A situação em que o Supremo
Tribunal Federal se colocou é mais que elucidativa dos problemas que o
brasileiro encontra hoje,ainda mais depois das manifestações,que ,eu espero
,sejam uma característica do povo brasileiro para as próximas décadas.
A função decisiva do STF é
guardar o estado de direito.Tudo é política,mas o estado de direito é o estado
de direito,pois ele ordena a sociedade,os critérios pelos quais ela deve
agir,dentro dos preceitos democráticos.A democracia é uma prática,mas o direito
é uma obrigação,a qual deve ela também se submeter.
Isto posto,temos que entender
que as decisões do STF,em qualquer época ou lugar,não são políticas,mas
jurídicas,normativas ,e os ministros têm razão em não querer decidir segundo o
que as ruas querem.Isto,no entanto,é uma verdade relativa,porque o Judiciário
não é um órgão técnico somente,mas beneficiário de uma parcela da soberania
popular(ruas),cuja principal exigência é o de fazer justiça,ou pelo
menos,procurá-la com denodo.
Indiretamente,portanto ,a exigência
se tornou maior por causa das ruas.
Ora,diante destes paradigmas
porque o judiciário,que levou tanto tempo tempo(9 anos!)discutindo esta
situação toda do mensalão,vai ficar em dúvida quanto à sua decisão punitiva?Se
o Judiciário deve ser forte e positivo(não impositivo,mas positivo)nas suas
convicções,e teve tempo de sobra para formá-las,porque chegar agora a colocar
todo este trabalho prévio em suspeição,no mínimo?
O que avulta em clareza é que o
STF está usando uma tecnalidade,que já de si,põe em xeque o seu papel,para
esconder o seu medo,ou antes e juntamente com este medo,a sua necessidade de
atender aos requisitos da política,que permeia toda a atividade dos poderes da
república,inclusive do judiciário(de cima abaixo),ferindo aquele princípio de
responsabilidade supra-dito,de guardião do estado de direito.
Esta atitude,se confirmada pelo
voto de Minerva,colocará em frente ao povo,aquilo que ele já sabe no
cotidiano,no contato com o judiciário(se é que o povão tem este contato):que o
judiciário é político,que só favorece às elites(ao dinheiro)e que não assume a
sua responsabilidade constitucional.Ademais,se ficarm os juízes este tempo todo
estudando para descobrir que seu trabalho não vale,isto é um atestado de
incompetência,frouxidão e desrespeito profissional ao povo,que não chega ao
judiciário e quando chega não recebe aquela justiça,equidade, que a
soberania popular(ruas)merece e é de seu direito.
Se o voto de Minerva consagrar
estas verdades,inclusive a maior ,de que o STF não serve para nada,estaremos
mais uma vez contribuindo para os perigos permanentes à democracia,porque aí,se
não há o anteparo do direito,resta a vontade ,a vontade das ruas,que vai
encontrar um motivo para passar por cima das instituições e a única chance da
democracia é que as ruas tenham descortino para não só destruir,mas para
construir outra coisa.
Ministro Celso Mello,atenção!
Nenhum comentário:
Postar um comentário