terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

Ucrânia

                                                Ainda dizem que a guerra-fria acabou

Com estes problemas derivados da provável invasão russa na Ucrânia,fica claro que eu tenho razão em analisar tudo como continuidade da guerra-fria.
Algumas pessoas dizem que eu insisto nisto porque facilita para mim a explicação dos fatos internacionais por algo que eu vivi e que é parte da minha bagagem de estudioso e pesquisador e porque não,uma bagagem de vida.

Mas a Otan que está aí à frente desta iniciativa injusta de cercar a Rússia,não foi criada na guerra-fria?Os cartéis da guerra ainda não estão aí pressionando os governos,principalmente o dos Estados Unidos e da Rússia?Não há uma contraposição entre esquerda e direita no mundo todo?

É certo que não é a guerra-fria,mas o seu rebotalho,o que é pior ainda.

Tanto os cartéis da guerra continuam influenciando o governo americano,como são fundamentais para sustentação do governo de Putin.Putin é um sub-produto do fisiologismo agressivo e repressivo do socialismo real.No momento do caos subsequente ao fim da URSS,só mesmo um sistema de segurança aliado com as forças armadas podia assegurar um minimo de estabilidade para esta passagem.Yeltsin foi um fisiólogo civil,que veio na cauda do cometa.Já,no entanto,no periodo de Yeltsin,o crescimento das forças subterrâneas do antigo regime era visivel.

Hoje e dentro dos esquemas geopoliticos normais na relação entre as grandes potências do primeiro mundo,trata-se de cercar a Rússia para forçar a queda de Putin e favorecer os setores oposicionistas.

Às nações do Ocidente interessa a permanência dos compromissos econômicos.A Ucrânia é um país rico.Hitler considerava a Ucrânia como o espaço vital da Alemanha,quer dizer,a sua área de segurança econômica e politica.

Contudo se uma mudança na Rússia acontecer ,por pressão do Ocidente,isto favorece a este último.Os oposicionistas na URSS querem inclusive comissões da verdade para os crimes de Stalin,coemtidos em grande parte na Ucrânia.

Se um futuro governo na Rússia fizesse isto seria mais um golpe na esquerda e o ocidente sairia ainda mais fortalecido.

Mas dentro de uma perspectiva democrática,de uma geopolitica democrática,ainda que s e deplore Putin,ele tem razão em acusar de irresponsabilidade a Otan,ao acuar este país,porque é preciso pensar nas consequencias para o povo e para o futuro da Europa(e do mundo)se uma guerra eclode,com mortos e prisões:a primeira tentativa de Putin,há alguns anos atrás ,de tomar a Ucrânia,esbarrou numa divisão deste país ,que inviabilizou a conquista total da região.Mas um outro fator ,ligado a isto,impediu.

Havia um temor de que com o separatismo dos russos étnicos na Ucrânia outros locais na Europa desejariam independência ,como a Moldávia e a Bessarábia.

Aparentemente este problema foi solucionado d e antemão,mas só aparentemente.

Eu escrevo este artigo no calor dos acontecimentos:de ontem para hoje os russos étnicos se separaram e Putin os reconheceu.Como resposta as sanções já começaram,como o congelamento dos empréstimos à Rússia.Biden promete sanções inéditas e as negociações continuam.

Não é possível prever nada,mas tudo indica que a invasão vai s e fazendo enquanto os esforços da Rússia em obter o que quer,ou seja,que pare o cerco da Otan,não cessar.

Putin é forçado a fazer esta invasão,pela mesma razão que os czares e Stalin:num momento de fraqueza politica,de perigo de perda da base politica,a construção de uma grande Rússia,tomando as riquezas da Ucrânia,serve como recuperação da força.

Certamente os cartéis da guerra ,apoiadores de Putin desejam mais segurança,mais capital,mais força politica e empurram o Presidente russo,como os cartéis dos americanos pressionaram Biden.

Como isto não é guerra-fria?

Falta uma esquerda consequente para romper com esta fase histórica,mas ela ainda raciocina como s e estivesse lá na guerra-fria.Os fundamentos da esquerda continuam os mesmos que ela usava no passado e então nós vivemos em uma quadra extremamente ruim da história e da politica,num impasse terrível.



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