segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Porque torci pelo Flamengo

Aqueles que lêem os meus artigos há de se lembrar que falei sobre a tentativa tantas vezes recorrentes de São Paulo de tirar a CBF do Rio de Janeiro para levá-la para São Paulo e transformar este estado no centro do esporte nacional.
Eu disse e repito que isto não era só um fato do esporte e muito menos só do futebol,mas carregava um significado mais amplo de transferência do centro cultural que sempre foi o Rio de Janeiro,para São Paulo.
O Rio de Janeiro sempre foi a caixa de ressonância do Brasil,porque é um resumo do país e a sua base histórica e política.
Mas há alguns setores que afirmam que o Rio de Janeiro é passadiço,um estado não capitalista,não moderno,mas baseado em serviços públicos e que decaiu profundamente com a transferência da capital para Brasília.
A forma de São Paulo justificar a transferência cultural e esportiva é dizer que a torcida do Corinthians é maior do que a do Flamengo.Tal é dito recorrentemente,mas não corresponde à verdade.Eu afirmei que enquanto a torcida do Flamengo fosse a maior o Rio de Janeiro conitnuaria forte.Mas não só:o Brasil também ,porque a cultura brasileira em sua diversidade e expansão será preservada.
O futebol é forte não só por causa do Flamengo ,mas também por causa do Olaria e do Isabelense ,do interior do Amazonas(ou Pará não sei),mas a medida do crescimento é o Flamengo,então ,para além da paixão clubística,há que analisar as circunstâncias culturais e politicas do Brasil com sangue-frio.
É lógico que existe muito de populismo politico e econômico em toda esta agitação pelas vitórias do Flamengo,mas num aspecto eu acho bom aproveitá-la:tambem entendia que a centralização do Brasil em São Paulo implicava na substituição do capitalismo autárquico brasileiro,suspostamente representado pelo Rio de Janeiro,pelo capitalismo de fato,moderno,naturalmente por São Paulo.
O capitalismo brasileiro,atrasado assim,só investe quando tem certeza do retorno deste investimento e como a educação é um investimento que só tem resultados a longo prazo o nosso capitalismo não investe ou encontra sempre motivos para não investir.
Contudo vendo esta imensa força do Flamengo eu penso assim:ainda que haja muito objetivo demagógico nisto aí e financeiro ele será legitimo na medida em que reverter,financeiramente,para esta mesma força,que se dispõe a se movimentar e retonar financeiramente para quem investe.
Se esta força,de alguma forma, se movimentasse ,do mesmo jeito, no plano da educação e recebesse dos governos um retorno merecido,o problema nacional estaria solucionado.O Flamengo,como o povo,transcende,deste modo,o capital,comandando-o,não sucumbindo ao seu fetichismo.
Costuma-se dizer que se as torcidas fizessem o mesmo escarcéu quando um time perde,o fizessem nas escolas,o caminho estaria aberto para erguer o Brasil.Porque não agora?Porque não juntar este entusiasmo mui merecido com a responsabilidade?
Dois assuntos inter-relacionados quero tratar em outro artigo:apesar da exclusão do negro e do pobre nos estádios a vitória do Flamengo ressoa como uma doce vingança dos mesmos,ao virem à rua comemorar;os corifeus da esquerda e outros que tais menosprezam o futebol e o esporte como alienante,mas é na atividade livre dos povos que se obtém o material cultural da mudança.

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