As
repercussões da morte de Marielle continuam,dentro do desenho que eu penso ser
o de toda esta situação desassisada em que nos encontramos.Ainda se fala em
chegar ao “ fundo do poço”,como se já não estivéssemos.
Não
foram apresentadas provas até agora da vinculação de Marielle com
criminosos,conforme a afirmação da desembargadora,cujo nome eu não vou citar
aqui.
Tal
afirmação,em público,implica em responsabilidades,mas eu penso que este tipo de
atitude é consentânea com os expedientes clássicos de provocação.As pessoas me
acusam de fazer terrorismo e de apostar no caos,mas eu já vi este filme,tenho
falado destes problemas desde o segundo governo Lula e prefiro sempre prevenir
do que ser surpreendido.
Eu
sou como Churchill,que ficou anos avisando aos ingleses do perigo de Hitler e
sendo acusado de fomentar a guerra.Só depois reconheceram a justeza da sua “
pregação no deserto”.Eu não prego no deserto,porque sei que outras pessoas
comungam deste meu ponto de vista e estão preocupadas.
Só
há motivo de preocupação.Digo e repito:isto tudo é uma conjuntura de confrontação
,patrocinadas por setores da direita,que se aproveitam dos erros da
esquerda,para prosperar.
Como
eu disse no artigo anterior eu concordo plenamente com os diagnósticos e
críticas do PSOL,inclusive e decisivamente,no que tange ao judiciário brasileiro
e fluminense ,que excluem ,há anos,reiteradamente ,o povo brasileiro.
Já
me referi ao fato de que o Judiciário é o pior poder,porque escondido.Muita
gente critica a polícia justamente,mas o policial morre freqüentemente.Os
juízes são excessivamente privilegiados,intocáveis,
e todos os que militam,como eu,no judiciário,tendo consciência social,sabem as
razões do porquê tal acontece.
Mas
a estratégia do PSOL não deve ser a de confronto,porque é isto o que os setores
conservadores querem.Repito que foi um erro se colocar contra a intervenção,como
é um erro o discurso genérico e idealista de considerar a política de segurança
como totalitária.
É
lógico que os mais pobres são os mais atingidos pela violência policial e
judiciária,mas outras frações de classe(Gramsci[o PSOL se baseia muito nele])sofrem
também.
Este
era o momento de a esquerda reconstruir um projeto nacional,que é a única coisa
que vai impedir a direita de tomar o poder:como sempre ,a ameaça de divisão da nação,se calar fundo na
mente da sociedade,vai justificar o golpe.Ninguém sabe isto,se o exército está
dividido ou ganho para uma posição anti ou a favor do golpe.Mas que há facções
dentro dele articulando,isto ninguém pode negar.Estas facções que já mostraram
a cara,o fizeram para esperar os ecos deste discurso no plano político.
Temer
,ao dizer ,junto com o General Braga Neto,que a democracia sofreu um atentado”,lançou
uma ambigüidade:como ela deve ser defendida:Por ela mesma e seus institutos
ou,por um deles só,o exército?
E
a fala desta desembargadora indica aquilo que era ,para mim,só uma hipótese:a
de que o judiciário,ou parte dele,tenta se articular com o golpismo,o que seria
uma “ novidade” em relação a 64.
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