Quem não conhece a história de
Jean Valjean,pobre,que tendo roubado um pão,foi condenado a vinte anos de
trabalhos forçados nas galés?História contada por Vitor Hugo,no romance
"Os Miseráveis".
Quanto progresso nós
fizemos hoje!!Se um pobre rouba um chinelo,ou um modess,há uma discussão sobre
a insignificância do ato e a pessoa pobre é liberada.Quase não há pobres nas
prisões!!
Ao contrário,quadros políticos
do porte de José Dirceu,são presos logo e sofrem as maiores privações.O
progresso foi tanto que eu penso que é preciso um movimento para igualar
estes quadros com a gente pobre!!!
O Ministro Celso de Mello,que
suscitou estas considerações acima,disse que os tribunais não podem decidir
pressionados pelas ruas.Há um erro nesta afirmação.Como todos os poderes da
República,os tribunais possuem uma parcela da soberania popular.Esta parcela
não é direta porque os juízes não são eleitos diretamente,mas a obrigação deles
é velar pelo estado de direito em favor do povo.O estado de direito não é
contra o povo,mas a favor,e não pode a técnica se sobrepor a este escopo.
Com base nesta última afirmação
há que se dizer que os embargos infringentes não são uma
tecnalidade.Explico:não é porque ele é cabível quando não há unanimidade numa
condenação que ele deve ser interposto,porque se fosse só isso ele não
seria preciso,bastando considerar um direito automático a revisão do
julgamento.
Os embargos não são uma
tecnalidade porque eles discutem o mérito da questão.Qual é o mérito?São as
provas e argumentos que fundamentam a condenação.
Ora ,depois de 9 anos e de
discussões intermináveis,votos imensos,não foi possível formar uma
convicção?Garantir ampla defesa aqui é cabível depois de tanto tempo?As
maiorias que decidiram não ficam desmoralizadas?Esta ampla defesa não é algo
vazio?Se é verdade que a rua não pode pressionar,não é também que os tribunais
têm que decidir sobre conteúdos e não formalmente,como se batesse pezinho diante
da soberania popular?
Já houve época em que eu achava
demagogia fazer uma contraposição entre o pobre que rouba um sapato e fica
quatro anos na prisão e um rico que leva anos para ser preso e depois tem
todos os benefícios,mas hoje é preciso reconhecer que a balança
está desequilibrada e que eu quero ter as mesmas chances destes quadros
políticos.
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