sábado, 17 de março de 2018

A provocação da desembargadora


As repercussões da morte de Marielle continuam,dentro do desenho que eu penso ser o de toda esta situação desassisada em que nos encontramos.Ainda se fala em chegar ao “ fundo do poço”,como se já não estivéssemos.
Não foram apresentadas provas até agora da vinculação de Marielle com criminosos,conforme a afirmação da desembargadora,cujo nome eu não vou citar aqui.
Tal afirmação,em público,implica em responsabilidades,mas eu penso que este tipo de atitude é consentânea com os expedientes clássicos de provocação.As pessoas me acusam de fazer terrorismo e de apostar no caos,mas eu já vi este filme,tenho falado destes problemas desde o segundo governo Lula e prefiro sempre prevenir do que ser surpreendido.
Eu sou como Churchill,que ficou anos avisando aos ingleses do perigo de Hitler e sendo acusado de fomentar a guerra.Só depois reconheceram a justeza da sua “ pregação no deserto”.Eu não prego no deserto,porque sei que outras pessoas comungam deste meu ponto de vista e estão preocupadas.
Só há motivo de preocupação.Digo e repito:isto tudo é uma conjuntura de confrontação ,patrocinadas por setores da direita,que se aproveitam dos erros da esquerda,para prosperar.
Como eu disse no artigo anterior eu concordo plenamente com os diagnósticos e críticas do PSOL,inclusive e decisivamente,no que tange ao judiciário brasileiro e fluminense ,que excluem ,há anos,reiteradamente ,o povo brasileiro.
Já me referi ao fato de que o Judiciário é o pior poder,porque escondido.Muita gente critica a polícia justamente,mas o policial morre freqüentemente.Os juízes são  excessivamente privilegiados,intocáveis, e todos os que militam,como eu,no judiciário,tendo consciência social,sabem as razões do porquê tal acontece.
Mas a estratégia do PSOL não deve ser a de confronto,porque é isto o que os setores conservadores querem.Repito que foi um erro se colocar contra a intervenção,como é um erro o discurso genérico e idealista de considerar a política de segurança como totalitária.
É lógico que os mais pobres são os mais atingidos pela violência policial e judiciária,mas outras frações de classe(Gramsci[o PSOL se baseia muito nele])sofrem também.
Este era o momento de a esquerda reconstruir um projeto nacional,que é a única coisa que vai impedir a direita de tomar o poder:como sempre ,a  ameaça de divisão da nação,se calar fundo na mente da sociedade,vai justificar o golpe.Ninguém sabe isto,se o exército está dividido ou ganho para uma posição anti ou a favor do golpe.Mas que há facções dentro dele articulando,isto ninguém pode negar.Estas facções que já mostraram a cara,o fizeram para esperar os ecos deste discurso no plano político.
Temer ,ao dizer ,junto com o General Braga Neto,que a democracia sofreu um atentado”,lançou uma ambigüidade:como ela deve ser defendida:Por ela mesma e seus institutos ou,por um deles só,o exército?
E a fala desta desembargadora indica aquilo que era ,para mim,só uma hipótese:a de que o judiciário,ou parte dele,tenta se articular com o golpismo,o que seria uma “ novidade” em relação a 64.

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