segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Um “ novo” truque da esquerda brasileira


Aqueles que acompanham as minhas análises sobre a Revolução Russa no blog A ponte sabem como eu vejo a mecânica do acontecimento:os bolcheviques,minoria política e social se aproveitam de um cataclismo nunca visto,a 1ª Guerra Mundial,para tomar o poder e com ele reprimir todos os outros movimentos e depois vender a idéia de possuir a maioria social e política do país,só porque acabou com a guerra.
Toda a movimentação política dos comunistas no século XX obedece a este esquema leninista,só que no lugar da guerra há o nacionalismo,a luta dos povos para se libertar dos opressores internos e externos.
Eu já disse que isto se deu na China  e em Cuba.Mas logicamente no Brasil  não foi diferente.No lugar da guerra as lutas nacionalistas ocupavam e ocupam(vou dizer porque ainda ocupam) lugar idêntico.
Desde a ALN,em 1935,que reproduzia a frente popular na Europa,passando pela relação com o PTB de Getúlio ,em 1946(não 54)e com Jango,a idéia era a de Lênin:se aproveitar das conquistas trabalhistas e nacionais,dos avanços reais nas lutas dos povos,para,num segundo momento,fazer a revolução comunista.
Mas não acabou aí.A relação dos radicais com o Marechal Lott na eleição de 1960,foi muito cheia de percalços embora não tivesse sido muito notada por causa da atuação pífia do militar.
Na luta contra a ditadura militar,a entrada dos comunistas no PMDB não causou muitos estragos(ao PMDB)dada a pequena influência dos mesmos(exceto no episódio de convencimento de Ulysses Guimarães a deixar a sua candidatura em favor de Tancredo[que não chega a ser uma revolução...]).
Mas na redemocratização,que ainda é uma exigência dos dias de hoje,lamentavelmente,em que o perigo de golpe é real,o papel da esquerda radical causa problemas semelhantes aos do passado.
Os radicais,no inicio dos anos 80,que ainda eram predominantemente comunistas,se associaram à campanha ao governo do Rio Grande do Sul,em 82 precisamente,de Pedro Simon.Embora as razões dadas pelo candidato para a derrota não incluam os comunistas,quem compulsar os jornais da época,verá que Simon estava muito incomodado(como Lott),com a participação estridente do PCB.Para não dar um peso excessivo a um grupo que Simon nunca considerou,talvez a sua narrativa seja uma construção que inutilize de vez a influência deles na vida de um católico e trabalhista tradicional.
Os comunistas se foram,ficou o PT para unificar os supostos radicais contemporâneos e  eu suponho que os que restaram neste partido estejam aconselhando o “ novo” truque programático da esquerda nestas eleições.
Como eu notei e muitos também ,a palavra de ordem “ fora Temer” desmoralizou mais o PT do que o ajudou,porque ficou claro que isto era uma cortina de fumaça para esconder dos olhos de todos a sua culpa em levar o vice-presidente ao poder.Mas na falta de um programa sério que recolocasse o PT e as esquerdas nos trilhos,ou seja,na confiança do povo(eu preconizei que Lula não devia se candidatar para renovar o seu partido e  a esquerda[pois seria uma defesa do Brasil])ele usa o estratagema do passado.
Até hoje eu não tinha entendido estas vinculações de Luis  Nassif com o desenvolvimentismo de JK,mas no inicio da campanha,com a reiteração desta suposta ligação,ficou claro para mim que a proposta é se aproveitar novamente das lutas trabalhistas e nacionalistas para vender a falsa idéia de que são uma plataforma originária dos comunistas,de uma esquerda radical e moderna.
 Assim nós vemos que as hostes da Manuela D´Ávila a associam à social-democracia sueca e não à Albânia.Associam Lula ao pensamento moderno de esquerda,sem dizer qual é(porque não tem)num oportunismo vergonhoso por parte de todos.
Muita gente no Brasil pensa que certas idéias  nacionalistas são dos comunistas ,mas é porque não conhecem a História,não apuram este oportunismo e os trabalhistas e nacionalistas colaboram ao usar(como Juscelino usou)os comunistas em seus propósitos eleitorais(para depois pensar em alijá-los[sem conseguir às vezes]) .
Ainda me lembro,como Celso Furtado,um dos mentores,senão o mentor,do desenvolvimentismo,teve que escrever em 82 um livro, “A Nova Econômica”,para se desvencilhar da esquerda estatocrática,no dizer dele,que se ligava aos regimes comunistas do leste.Ele dizia que o seu desenvolvimentismo era dentro do capitalismo,dentro de sua dinâmica e não dentro destas formas de socialismo que o cercavam(a ele Furtado[o chateando]).E tem gente aí dentro do PT que constrói o seu nome espiroqueteando estas grandes figuras,porque se for defender o socialismo do leste vai desaparecer(de novo).Mas não podem levar o Brasil com eles.

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