Quantas vezes eu comparei o Brasil à Alemanha
nazista!Agora tudo parece se confirmar!Os brasileiros morrem aos
montes à nossa volta e nós não fazemos rigorosamente nada!
Hannah
Arendt se referiu a este conceito de “ banalização do mal”
quando analisou o jugamento de Eichmann em Jerusalém,em
1960,afirmando que os criminosos nazistas eram pessoas comuns,do
cotidiano ,revelando que o “ mal radica na humanidade”(Kant) e
que não adianta construir uma imagem monstruosa destes
transgressores de todos os tipos,porque eles se assemelham às
pessoas de bem.
Isto
causou um rebuliço na comunidade judaica,porque ficou parecendo que
Hanna Arendt comparava os judeus,israelenses,aos nazistas,mas não
foi isto:o que ela disse é o que Kant disse,que a luta pelo bem
começava na superação do indiferentismo diante do sofrimento e que
isto era uma busca interior,com consequencias coletivas.Acrescentando
a dialética poderiamos dizer que estas duas instâncias se
interpenetram.
O
que se vê hoje no Brasil é que nem chegamos à conclusão subjetiva
de que a superação do indiferentismo deve se dar.Nem chegamos a
isto.E não se vê nada na linha do horizonte.
O
que facilitou as coisas para o nazismo fazer o que fez foi a
aceitação tácita,a omissão média do povo alemão(não de todo
o povo alemão ) e os efeitos
desta pandemia expressam o mesmo problema em relação à média do
povo brasileiro(classe média,classe alta,classe operária[é bom
esclarecer antes que um radical venha aqui culpar uma classe
só]):indiferentismo.
Quanto mais a coisa piora a tendência de
indiferentismo cresce e se torna escárnio,que é um dos atributos do
sadismo moral.
Há o fenômeno também do escapismo:muitos saem para os
bares porque não aguentam mais.Contudo a compreensão de que seu
próximo pode morrer por sua causa ,justifica um sacrificio por parte
de um povo que cultua na sua maioria um deus-menino que sofreu na
cruz e cujo sofrimento devia inspirar esta mobilização frente aos
que falecem,depois de tormentos.
O
presidente cristaliza este descalabro,de há muito tempo, e adiciona
o cinismo à legião de demônios:provoca o povo para que o coloque
porta a fora,colocando um governo militar.Isto é,faz politica do
mais baixo nível,às custas dos cemitérios.
“ A História é assim mesmo” é um conceito que eu
ouvi a vida inteira como tendo sido criado pelo fascismo,mas que eu
ouvi também na esquerda,em diversas modalidades de
monstruosidades.Ninguém aprendeu a lição de Auschwitz,porque dizer
isto,banalizar estes cataclismos que a historia já devia ter parado
de apresentar,é considerar as câmaras de gás e os fornos como
coisas normais.Banais.
É
bom que o povo brasileiro tire disso uma lição que aumente o seu
grau de consciência politica:o politico que ele esperava ser o
defensor do seu pais(e não de Cuba),atua contra ele.Realmente é
dificil escolher entre tantos politicos com rabo preso e com um
passado duvidoso,mas entrever nas tonalidades do espectro politico
outras qualidades e necessidades para eleger um representante,por
mais que seja difcil fazer tendo que viver e trabalhar,é essencial
para evitar no futuro a ascenção de um fascista ou de um
totalitário de esquerda.Alguém do centro,com preocupações sociais
bem fundadas e com propostas derivativas,era e é melhor para o
Brasil.