Com
base nas reflexões anteriores digo que a postura de uma esquerda realmente é
articular estes dois lados do problema,a nação e a comunidade internacional.A
partir de Kant aquilo que era evidente desde sempre prosperou:que havia,pelo
menos,uma comunidade humana possível de se construir.Como dizem Foucault e
Milton Santos esta construção tem idas e vindas e vivemos,hoje,um período de
extremo recuo.
De
qualquer forma este é um critério permanente,necessário sempre.A incorporação
da nação não implica no abandono da mediação internacional,mas se existe uma
possibilidade de mudança real local a mediação internacional não pode ocupar um
papel paralisador e ocupará se tiver preeminência,como acontece diuturnamente
na esquerda radical.
As
soluções radicais de esquerda querem impor a comunidade universal às nações,
mas isto é ditadura do mesmo jeito.Qualquer revolução de caráter nacional,de
direita ou de esquerda é ditadura,porque as idéias universais e universalistas
não levam em consideração as particularidades locais.Por natureza própria elas
acabam sendo impositivas.
No
âmbito internacional cada homem,cada mulher,cada pessoa tem o direito de
questionar os erros e crimes dos governos,mas ninguém o tem quanto a questões
locais.A busca de legitimação no Papa,na Venezuela e na esquerda americana , o
desespero justifica,mas não há razão para fazê-lo por interesses pessoais
comuns,como ocorreu com a intervenção de Ângela Davis no caso Lula há alguns
meses.
Então,manter
o equilíbrio entre estes dois lados,preservando a hierarquia em favor da
localidade ,da nação, é uma base de renovação da esquerda em geral,que submete
a esta hierarquia ,inclusive,a dialética,não tratando mais como termos iguais o
nacional e o internacional,mas os equilibrando.E só se equilibram coisas
distintas,coisas iguais se misturam.
Neste
contexto,no plano internacional,mais importante do que apoiar Lula, a esquerda
brasileira e a internacional,precisam defender a comunidade européia,porque se
ela der certo( e não está,por influência cada vez mais crescente da Alemanha[e
da Rússia])a integração acontecerá no mundo todo,estreitando ainda mais os
países no caminho da ajuda mútua,que,mesmo no capitalismo,diminui os
problemas,diminui o sofrimento do homem do povo,cria uma solidariedade que será
útil na Utopia(sendo ela própria ,um pouco,já, a Utopia).
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