Desde
priscas eras o humor satírico sempre
foi muito ligado
ao poder e à política,porque a
sua natureza mais instigante e
corrosiva só se realizava
e realiza destruindo as mentiras e falácias
do poder.
Foi assim
desde Juvenal até o Hebdo,passando pelo
nosso “ boca do inferno”,Gregório de Mattos.
Quando a sátira
atinge os costumes ela se torna
muito individualista e corporativa,muito ligada ao
interesse particular do satirista.Eu,particularmente, não
gosto deste tipo de
humor.
Humor,para
mim,em todas as épocas,é aquele que
põe diante de todos
os homens(inclusive do humorista)a
sua finitude temporal e física.É o humor
que mostra a futilidade
de certas preocupações humanas.
Mais do
que isto,no confronto com o poder,esta
característica é mais importante do que a
coragem.
Nós
conhecemos dois exemplos de filmes que
tratam do problema do
riso na história.O filme “O nome
da Rosa”,baseado no livro de Umberto Eco, trata de uma suposta
segunda parte da “Poética” de Aristóteles,que trataria do
riso e que foi suprimida pela Igreja Católica dominante,que se sentia
atingida.
No filme
nós vemos revelado
o fato de que na história da ascensão
do cristianismo o riso
ocupou um lugar decisivo na
sua estratégia.Quem não se lembra da história do leão de Ândrocles?Ândrocles,um
escravo romano convertido, teria tirado
um espinho doloroso da pata de um leão
e este ,por isto,ficara amigo dele.Existe um filme também,com Jean Simmons e Victor
Mature,que narra estórias iguais a esta
na época das grandes perseguições.
Um outro
grande filme,sobre o qual já foi feito um documentário ,”O Grande Ditador”,
opõe o homem comum aos poderosos de
todos os tempos,representados por Hitler,o
mais letal de todos.
No caso
de Chaplin,não se vai
dizer que o seu humor depende da existência de um Ditador para prosperar.No
caso do cristianismo o humor se
apresenta diante de uma inevitabilidade e a sua função
é garantir,se possível,a sobrevivência(das idéias).
O humor
satírico do hebdo,como o do
Pasquim,como o do Casseta
e Planeta são legítimos,mas às vezes eles padecem de
uma pretensão que,não raro,atrapalha a função mais maravilhosa do humor,a que me referi.
O Pasquim fazia uma sátira extraordinária dos poderosos,mas às
vezes ,ele se colocava na mesma
posição deles.Derrapavam.Foi assim com
Simonal,chamado pelo jornal de dedo-duro(sem provas-se fosse hoje Simonal ganhava uns 100
mil reais de indenização).
A sátira
serve para chocar a sociedade no afã de
criar um escândalo que só favorece ao escandalizador.A linha entre o humor e o oportunismo se rompe freqüentemente .
Continuo a dizer que o humor é legítimo,se toca nos poderosos e se discute valores,mas é preciso
ter cuidado com o seu
significado multi-facético e com o fato
de o humorista se colocar
fora da crítica.
Vejam o exemplo de sátira de Chaplin a Hitler
Chaplin e Hitler
Vejam o exemplo de sátira de Chaplin a Hitler
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