sexta-feira, 24 de agosto de 2018

O segundo debate


Seguindo a trilha dos acontecimentos em torno desta importantíssima eleição presidencial( a mais importante desde aquela que não houve em 65) e diante do segundo debate, há que se fazer novas considerações.
Mas antes,eu quero relembrar aos leitores os pródromos das minhas análises.Eu não analiso nada a partir do que acontece só no real.Quero dizer eu tenho premissas a priori para analisar o que vejo.Não é porque a pesquisa eleitoral diz isto ou aquilo que eu mudo a minha visão,como faz muita gente aí.Se um candidato aumenta as suas possibilidades eleitorais a análise muda.Eu tenho um propósito,um objetivo,como cidadão,a propor para o meu país.
Conforme já disse em outras ocasiões o melhor agora é um candidato nacional,capaz de unir o país.
Aparentemente  os candidatos mais importantes estão esperando o momento certo,mais adiante,para apresentar conteúdos mais realistas e mais de acordo com os objetivos do país.
Na convenção do PSDB Alckmin adiantou esta premissa ,mas até agora,nos dois debates,nada.Por isso é alvo de críticas.
Mas tanto Alckmin como Marina terão que aprofundar esta conexão com o problema nacional e social.Por incrível que pareça existe uma conexão improvável entre a direita radical e a esquerda igualmente radical,grupos que ficam se digladiando em torno do movimento social,do terceiro setor ,como se estas mediações fossem mais importantes do que a nação.
A direita pensa que se identifica com a nação ,enquanto que a esquerda não dá a menor pelota.
Todos ficaram muito impressionados com o confronto Marina/Bolsonaro,mas este só reforçou as limitações de Marina,que fazendo aliança com a esquerda(muito justamente)tem que dar satisfações a ela e ao movimento social.Contudo ela precisa entender que comanda a esquerda e não deriva pura e simplesmente dela.Ela tem uma obrigação com o Brasil ,não só com  a esquerda;pois se assim o fizer ficará no mesmo patamar da direita,mas com uma desvantagem essencial:a direita se identifica mais facilmente com as tradições culturais e religiosas do povo brasileiro.Deste modo Marina corre o risco de se despedaçar entre estes dois fogos,como Creonte em “ As Bacantes”.
O maior beneficiado deste despedaçamento,seria Alckmin,mas Bolsonaro também teria o seu pedaço,caso a presença de Lula na campanha continue.
Bolsonaro só cresce na medida da presença do Presidente Lula,que cristaliza todas as tendências de direita,inclusive aquelas do golpe.
Não vou repetir os meus pedidos ao Presidente Lula e ao PT,como pessoa de esquerda que sou,para que saia da campanha,e reconstrua sobre novas bases a esquerda brasileira.
A continuação desta insistência,para esconder a responsabilidade do PT no governo Temer,só destrói ainda mais a tradição social no Brasil e eu,como pessoa preocupada e engajada na questão social,me sinto atingido por estes  erros.De um lado fazer política de esquerda,mesmo renovada,tem sido e será cada vez mais difícil.Mesmo a renovação é algo muito complexo porque todos os que militam na esquerda querem renovar,mas preservando,pragmaticamente,esquemas partidários e eleitorais contaminados.
De outro lado  há o perigo de uma hegemonia por décadas da direita.
Numa perspectiva pragmática,mas fadada a idêntico destino deste último vaticínio, só restaria Alckmin e a direita,que ele poderia “ domar”,em termos,mas sem poder evitar esta hegemonia conservadora (e ele não ia querer ademais).

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