sexta-feira, 1 de novembro de 2019

O imposto sobre os ricos

Na eleição passada falei muito sobre os erros de Boulos especialmente no que tange ao seu mote de taxar os ricos,sonho que é acalentado pela humanidade há séculos e que ainda hoje não se realizou completamente.
O grande humanista Erasmo de Roterdam,em um determinado período de sua vida,foi lecionar em Oxford,Inglaterra,a convite de seu amigo e outro grande humanista Thomas More.Neste país Erasmo escreveu o seu grande livro “Encomium Moriae”,”O Elogio da Loucura”,cujo titulo em Latim é uma brincadeira com o nome de seu amigo inglês,depois decapitado pelo Rei Henrique VIII.
Uma das coisas que Erasmo queria era juntar dinheiro para voltar seguro,na velhice,ao seu país natal,a Holanda.Ao reunir um numerário condizente com este propósito o humanista quis voltar para o continente,mas na hora de pegar o navio e atravessar o Canal da Mancha,foi impedido de levar as suas economias.
Era a época áurea do Mercantilismo,associado ao absolutismo monárquico,o hipermetalismo,doutrina econômica segundo a qual todo país tinha o direito de acumular pura e simplesmente toda a quantidade de ouro e prata possível para garantir o erário públicoe manter as condições de sobrevivência econômica do reino.
No tempo de Henrique VIII era esta a prática,consentânea com os outros absolutismos continentais.Depois,no reinado de Elizabeth I isto mudou,mas não cabe aqui discutir isto.
O que quero discutir é que esta postura nacional de garantir as condições de acumulação capitalista,prosperou nos países com um projeto nacional forte e homogêneo(ainda que conseguido às custas de muita violência,como na Espanha)e os manteve destacados durante séculos,muito embora nações como a Espanha e Portugal tenham decaído.
Até aos dias de hoje taxar os ricos é um problema não resolvido,mesmo em países com uma certa distribuição de renda,como nos Estados Unidos.Lá também as condições de taxação dos ricos são muito precárias e aqui no Brasil ocorre uma situação oposta àquela de Erasmo de Roterdam:taxar os ricos vai fazê-los emigrar e enviar as suas posses para o exterior.As classes altas não investem no seu país.
Esta é uma diefernça essencial que que queria fixar aqui neste meu artigo:as classes altas dos países centrais da Europa sempre tiveram uma preocupação de investir no seu próprio local,até para se prevenir.
A competição entre as nações da Europa,as fez exclusivistas,mas isto não é mau,porque o esforço de contrução de riqueza,a partir de um critério autóctone, não as enfraqueceu,antes as fortaleceu e de quebra à Europa.Vou voltar ao tema no próximo artigo.

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