Aqueles
que lêem os meus artigos há de se lembrar que falei sobre a
tentativa tantas vezes recorrentes de São Paulo de tirar a CBF do
Rio de Janeiro para levá-la para São Paulo e transformar este
estado no centro do esporte nacional.
Eu
disse e repito que isto não era só um fato do esporte e muito menos
só do futebol,mas carregava um significado mais amplo de
transferência do centro cultural que sempre foi o Rio de
Janeiro,para São Paulo.
O
Rio de Janeiro sempre foi a caixa de ressonância do Brasil,porque
é um resumo do país e a sua base histórica e política.
Mas
há alguns setores que afirmam que o Rio de Janeiro é passadiço,um
estado não capitalista,não moderno,mas baseado em serviços
públicos e que decaiu profundamente com a transferência da capital
para Brasília.
A
forma de São Paulo justificar a transferência cultural e esportiva
é dizer que a torcida do Corinthians é maior do que a do
Flamengo.Tal é dito recorrentemente,mas não corresponde à
verdade.Eu afirmei que enquanto a torcida do Flamengo fosse a maior o
Rio de Janeiro conitnuaria forte.Mas não só:o Brasil também
,porque a cultura brasileira em sua diversidade e expansão será
preservada.
O
futebol é forte não só por causa do Flamengo ,mas também por
causa do Olaria e do Isabelense ,do interior do Amazonas(ou Pará não
sei),mas a medida do crescimento é o Flamengo,então ,para além da
paixão clubística,há que analisar as circunstâncias culturais e
politicas do Brasil com sangue-frio.
É
lógico que existe muito de populismo politico e econômico em toda
esta agitação pelas vitórias do Flamengo,mas num aspecto eu acho
bom aproveitá-la:tambem entendia que a centralização do Brasil em
São Paulo implicava na substituição do capitalismo autárquico
brasileiro,suspostamente representado pelo Rio de Janeiro,pelo
capitalismo de fato,moderno,naturalmente por São Paulo.
O
capitalismo brasileiro,atrasado assim,só investe quando tem certeza
do retorno deste investimento e como a educação é um investimento
que só tem resultados a longo prazo o nosso capitalismo não investe
ou encontra sempre motivos para não investir.
Contudo
vendo esta imensa força do Flamengo eu penso assim:ainda que haja
muito objetivo demagógico nisto aí e financeiro ele será legitimo
na medida em que reverter,financeiramente,para esta mesma força,que
se dispõe a se movimentar e retonar financeiramente para quem
investe.
Se
esta força,de alguma forma, se movimentasse ,do mesmo jeito, no
plano da educação e recebesse dos governos um retorno merecido,o
problema nacional estaria solucionado.O Flamengo,como o
povo,transcende,deste modo,o capital,comandando-o,não sucumbindo ao
seu fetichismo.
Costuma-se
dizer que se as torcidas fizessem o mesmo escarcéu quando um time
perde,o fizessem nas escolas,o caminho estaria aberto para erguer o
Brasil.Porque não agora?Porque não juntar este entusiasmo mui
merecido com a responsabilidade?
Dois
assuntos inter-relacionados quero tratar em outro artigo:apesar da
exclusão do negro e do pobre nos estádios a vitória do Flamengo
ressoa como uma doce vingança dos mesmos,ao virem à rua
comemorar;os corifeus da esquerda e outros que tais menosprezam o
futebol e o esporte como alienante,mas é na atividade livre dos
povos que se obtém o material cultural da mudança.
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