Devo
explicar melhor porque eu entendo não ser justo um conceito divisivo ,de classe
,para resolver a crise brasileira.Eu já esclareci isto aí em artigos reunidos nos meus livros ,mas não custa nada
ir mais fundo.
A visão
de Marx está ultrapassada.As classes têm interesses antagônicos,mas elas,como me
disse o meu professor de sociologia na UFRJ,Maciel,” não existem por si”,sozinhas.A
dialética das classes se dá não só pela ruptura,mas também pela “ relação”,que
,às vezes,é colaboração.E eu disse que preferia esta “ relação” porque os
resultados são mais eficientes e mais duradouros,sem falar na sua condução pacífica.As soluções de conflito
são incompletas e deixam rastros de ressentimento,que atrapalham o futuro.Por
isto sou reformista e defendo a classe a que eu pertenço,a classe média.
Isto não
quer dizer que a classe média não cometa erros ou violências ou não seja
indiferente ao sofrimento dos pobres.Mas eu não aponto,mais,como caminho de
superação disto a pura e simples modificação do sistema capitalista,que se
espalhou pelo mundo,mas reputo ser essencial considerar a relação de
classes,nas nações.A relação de classes se dá nas nações e é aí o novo centro
de luta.A vitória de Trump e a reação atual do Partido Democrata é o farol de
atuação das esquerdas,inclusive as nossas(embora eu ache que elas vão demorar
em aceitar estes novos paradigmas[como sempre]).
As
classes não são sozinhas e o melhor é considerar isto como a mediação de
mudança.Eu não estou dizendo que a burguesia é eterna,que está tudo bem,não é
isto.Estou dizendo que esta é a forma melhor e possível de mudar.
A classe
operária,tida pelos comunistas como a classe produtiva e mais importante de
todas,apoiou ,no Brasil,o governo Médici.Não tem sentido ,agora,diabolizar a
classe média.A esquerda deve lutar para mudar a sua consciência,não usá-la,como
está fazendo,oportunìsticamente,para
ganhar dividendos político-eleitorais,dentro de sua perspectiva política de
rés-do-chão.
A igreja
tem razão em seguir a prioridade dos pobres,desde de 1979 ,e esta constatação é
mais que evidente:existem pessoas que estão mais necessitadas de ajuda do que grande
parte da classe média,mas não é verdade que esta ultima esteja em área de
conforto ou que esteja por cima da crise de emprego causada por Dilma.E muito
menos que esteja livre de tomar um tiro,uma bala perdida.
Colocar
,como faz o PSOL,esta velha contraposição de que os pobres são oprimidos e os
outros não, fere não só as pressuposições supracitadas,mas a verdade, e cria
uma desnecessária divisão,que só favorece aos inimigos do povo.
Glauber
Rocha tinha razão em afirmar que o
Brasil dividido era mais facilmente
dominável pelo imperialismo,e isto é verdade.O PSOL comete o mesmo erro dos
radicais do passado e ajuda o golpe.Freixo,Jean Willis estão no passado.
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