segunda-feira, 21 de agosto de 2023

Série Adão e Eva A traição

 

Nelson Rodrigues popularizou o drama da traição,que no Brasil tem um significado mais forte do que em outros povos.Em outro artigo eu fiz análise sobre o caráter central do problema ,que causou uma certa espécie em algumas pessoas.

Lá eu dizia que a vida sexual do brasileiro funciona como compensação à vacuidade da vida em geral,da vida cotidiana em geral.

Para aquele que não vence na vida ou  a tem vazia de propósitos ,ter uma amor é algo decisivo e quando alguém ou um dos participantes o tira, desaba todo um edificio psicológico ,o que causa as tragédias criminais que conhecemos.

No entanto,eu defendi lá ,como defendo agora,uma visão diferente  da pura aceitação da traição,como fato da vida.

Hoje em dia nesta volatilidade dos sentimentos em que vivemos,em que as relações se diluem facilmente e em que a mediação do corpo e do sexo predominam,o que proponho é uma volta ao  óbvio, que é os homens e as mulheres(e os outros)se relacionarem in totum ,corpo e mente e não só em partes.

O amor é um direito do ser humano.Muito embora o cristianismo tenha exagerado neste principio,tornando-o ,de outro lado,inquebrantável,é verdade que o ânimo verdadeiro de amor é a sua busca ,sem interrupções  e com desejo de permanência.

Aprendi esta ética com os principios da cavalaria,expostos na peça de teatro de Corneille,”EL CID”,em que os fundamentos éticos da atividade humana devem ser seguidos   e os exemplos apresentados na narrativa impõem aos personagens uma decisão incontrastável ,como acontece com o Rei Fernando,que amadurece durante a peça e toma,no final,a decisão de reconhecer Don Rodrigo e perdoá-lo(tardiamente porque o cavaleiro morre no final).

Certos exemplos na vida,como o de Cristo,arrastam as pessoas e devia ser assim,na vida e nela ,o amor.O amor e o sexo.

Todas as discussões sobre o aborto não teriam importância se o sexo (e o amor)fossem conscientes.

Isto não evitaria separações ,mas evitaria os espetáculos dramáticos de traição que vemos por aí e de que tratarei no próximo artigo.

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