Seguindo
a trilha dos acontecimentos em torno desta importantíssima eleição
presidencial( a mais importante desde aquela que não houve em 65) e diante do
segundo debate, há que se fazer novas considerações.
Mas
antes,eu quero relembrar aos leitores os pródromos das minhas análises.Eu não
analiso nada a partir do que acontece só no real.Quero dizer eu tenho premissas
a priori para analisar o que vejo.Não é porque a pesquisa eleitoral diz isto ou
aquilo que eu mudo a minha visão,como faz muita gente aí.Se um candidato
aumenta as suas possibilidades eleitorais a análise muda.Eu tenho um propósito,um
objetivo,como cidadão,a propor para o meu país.
Conforme
já disse em outras ocasiões o melhor agora é um candidato nacional,capaz de unir
o país.
Aparentemente os candidatos mais importantes estão
esperando o momento certo,mais adiante,para apresentar conteúdos mais realistas
e mais de acordo com os objetivos do país.
Na
convenção do PSDB Alckmin adiantou esta premissa ,mas até agora,nos dois
debates,nada.Por isso é alvo de críticas.
Mas
tanto Alckmin como Marina terão que aprofundar esta conexão com o problema
nacional e social.Por incrível que pareça existe uma conexão improvável entre a
direita radical e a esquerda igualmente radical,grupos que ficam se digladiando
em torno do movimento social,do terceiro setor ,como se estas mediações fossem
mais importantes do que a nação.
A
direita pensa que se identifica com a nação ,enquanto que a esquerda não dá a
menor pelota.
Todos
ficaram muito impressionados com o confronto Marina/Bolsonaro,mas este só
reforçou as limitações de Marina,que fazendo aliança com a esquerda(muito
justamente)tem que dar satisfações a ela e ao movimento social.Contudo ela
precisa entender que comanda a esquerda e não deriva pura e simplesmente
dela.Ela tem uma obrigação com o Brasil ,não só com a esquerda;pois se assim o fizer ficará no
mesmo patamar da direita,mas com uma desvantagem essencial:a direita se
identifica mais facilmente com as tradições culturais e religiosas do povo
brasileiro.Deste modo Marina corre o risco de se despedaçar entre estes dois
fogos,como Creonte em “ As Bacantes”.
O
maior beneficiado deste despedaçamento,seria Alckmin,mas Bolsonaro também teria
o seu pedaço,caso a presença de Lula na campanha continue.
Bolsonaro
só cresce na medida da presença do Presidente Lula,que cristaliza todas as
tendências de direita,inclusive aquelas do golpe.
Não
vou repetir os meus pedidos ao Presidente Lula e ao PT,como pessoa de esquerda
que sou,para que saia da campanha,e reconstrua sobre novas bases a esquerda
brasileira.
A
continuação desta insistência,para esconder a responsabilidade do PT no governo
Temer,só destrói ainda mais a tradição social no Brasil e eu,como pessoa
preocupada e engajada na questão social,me sinto atingido por estes erros.De um lado fazer política de
esquerda,mesmo renovada,tem sido e será cada vez mais difícil.Mesmo a renovação
é algo muito complexo porque todos os que militam na esquerda querem
renovar,mas preservando,pragmaticamente,esquemas partidários e eleitorais contaminados.
De
outro lado há o perigo de uma hegemonia
por décadas da direita.
Numa
perspectiva pragmática,mas fadada a idêntico destino deste último vaticínio, só
restaria Alckmin e a direita,que ele poderia “ domar”,em termos,mas sem poder
evitar esta hegemonia conservadora (e ele não ia querer ademais).
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