Quando
eu digo que a democracia não é só formal todo mundo me acusa de continuar sendo
marxista e defender o regime de partido único.Quando eu digo que quem diz isto
não entende nada de história,de teoria politica e de marxismo,me chamam de
pretensioso e gabola.
Eu
canso de ouvir por aí esta besteira:Pondé e outros jornalistas dizem que a democracia é o regime da
argumentação e que o marxismo nega isto ,no espirito totalitário daquilo que
Marx disse.
Vamos
esclarecer ,por partes, e é por isto que eu afirmo que este intelectual
especializado e jornalista sem conhecimento,acaba fazendo o mesmo que todo
militante de esquerda faz sempre:desinformar e distorcer.
Pois
desde o século XVIII,na Idade burguesa(não comunista),a democracia
busca,diferentemente dos gregos, mecanismos de sua efetivação como regime capaz
de solucionar demandas sociais.Para os gregos sim a democracia era só argumentação,porque todo
mundo estava de antemão no seu lugar,o homem livre e o escravo.O homem livre
decidia as questões previamente definidas de sua necessidade de cidadão.As
demandas eventuais derivam desta sua
situação e se resolviam segundo a visão pré-dada dos senhores.Não havia
demandas do “ povo” ou do escravo.
Na
idade moderna(idade burguesa,não comunista),a partir da visão radical de
Rousseau a questão da soberania popular,de quem representa quem(em
Montesquieu)põe o problema das demandas sociais.Aos poucos,mas coloca.Já não é
a relação com o escravo,com a não pessoa,mas com o “ povo” ,com a soberania,que
fundamenta o estado moderno.
Dizer,então,que
a democracia é só argumento,não condiz com a realidade concreta do mundo e nem
com a sua formalidade,que a ela está indissoluvelmente ligada.Não existe democracia
sem estado de direito,sem formalidade.
O
estado moderno de direito põe certas obrigações sociais à democracia.Ela
cumpre?O Estado cumpre?As demandas,que no mundo antigo eram extácticas,agora
são dinâmicas e crescem.Quando Rousseau,Montesquieu,Locke formularam os seus
princípios refletiram esta realidade,que já se impunha na sociedade burguesa.O
crescimento é a natureza das coisas na vida social e portanto não há como
defender um modelo social parado,todos têm que crescer,todos têm que participar
do processo sócio-político-econômico.
Assim
sendo a democracia moderna,por instigação da burguesia não tem como prescindir
de algo mais do que a pura formalidade.Ela precisa se condicionar pelo
social,pelo compromisso coletivo(que não é coisa de comunista)que une o individual
a ela.
Finalmente,o
marxismo.Conforme eu tenho dito à farta aqui,Marx condicionava o comunismo ao
fim do estado.Está em “ O Estado e a Revolução” de Lênin.Mas Lênin criou um
estado totalitário,totalmente contraditório aos textos que ele mesmo
compulsou.Esta contradição é decisiva,mas serve ,a sua exposição,para não
associar tão diretamente o pensamento de Marx com o totalitarismo que veio
depois.
Qualquer
idéia,qualquer modelo, pode ser base de um regime totalitário,mas ao se fazer
este tipo de associação com Marx revela-se desconhecimento da matéria
sobre que se fala e isto é um
comportamento não apenas cínico ou de ignorância,mas atende a interesses
políticos precisos nos dias de hoje do Brasil,da direita,com a ajuda da
esquerda,quais sejam, o de manter o povo brasileiro definitivamente alienado do
conhecimento e ao sabor da manipulação religiosa,aliada à privatização da
política.
Isso
casa com as minhas análises desde 2013 ,após o péssimo governo do PT.A direita
identificou a possibilidade de ,levantando mais uma vez o espantalho do
comunismo e seus crimes(acrescidos agora da ameaça gayzista da “ ideologia de
gênero”),para cristalizar um medo pânico,que fundamenta(como fundamentou no
passado)um projeto de ditadura.
Mas
o Brasil é um país industrial que precisa do conhecimento para crescer.Ele não
é um país agrário,como sonhou um dia Eugênio Gudin.Ele é um país colonizado ou
que sofre ainda com as mazelas do antigo colonialismo e do novo(Estados Unidos).
Para
isto não há e nem pode haver contradição entre o brasileiro e o conhecimento,o brasileiro
e a democracia,porque terá que fazer escolhas fundamentais.
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