas,tendo falado em usar nos
próximos anos só o petróleo dos Estados Unidos.Está certo não puniu os beneficiários
da crise financeira de 2008,mas regulamentou o sistema.
Dentro de uma perspectiva
política daquilo que é possível, precisamos apostar que a sucessão de Obama tem
que consagrar um outro democrata e não um republicano,para aprofundar as
reformas e vendo que "o" provável candidadto é Hillary,progressista,
não há como negar,a linha dos democratas no mundo todo tem que ser a de apoio
apesar de tudo.
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