Tenho
que retornar sempre a alguns temas que eu apresento nos meus posts porque não
sou, frequentemente ,compreendido. A questão internacional/nacional é um destes
temas que sempre causam espécie e incompreensões.
Quando
eu me referi a isto tinha como base as concepções marxistas,com as quais estava
rompendo e rompo definitivamente hoje.Mas certamente recolocando da maneira
certa a dialética,como produto cultural da consciência,uma coisa não excluía outra,um
lado “ depende” de outro.
Mas
o marxismo,num assomo de ataque à dialética,sempre privilegiou a comunidade
internacional,pelos motivos que eu apresentei ao mostrar trechos da “ Ideologia
Alemã”(Vol.I de “ A Ponte”).Com mais pesquisa e estudos feitos,hoje eu penso
que a perspectiva de Marx e Engels era profundamente européia .Nos dias atuais,ressalto
novamente,temos uma comunidade universal
de mais de 150 países,querendo participar.
A
idéia comunista de Marx era endereçada a esta comunidade,mas a mediação de sua realização
era só o trabalho e isto só não adianta.A cultura, o aprendizado,os valores,
estão na mediação nacional,na luta e interação de classes e isto o marxismo
ortodoxo ignorou solenemente.Então,uma visão de esquerda,qualquer que seja
ela,não só marxista,tem que levá-la em consideração.É preciso ver que todas a
as outras correntes da esquerda,ou,pelo menos, a maioria,encara estas
afirmações do marxismo como ciência,fundando uma autoridade incontestável,repressiva
e agressiva.
A
concepção dialética pressupõe um equilíbrio entre estes dois “ termos”,mas há
uma hierarquia,uma preeminência,que é a nação,onde estão os sujeitos sociais determinados
capazes de fazer a “mudança”.Ao falar no trabalhador,na força-de-trabalho,o
marxismo “despersonaliza” este sujeito,objetaliza-o de uma forma semelhante ao
que o capital faz com o próprio.Acaba sendo uma disputa esquerda/direita para
quem quer vender” o seu modelo à custa
do sofrido homem real.
Ainda
que Marx defenda o “ concreto de pensamento”,procurando achar a “pessoa
concreta” e chegar à coisa própria na sua singularidade,ele só fala no trabalho
e o ser humano, o sujeito, é mais amplo.
Por
causa disto,a consideração inicial e obrigatória de uma nova atitude de
mudança(revolucionária no sentido amplo),é a nação.Os esquemas
internacionalistas,derivados da comunidade universal dos direitos humanos,só
são válidos se levarem em conta os elementos constituidores da vida nacional
cotidiana,que diferenciam os povos.
Se
esta diferenciação tivesse sido incorporada, a transplantação violenta de
modelos não teria ocasionado tantos sofrimentos e injustiças que enlameiam,também,o
socialismo.
Além
do mais os internacionalismos carreiam sentimentos pessoais privados e íntimos
de rebeldia que só atrapalham o conhecimento da realidade,postura essencial
para um militante de esquerda (moderno)atuar.Não é que se deva esquecer o
sofrimento humano,é que a sua constatação não é suficiente para ajudar o
movimento.O sofrimento de Cristo(e dos
outros)impõe reflexões e conhecimento.
A
comunidade internacional de direitos humanos tem o direito de acusar as suas violações,no intuito sempre
importante de se criar uma comunidade internacional de direitos,um sonho
acalentado,por exemplo,pela disciplina jurídica do Direito Internacional
Público.Contudo as diferenças nacionais e culturais têm o direito de continuar.
Para
criticar uma realidade específica é preciso ter legitimidade(ser cidadão deste
lugar)e conhecimento.Não aprovo as
manifestações de pessoas de fora,como Ângela Davis,em apoio ao PT face a estes
critérios.
O
desespero criado pelas barreiras que as instituições nacionais apresentam leva
muita gente por este caminho,assim como muito miserável e injustiçado no Brasil
a apoiar a bagunça da Venezuela ,apesar das provas inequívocas de seu desastre
e autoritarismo (de esquerda),mas a solução se dá pelas mediações nacionais da
cidadania ,pelo reconhecimento dos verdadeiros e reais problemas do lugar.
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