sábado, 7 de julho de 2018

Mais esclarecimentos sobre a relação nacional/internacional

Tenho que retornar sempre a alguns temas que eu apresento nos meus posts porque não sou, frequentemente ,compreendido. A questão internacional/nacional é um destes temas que sempre causam espécie e incompreensões.
Quando eu me referi a isto tinha como base as concepções marxistas,com as quais estava rompendo e rompo definitivamente hoje.Mas certamente recolocando da maneira certa a dialética,como produto cultural da consciência,uma coisa não excluía outra,um lado “ depende” de outro.
Mas o marxismo,num assomo de ataque à dialética,sempre privilegiou a comunidade internacional,pelos motivos que eu apresentei ao mostrar trechos da “ Ideologia Alemã”(Vol.I de “ A Ponte”).Com mais pesquisa e estudos feitos,hoje eu penso que a perspectiva de Marx e Engels era profundamente européia .Nos dias atuais,ressalto novamente,temos uma comunidade  universal de mais de 150 países,querendo participar.
A idéia comunista de Marx era endereçada a esta comunidade,mas a mediação de sua realização era só o trabalho e isto só não adianta.A cultura, o aprendizado,os valores, estão na mediação nacional,na luta e interação de classes e isto o marxismo ortodoxo ignorou solenemente.Então,uma visão de esquerda,qualquer que seja ela,não só marxista,tem que levá-la em consideração.É preciso ver que todas a as outras correntes da esquerda,ou,pelo menos, a maioria,encara estas afirmações do marxismo como ciência,fundando uma autoridade incontestável,repressiva e agressiva.
A concepção dialética pressupõe um equilíbrio entre estes dois “ termos”,mas há uma hierarquia,uma preeminência,que é a nação,onde estão os sujeitos sociais determinados capazes de fazer a “mudança”.Ao falar no trabalhador,na força-de-trabalho,o marxismo “despersonaliza” este sujeito,objetaliza-o de uma forma semelhante ao que o capital faz com o próprio.Acaba sendo uma disputa esquerda/direita para quem quer  vender” o seu modelo à custa do sofrido homem real.
Ainda que Marx defenda o “ concreto de pensamento”,procurando achar a “pessoa concreta” e chegar à coisa própria na sua singularidade,ele só fala no trabalho e o ser humano, o sujeito, é mais amplo.
Por causa disto,a consideração inicial e obrigatória de uma nova atitude de mudança(revolucionária no sentido amplo),é a nação.Os esquemas internacionalistas,derivados da comunidade universal dos direitos humanos,só são válidos se levarem em conta os elementos constituidores da vida nacional cotidiana,que diferenciam os povos.
Se esta diferenciação tivesse sido incorporada, a transplantação violenta de modelos não teria ocasionado tantos sofrimentos e injustiças que enlameiam,também,o socialismo.
Além do mais os internacionalismos carreiam sentimentos pessoais privados e íntimos de rebeldia que só atrapalham o conhecimento da realidade,postura essencial para um militante de esquerda (moderno)atuar.Não é que se deva esquecer o sofrimento humano,é que a sua constatação não é suficiente para ajudar o movimento.O sofrimento de Cristo(e  dos outros)impõe reflexões e conhecimento.
A comunidade internacional de direitos humanos tem o direito de  acusar as suas violações,no intuito sempre importante de se criar uma comunidade internacional de direitos,um sonho acalentado,por exemplo,pela disciplina jurídica do Direito Internacional Público.Contudo as diferenças nacionais e culturais têm o direito de continuar.
Para criticar uma realidade específica é preciso ter legitimidade(ser cidadão deste lugar)e  conhecimento.Não aprovo as manifestações de pessoas de fora,como Ângela Davis,em apoio ao PT face a estes critérios.
O desespero criado pelas barreiras que as instituições nacionais apresentam leva muita gente por este caminho,assim como muito miserável e injustiçado no Brasil a apoiar a bagunça da Venezuela ,apesar das provas inequívocas de seu desastre e autoritarismo (de esquerda),mas a solução se dá pelas mediações nacionais da cidadania ,pelo reconhecimento dos verdadeiros e reais problemas do lugar.

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