Liberdade e
linguagem II
Não vou
entrar aqui na
questão do que
é a liberdade,isto é
assunto para depois.O
que eu quero
dizer é que,hoje,não existe liberdade
sem consagrar a afirmação do
sujeito pela linguagem,a
liberdade de expressão e depois
de Freud,a liberdade,no mínimo,só
existe havendo consciência,autoconsciência da
inadequação do sujeito
diante do mundo.
O grau
de consciência do sujeito
joga um papel na sua realização.Para mim a
dicotomia supradita entre
intocabilidade(sagrado)/violação é que
marca pelo menos
um inicio criteriológico válido
para analisar aquilo
que é manifestação
do pensamento e aquilo
que é dano.Dano é
violação,intocabilidade é
liberdade,enquanto valor subjetivo.Desde já
digo que não há
nesta dicotomia possibilidade
de qualquer troca do tipo
intocabilidade/violação=morte.Não
há justificativa de morte
em qualquer forma
de transgressão,por qualquer critério que
se tenha.Também é
outra discussão,para depois.
O que
discutimos agora é o
que é
liberdade(de expressão) e
atentado à liberdade.O
caso é que
ninguém pode estabelecer
para si ou para seu
contexto uma sacralidade sem critério.
Vejamos a
religião.Me ofende falar do sexo
de Nossa Senhora em termos
chulos,mas isto é atentado
à minha intocabilidade,à minha
intimidade?É uma violação?Por
que não?
Porque o
sagrado só pode ser
definido como escolha humana
baseada em sentimento humano,o
qual,por si,não tem
legitimidade para se
colocar como tal.Por um princípio
de justiça a crença na Imaculada
Conceição não é
mais sagrada do que
a minha
autoestima.Isto é escandaloso porque para o
crente trata-se de
Deus e ele é intocável,mas para quem não
é crente,Deus não é mais
do que a
autoestima.Da mesma forma
que não posso me
referir à vagina de Nossa
senhora ,posso exigir
que não falem
da minha barriga.
Mas uma barriga é um critério de autoestima tanto quanto a
virgindade?Claro que não mas vejamos:uma barriga não fere a autoestima,mas
tomar uma pessoa por sua genitalidade é violação.Então porque não considerar a
associação do profeta Maomé com o sexo insultuosa?Além do mais que a relação de
pureza do crente ajuda-o na sua autoestima e esta à sua saúde,porque não
considerar a sátira como dano?
Porque não é uma relação real.Pessoas que cometem estes atos
de violência a partir de dogmas se baseiam em sagrados sem fundamento,a não ser a
sua confiabilidade.É o senso de
missão,que deriva da
crença, o maior
impulsionador destas violências
terríveis.
Há que respeitar a
honestidade,da relação de si para
consigo mesmo,mas nunca
esta relação pode ser imposta.O crente
não pode alegar que
a sátira à
sua crença é ofensiva
porque a crítica se dá no nível humano dos valores.Eu,como crente,não tenho
o direito,de tornar os meus
valores intocáveis enquanto humanos.
Aqui no Ocidente
existem formas de dogma,que
no cotidiano são uma
forma de atentado à liberdade:90 % dos
casos de exorcismo escondem
incesto e pedofilia,crises
histéricas são “ resolvidas” por crucifixos e
água benta e deveriam
ser proibidos.
O fato é que
vivemos num mundo fundamentalista
e é preciso encontrar
formas cotidianas de acabar com
ele.
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