sexta-feira, 29 de maio de 2020

À propósito de Anita Leocádia Prestes II

Mas outras considerações  esta entrevista de terça-feira  me suscita.Desde  o final do primeiro governo Lula,com as denúncias de corrupção enfeixadas no processo do mensalão,que aquilo que já vinha acontecendo no Brasil,com a aceitação das regras do jogo politico brasileiro por parte do PT e denunciadas por César Benjamin(entre outros),se tornou ainda mais claro:a acefalia politica no Brasil.
Agora o que temos diante dos olhos é um misto de necrose ,distorção e perversidade,com o governo atuando diretamente para acabar com aqueles que o elegeram.Uma das  modalidades do estado totalitário de direita(mas que é comum nos de esquerda também)é este exterminio do povo,que a pandemia viabilizou e que o jumento presidente utiliza.
Mas o que eu queria me reportar na citada entrevista era um detalhe dela que me chamou muito  a atenção e que me relembra o elemento decisivo da atividade trans-histórica da esquerda:emancipar o oprimido,a razão emancipatória de Jurgen Habermas.
Há muitos anos fiz um artigo,elogiando as iniciativas do deputado Paulo Paim,do PT, e até recebi um email de agradecimento.O Estatuto do Idoso é exemplar e humanitário.Mas eu dizia que faltava algo mais para ser efetivado,num país em que a lei não pega.Num país em que a lei não pega,só quem usufrui do reconhecimento de fazer uma lei humanitária é o seu autor,não o destinatário.
Uma das características do socialismo(semelhantemente a governos teocráticos)é poder constituir um equipamento capaz de percorrer a sociedade como um todo(como se não fosse um regime totalitário)e resolver problemas práticos cotidianos do povo(por isso muita gente vive bem nos regimes totalitários e os defende).
Nos regimes democráticos há sempre o medo(fundado) de que uma iniciativa deste tipo acabe gerando um regime assim.Muitas considerações podem  e devem ser feitas a respeito dela e eu farei em outros artigos,mas não tem jeito:há que encontrar uma mediação democrática apta a ajudar o povo a usufruir de leis que lhe são mais do que úteis,porque o povo brasileiro não é uma instância ideal como muito populista no passado e no presente achou e acha:o povo brasileiro não tem acesso à escola,pois trabalha para sobreviver muito cedo;o povo tem desconfiança da cultura que não o reconhece;e o povo brasileiro não tem meios,inclusive financeiros,de implementar um direito que lhe é próprio.
Mas esta mediação é essencial no processo de superação do vanguardismo assistencialista da esquerda em geral em direção à razão emancipatória.

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