domingo, 18 de março de 2018

O que está por trás de Oprah


As notícias que chegam do Partido Democrata estadunidense dão conta de que há uma reformulação dos seus critérios programáticos .Não está totalmente confirmado,mas a vitória de Trump e seu significado estão provocando uma auto-crítica exata e a ser seguida pelo mundo todo:que o espaço nacional,com as pessoas comuns ,deve ser conquistado pelo esquerda.
O internacionalismo é,como eu já afirmei,inevitável,mas tem que ser articulado com o problema nacional.Compreender o capitalismo,não é compreender a nação.Uma vez eu ouvi esta frase no movimento estudantil:” O capitalismo não tem pátria” e agora eu reformulo:”mas ele não se manifesta de uma forma só”.
No final de década de 60 Caio Prado Júnior anunciou,indiretamente,esta preocupação,que o internacionalismo comunista não desenvolvia.
O fato é que as formas políticas nacionais,tidas pelos comunistas como meios de garantir e reproduzir a exploração capitalista,fundamentam aquilo que eu chamo de elitismo vermelho .O comunista médio entende que o que fundamenta a sua ação não é a decisão soberana do povo,enganado pela “ democracia burguesa”,mas a teoria,que desvela esta exploração.
Na célebre entrevista que Sobral Pinto concedeu no Pasquim,ele contou o primeiro encontro que teve na cadeia com Luiz Carlos Prestes:”Quando encontrei Prestes ele me disse  que iria fazer uma denúncia à opinião pública mundial,que me suscitou o pensamento de que comunista não aceita opinião estadual ou municipal,mas internacional”.
Comunista não pede voto,não pergunta à soberania popular,mas impõe a “ verdade” da teoria(um contra-senso[porque toda teoria só e provada se a soberania popular a aceita]).
José Dirceu era acusado de não receber ninguém,principalmente candidatos populares,dignos ou patéticos, e eu acredito piamente nisto, a partir das constatações que exponho aqui,após uma vida em contato com esta realidade.
O programa do partido democrata e o seu internacionalismo(características comuns ,na média(na média)das esquerdas, consagrava este elitismo ,porque o internacionalismo,herdeiro da comunidade universal de Kant,posto assim formalmente ,acaba por passar por cima das especificidades nacionais,impedindo a solução dos problemas.
Todo o mundo é axiològicamente favorável ao movimento LGBT,à proteção dos pobres,à luta contras as armas, o buylling,à luta contra as drogas(será?) ,mas toda a axiologia implica numa hierarquia de valores e o que é ainda prioritário é a “ questão social”,em que está o cotidiano e o homem comum.
Por isso Oprah,que representa uma tribuna famosa destas pessoas  comuns,apresentou sua candidatura,dentro de um processo de assunção de possibilidades futuras e de encaminhamento de um novo programa.Este encaminhamento é o certo e toda a esquerda   responsável(inclusive,claro,no Brasil)deve segui-lo.Não há mais internacionalismo sem articulação(dialética)com o nacional(sem nacionalismo).

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