quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Enigma Obama?

Aqui no Brasil houve uma alegria  incontida quando  Barack Obama foi eleito.Parecia que o mundo ia mudar de vez e os erros do antecessor  seriam esquecidos para sempre.
Este tipo de visão também esteve presente em relação à figura por exemplo de John Kennedy.Muita  gente na esquerda tende a pensar que os presidentes democratas são como líderes social-democratas,europeus,mas eles são antes e acima de tudo estadunidenses.
O democrata por excelência é alguém que tem uma preocupação social,sim,mas de ordem interna.A visão universal não está sempre à frente da interna.
Os Estados Unidos,depois da Guerra de Secessão, se tornaram cada vez mais modelo para o mundo.Nunca houve uma neutralidade absoluta.Com o crescimento econômico espetacular,no final do século XIX,os Estados Unidos já construíram  um imperialismo,sobre a América Central,chamada de "big stick",criado por um democrata,Theodore Roosevelt.Um democrata,MckKinley,já havia começado este processo em 1895,com a Guerra Hispano-Americana.
Então,de modo geral, o americano médio entende o seu país,não o mundo e quem está do " lado de fora" tem que ter isto como pressuposto se quiser entender esta potência.E mais ,a norma é que os republicanos governem,principalmente porque aboliram a escravidão e ganharam a Guerra de Secessão e também porque quanto mais o país cresce,mais as políticas de intervenção nos outros países e de autoproteção crescem.
Desde Theodore Rossevelt,os democratas dão uma no cravo outra na ferradura.Quer dizer, eles começam com preocupações humanas e sociais internas,com repercussão internacional para depois ,no final,demonstrar força,legitimando a sua administração diante do povo americano médio,senão os republicanos voltam.
Theodore Roosevelt foi o grande inimigo interno dos monopólios,mas fez,como dissemos,o "big stick",consolidando a sua sucessão própria.
O presidente Wilson inverteu um pouco esta situação por causa do cataclismo da 1 Guerra.Ele econseguiu ampliar o imperialismo americano,substituindo o britânico,por retirar da antiga metrópole os investimentos que fizera nos anos anteriores.Da mesma forma fazendo a intervenção americana "salavadora","em nome da democracia" nos campos da europa,em 1918,diante de um continente incapaz de se governar.Freud ,na época,chamou esta atitude de Wilson,de "dependência da mãe",por parte do Presidente.
Mas no final do seu mandato ,Wilson lançou as bases da comunidade universal moderna,com os seus "sete pontos"e o princípio da autodeterminação dos povos,que os Estados Unidos passaram por cima várias vezes depois dele.
Com  a exceção de Franklin Delano Roosevelt,que enfrentou dois cataclismos,a Depressão e a Segunda Guerra,construindo com sua posição uma imagem humanista universal,todos os outros,Kennedy,Carter,Clinton,Obama reproduziram esta dualidade.
E mesmo no caso de Delano Roosevelt,esta dualidade está presente na figura de um vicepresidente de direita como Truman,o que acontece também  com Kennedy,Lindon Johnson.Ambos os vices eram ligados ,inclusive,com interesses mafiosos...Basta pensar que Johnson ampliou a Guerra do Vietnã.
Carter falava deDireitos Humanos,mas foi ele quem fomentou a Guerra do Afeganistão e só perdeu a reeleição por causa do fracasso do resgate dos reféns americanos na embaixada do Irã.
Os fatos recentes em torno de Obama não devem surpreender os que conhecem História.
Para o mundo é sempre melhor que predomine no governo dos Estados Unidos uma preocupação social e humana,geralmente identificada com os democratas,pois isto diminui a pressão agressiva no mundo.
Eu não nego a justeza das críticas feitas recenetemente a Obama,mas é preciso observar que em volta de um Presidente assim existem pressões contra as quais  ele nem sempre pode se opor.No entanto a responsabilidade é dele inexoravelmente.
O complexo industrial-militar ainda está pressionando;os compromissos com o G8 pressionam.As pressões internas e externas são imensas.
Mao-Tsé-Tung e Brejnev preferiam negociar com os republicanos porque estes não se paralisavam diante de considerações  sociais,vendo apenas as necessidades das grandes potências(contra as pessoas comuns).
O mesmo acontece hoje.Tudo bem que não é admissível a espionagem,mas isso não é novo.Eu me pergunto se toda esta história do espião que se asila na Rússia não é armação da direita,repetindo os conceitos de Mao e Brejnev..
Está certo que esta posição na Siria é vacilante,mas há que ver que Obama está fazendo tudo para não invadir ,o que em se tratando de Estados Unidos é inacreditável...
Em contraponto a isto há que se ver que Obama diminuiu a tensão no mundo,que procurou extender a previdência a todos os cidadãos,iniciando as bases de uma previdência pública também  inacreditável.Que tem apoiado alternativas energéticas,tendo falado em usar nos próximos anos só o petróleo dos Estados Unidos.Está certo não puniu os beneficiários da crise financeira de 2008,mas regulamentou o sistema.
Dentro de uma perspectiva política daquilo que é possível, precisamos apostar que a sucessão de Obama tem que consagrar um outro democrata e não um  republicano,para aprofundar as reformas e vendo que "o" provável candidadto é Hillary,progressista, não há como negar,a linha dos democratas no mundo todo tem que ser a de apoio apesar de tudo.



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